O índice de preços dos metais preciosos do Banco Mundial caiu 9% no terceiro trimestre de 2022, puxado pelo fraco investimento e baixa demanda física, em razão do fortalecimento do dólar e taxas de juros mais altas. Estes fatores superaram o impacto positivo da demanda para entesouramento, motivada pela guerra da Ucrânia e alta da inflação.
Nesse cenário, os preços da prata caíram fortemente (cerca de 15%), devido à redução na demanda industrial, enquanto os preços do ouro e da platina tiveram redução de 8%. Após uma queda projetada de 4% em 2022, a expectativa é que o índice de preços caia 4% em 2023 em razão de altas taxas de juros esperadas e preocupações sobre a possibilidade de uma recessão global que impactaria a atividade industrial.
Os preços do ouro caíram 8% no terceiro trimestre de 2022, já que as taxas de juros mais altas e valorização do dólar superaram as preocupações a respeito da crescente inflação e riscos geopolíticos. O Federal Reserve, dos EUA, aumentou as taxas de juros cinco vezes, até setembro de 2022, com uma elevação de 3%, fazendo com que o índice do dólar americano tenha aumentado 16%, o nível mais alto em 20 anos. Enquanto isso, os títulos de 10 anos do tesouro (TIPS – Treasury Inflation-Protected Securities) alcançam seu mais alto nível desde fevereiro de 2011, aumentando a atrativIdade dos ativos de custo zero. Como resultado, os ETFs de ouro caíram por cinco meses consecutivos.
A demanda da joalheria na China teve leve crescimento nos últimos meses, seguindo a liberação das restrições relacionadas com a pandemia Covid-19, enquanto as importações da Índia tiveram um incremento nas taxas de 7.5% para 12.5%. Os bancos centrais também continuaram a acumular ouro. No entanto, as compras físicas não foram suficientes para superar os efeitos da demanda do metal para investimento. Como as taxas de juros devem continuar elevadas no próximo ano, a projeção é que os preços do ouro caiam 4% em 2023.
Os preços da prata caíram 15% no terceiro trimestre de 2022, influenciados pela fraca demanda industrial e pelas mesmas políticas monetárias e fatores econômicos que afetaram os preços do ouro. Mais da metade da demanda global por prata advém de aplicações industriais. Apesar da demanda fotovoltaica continuar a crescer, a demanda para eletrônicos enfraqueceu consideravelmente, já que a produção global de eletrônicos caiu cerca de 20% no ano, até setembro. Os novos pedidos de produtos manufaturados também caíram fortemente, tanto nas economias avançadas e mercados emergentes quanto nos países em desenvolvimento. A fraca demanda física e para investimento devem manter os preços sob pressão para baixo. Assim, espera-se que os preços da prata caiam 16% em 2022 e se mantenham nos mesmos níveis em 2023. Em longo prazo, a prata deve se beneficiar da transição energética, particularmente para uso em células fotovoltaicas.
Os preços da platina caíram 8% no terceiro trimestre de 2022, também influenciados pelos mesmos fatores que afetaram outros metais, principalmente as altas taxas de juros, a baixa demanda industrial e a demanda da joalheria, além da retração econômica global. A demanda automotiva – onde a platina é usada nos catalisadores – está se recuperando, mas ainda se encontra abaixo dos níveis pré-pandemia. Há o risco da falta de suprimento da Rússia e Ucrânia. A demanda por platina também pode ser suportada pela substituição com paládio, em que o suprimento da Rússia está sob risco (a Rússia responde por 40% da oferta global de paládio). Pelo lado da oferta, os preços devem ser suportados pelas interrupções de produção na África do Sul devido a cortes de eletricidade e atraso de projetos, bem como cortes de eletricidade na América do Norte, devido a enchentes. Olhando para diante, os preços da platina devem se manter firmes em 2023, devido à limitada oferta das minas. A platina enfrenta obstáculos da transição energética, com o incremento dos veículos elétricos (os quais não requerem catalisadores eletrolíticos). Mas em longo prazo o metal pode se beneficiar da uma economia a hidrogênio e seu uso em células de combustível.
Francisco Alves
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