A pesquisa Ipespe/Abrapel divulgada neste sábado (1o) indica possibilidade de a eleição ser resolvida apenas em segundo turno no Brasil.
Nela, Lula (PT) aparece com 49% dos votos válidos, contra 35% de Jair Bolsonaro (PL), 8% de Ciro Gomes (PDT) e 7% de Simone Tebet (MDB).
Para vencer no primeiro turno, o petista precisaria ter nas urnas 50% mais um dos votos válidos.
O desafio é enorme, já que a abstenção é sempre mais alta entre eleitores de baixa renda, universo em que Lula tem mais votos.
A pesquisa, registrada no TSE com o número BR-05007/2022, ouviu 1.100 pessoas no dia 30 de setembro, por telefone. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos. O índice de confiança é de 95%.
A sondagem eleitoral mostrou um quadro de estabilidade: Lula obteve 46% dos votos (mesmo percentual da semana passada em pesquisa do mesmo instituto); Bolsonaro ficou com 33%, oscilando dois pontos para baixo (tinha 35% na pesquisa anterior).
Ciro teve 7% (contra 6% da pesquisa anterior), e Simone Tebet obteve 6% (tinha 4% na pesquisa passada, oscilando agora dois pontos para cima).
O quadro também se manteve estável no segundo turno, com, com Lula vencendo Bolsonaro por 55% a 38%.
Lula oscilou um ponto para cima (tinha 54% na pesquisa anterior, divulgada na semana passada), e Bolsonaro manteve percentual idêntico.
Considerado apenas os votos válidos, Lula tem 59%, contra 41% de Bolsonaro.
O cientista político Antônio Lavareda, que preside o Ipespe, afirma que, com esse resultado, não é possível afirmar se haverá ou não segundo turno, já que pesquisas não podem ser entendidas como prognóstico.
"Sempre insisto nesse tópico. Pesquisas fazem fotografias de momentos, medem atitudes, opiniões, mostram tendências, mas não medem comportamento (só as de boca de urna conseguem fazê-lo) e portanto não são prognósticos. Por quê? Porque sistemas pluripartidários, gerando diversas candidaturas como o nosso, abrem espaço para o voto estratégico (voto útil) inclusive no último minuto", diz ele.
O cientista político afirma ainda que o movimento de voto útil "pode ocorrer até amanhã, incentivado pelas pesquisas publicadas hoje.
Além disso, a obrigatoriedade do voto, gerando a ocultação de parte expressiva desse comportamento nas entrevistas, torna impossível retratar a abstenção, que não se verifica homogeneamente nos grupos sociais e, por conseguinte, afeta de forma diferenciada os candidatos.
Desse modo, quanto maior for a abstenção, mais afetará negativamente a votação do ex-presidente, beneficiando Bolsonaro.
Que fatores poderão ajudar Lula? Dois principais: O primeiro deles, como foi dito, seria uma abstenção reduzida; o segundo, o efeito eventual de uma espécie de "pressão social" pelo voto útil, objetivando que a campanha se encerre nesse primeiro turno. Cresceu e chegou a 75% a preferência para que a eleição termine amanhã. Esse sentimento alcança 54% dos eleitores de Ciro e 63% dos de Tebet".
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