Uma crise humanitária sem precedentes tem assolado toda uma população indígena brasileira no estado de Roraima. Os Yanomamis tem sofrido com diversas doenças, falta de assistência e com a vulnerabilidade a grupos criminosos de garimpeiros, que invadiram seus territórios e comprometeram a subsistência dos povos originários na floresta.
E a história tragíca Yanomami tem ganhado novos capítulos com o avanço das investigações das autoridades sobre a origem e situação atual dos indígenas.
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Ariel de Castro Alves, secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, revelou que uma comitiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania apurou que ao menos 30 meninas e adolescentes Yanomami estão grávidas de garimpeiros.
As denúncias foram feitas pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) e os casos são acompanhados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
"Pedimos mais informações ao Conselho Indígena de Roraima para podermos ter os nomes das jovens e requisitarmos apurações dos possíveis estupros de vulneráveis para a Polícia Civil de Roraima, para a Polícia Federal e para o MPF", pontuou Alves.
Segundo o secretário, em entrevista à Rádio Eldorado, diversas denúncias tem chegado ao conhecimento do ministério. "Temos denúncias de exploração sexual infantil. Recebemos informações de pelo menos 30 meninas e adolescentes que estariam grávidas de garimpeiros. Temos informações também sobre acolhimentos de crianças Yanomami que seriam irregulares e até processos de adoções ilegais em curso", disse.
Em relação aos acolhimentos irregulares, segundo ele, tratam-se de seis crianças. "Duas situações já estariam em curso: processos de adoção de crianças Yanomami por famílias não Yanomami, em que, segundo as entidades Conselho Indígena de Roraima e Hutukara, estariam ocorrendo arbitrariedades e irregularidades", afirmou.
Alves destacou haver preocupação com a presença "muito grande" de garimpeiros na área - as estimativas apontam cerca de 20 mil, em um território de aproximadamente 30 mil indígenas. "Impedir o garimpo ilegal é a principal questão para garantir a vida dos povos Yanomami."
Segundo o secretário, eventuais ações de incentivo do garimpo ilegal e omissões da gestão anterior também são apuradas. Vale lembrar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era um defensor da flexibilização das regras de mineração nas reservas indígenas.
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"O Governo Federal anterior recebeu várias denúncias, mais de 20, tratando do garimpo ilegal e das violações de direitos humanos contra os povos indígenas, e não teve atitudes visando a evitar essa situação", afirma Alves.
Nas redes sociais, Bolsonaro disse que a emergência na saúde Yanomami é uma "farsa da esquerda" e que a saúde indígena foi uma das prioridades da sua gestão.
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