A três dias das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançará nesta quinta-feira (27) um documento em que promete combinar responsabilidade fiscal e social, caso eleito.
"A política fiscal responsável deve seguir regras claras e realistas, com compromissos plurianuais, compatíveis com o enfrentamento da emergência social que vivemos e com a necessidade de reativar o investimento público e privado para arrancar o país da estagnação", diz o texto. "Temos consciência da nossa responsabilidade."
No texto, chamado de "Carta para o Brasil do Amanhã", o ex-presidente elenca 13 pontos prioritários. O documento sintetiza promessas anunciadas ao longo da campanha, na tentativa de amenizar temores no mercado.
Na carta, Lula promete retomada de obras e investimento em infraestrutura.
"Vamos investir em serviços públicos e sociais, em infraestrutura econômica e em recursos naturais estratégicos. Os bancos públicos, especialmente o BNDES, e empresas indutoras do crescimento e inovação tecnológica, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo", diz.
"Ao mesmo tempo, vamos impulsionar o cooperativismo e a economia solidária e popular. A roda da economia vai voltar a girar e o povo vai voltar e ser incluído no Orçamento", completa.
Segundo a carta, "as primeiras medidas de nosso governo serão para resgatar da fome 33 milhões de pessoas e resgatar da pobreza mais de 100 milhões de brasileiros".
O petista vinha sendo pressionado para que detalhasse sua agenda e mesmo antecipasse os possíveis integrantes da equipe econômica de um eventual novo governo seu.
A expectativa de que a política econômica pode ser mais próxima à do primeiro mandato de Lula (2003-2006) aumentou neste segundo turno, com a participação de nomes, como o ex-presidente do Banco Central de Lula, Henrique Meirelles, em eventos ligados a Lula.
Outros sinais recentes para tranquilizar mercado e investidores vieram da aproximação de economistas ligados ao governo de Fernando Henrique Cardoso e à formulação do plano Real, como Pérsio Arida e André Lara Resende, declararam voto em Lula. O economista Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central de FHC, também declarou apoio a ele.
Com isso e também para se contrapor à política econômica do atual governo, a campanha petista passou a reforçar em sua propaganda eleitoral na TV e no rádio e nas entrevistas concedidas por Lula temas como a nova faixa de isenção do Imposto de Renda até R$ 5.000 e a retomada da política de reajuste do salário mínimo, pontos também reforçados agora.
Outro ponto importante que vinha sendo discutido entre a equipe de Lula e representantes de centrais sindicais era a reforma trabalhista. Antes do início da campanha, os petistas já haviam sinalizado que o texto aprovado ainda no governo Michel Temer não seria revogado, porém revisto.
"Enfrentaremos o desemprego e a precarização do mundo do trabalho, com um amplo debate tripartite (governo, empresários e trabalhadores), para construir uma Nova Legislação Trabalhista que assegure direitos mínimos –tanto trabalhistas como previdenciários", diz a carta atual.
Considerado um dos principais elos da campanha com o setor produtivo, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice na chapa, usou nesta semana sua conta no Twitter para responder às acusações de que a candidatura ainda não teria deixado claro seu programa econômico.
"Lula apresentou o programa econômico de forma muito clara. Vou contar aqui o que nós vamos fazer para o Brasil voltar ao caminho do crescimento e da prosperidade. O primeiro ponto é responsabilidade fiscal, que é inegociável", rebateu o candidato à vice, ao falar na necessidade de reforma tributária, com a criação de um imposto único (IVA), expansão de acordos internacionais para aumentar investimentos, entre outros pontos.
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