Dois adolescentes, de 14 e 17 anos, foram apreendidos nesta terça-feira (27) suspeitos de participarem de grupos de pornografia infantil no aplicativo Discord. As apreensões foram feitas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, na capital e em Volta Redonda, no sul fluminense.
De acordo com a corporação, os adolescentes são suspeitos de três crimes: associação criminosa; induzimento, instigação ou auxílio a suicídio; e estupro. A polícia ainda não informou se a família dos jovens já indicaram advogados.
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De acordo com a Polícia Civil, as investigações apontaram que o adolescente de 17 anos, que foi apreendido na zona oeste do Rio, é um dos principais líderes de um desses grupos do Discord.
O uso da plataforma por criminosos foi revelado em maio pelo Fantástico, da TV Globo, e confirmado pela Folha. O Discord, que funciona como uma plataforma de conversas em texto, voz e vídeo, tem sido usado por grupos que incitam exploração sexual, pedofilia, automutilação, racismo, apologia do nazismo, maus-tratos de animais e incitação a assassinatos.
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Nesta segunda (26), um jovem de 19 anos foi preso temporariamente após se apresentar a uma unidade policial na zona norte de São Paulo. Segundo a SSP (Secretaria da Segurança Pública), ele é suspeito de envolvimento em crimes cometidos no aplicativo Discord.
No fim do ano passado, a Folha de S.Paulo acessou grupos no Discord com milhares de participantes, sendo que o maior contava com mais de 3.000 integrantes -500 online no momento do acesso. No grupo eram compartilhadas cenas de extrema violência, como supostos homicídios, exibidos em transmissões ao vivo.
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Neste domingo (25), nova reportagem do Fantástico revelou casos de usuários brasileiros da plataforma que violentaram e humilharam meninas menores de idade em transmissões ao vivo.
A Polícia Civil do Rio afirma que, desde abril, mais de dez pessoas foram presas/apreendidas pela Polícia Federal e Polícia Civil dos estados no âmbito da operação Dark Room. No Rio, a DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima) é quem está à frente do inquérito.
Segundo as investigações, três servidores da plataforma eram utilizados por um mesmo grupo de jovens e adolescentes de várias regiões do país para cometerem atos de extrema violência contra animais e adolescentes. Eles também divulgavam conteúdo com pedofilia, zoofilia e faziam apologia de racismo, nazismo e misoginia.
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A Polícia Civil afirma que os agentes obtiveram vídeos publicados na plataforma em que animais são mutilados e sacrificados em desafios induzidos pelos administradores dos grupos. Segundo a corporação, as práticas eram condicionantes para que demais membros ganhassem cargos, o que se traduzia em permissões dentro do grupo.
A maioria das ações era transmitida ao vivo em chamadas de vídeo dentro do Discord.
As investigações também mostraram que adolescentes eram chantageadas e constrangidas a praticarem atos sexuais em transmissões ao vivo. Elas eram xingadas, humilhadas e obrigadas a se automutilar. Segundo a polícia, as vítimas chegaram a fazer cortes com navalha nos braços, pernas, seios e genitália.
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As cenas eram gravadas, e os administradores do grupo ameaçavam compartilhar os vídeos em grupos no Telegram e outro aplicativo de mensagem. Essas ameaças serviam para chantagear as vítimas, mas, segundo a polícia, essa não era a úncia forma de fazê-lo.
Integrantes dos grupos conseguiam informações pessoais das vítimas por meio de sites de banco de dados e consultas de crédito. A prática, de acordo com a Polícia Civil, é conhecida como "DOX". A partir desses dados, os agressores começavam uma série de chantagens, afirmando que tinham fotos comprometedoras das adolescentes e as enviariam para seus pais caso não atendessem às ordens que davam.
Em maio, o Discord afirmou que trabalhava para barrar o que denominou de "conteúdo abominável".
A plataforma surgiu em 2015 e se popularizou para bate-papo durante games online. Tudo isso circula em grupos que misturam usuários adultos com menores de 18 anos. A plataforma é investigada pelo Ministério Público de ao menos três estados (São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul).
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