O Bradesco, segundo maior banco privado do país, não vai oferecer empréstimo consignado aos beneficiários do Auxílio Brasil. O presidente da instituição, Octavio de Lazari Junior, afirmou que, como se trata de uma operação de juros elevados (sem teto estabelecido) e o benefício oferecido pelo governo tem data para terminar (dezembro deste ano), ou seja, é temporário, o Bradesco decidiu não operar nesse segmento.

“Não se trata de uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício a pessoas que estão em dificuldades. Portanto, o Bradesco não vai operar nessa carteira. Estamos falando de pessoas vulneráveis. Em vez de ser uma boa operação para o banco e para o cliente, entendemos que a pessoa terá mais dificuldade quando o benefício cessar”, disse Lazari, durante apresentação dos resultados do Bradesco no segundo trimestre.

Como o GLOBO mostrou esta semana, o crédito consignado com Auxílio Brasil não vai prever teto para juros. A modalidade, na qual o beneficiário tem a prestação do financiamento descontada diretamente do valor do benefício, poderá comprometer até 40% da renda. A medida foi duramente criticada por especialistas em políticas sociais.

Entre os demais bancos, o Itaú informou que não oferece o consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e não tem perspectiva de vir a oferecer. O Santander também não oferece crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e o Nubank disse que não tem empréstimo consignado.

O Bradesco apresentou lucro líquido de R$ 7,04 bilhões no último trimestre, um crescimento de 3,2% em relação ao trimestre anterior e de 11,4% na comparação com o mesmo período de 2021.

Nos últimos três meses, o Bradesco registrou um aumento de inadimplência de 0,3 pontos percentuais, acima de 90 dias, especialmente entre as micro e pequenas empresas e pessoas físicas. O banco informou que realizou ajustes em seus modelos de crédito, o que na prática, significa que a concessão de empréstimos ficou mais rígida.

“Ninguém consegue prever onde vai chegar o índice de inadimplência. Este é um momento de maior dificuldade (com juros altos, inflação). Tivemos que ajustar nossos modelos de crédito. A Selic (taxa básica de juros) não é mais 2%, mas quase 14%. Esse ajuste, exclui pessoas que poderiam ter crédito”, disse Lazari.

Analistas da Ativa Investimentos avaliaram que a inadimplência no Bradesco ficou um pouco acima das expectativas nos últimos três meses. O aumento das provisões, no período, acabou sendo 2,9% maior do que os analistas esperavam, o que é “extremamente relevante para os resultados futuros do banco”.

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 07.12.2018 - Retrato de Octavio de Lazari Junior, presidente da Bradesco Seguros, em São Paulo (SP). (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress) Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

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