O Brasil mantém a liderança no ranking mundial de juros reais, mesmo após a redução da taxa básica na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central desta quinta-feira (2).
O juro real no Brasil está em 6,68% ao ano, valor próximo ao do México (6,64%) e da Colômbia (6,15%). O quarto colocado no ranking elaborado pelo Portal MoneYou também é um país latino-americano, o Chile, com 4,6% ao ano.
Os cálculos consideram o juro real "ex-ante". Ou seja, a diferença entre a taxa de investimento no contrato DI (Depósito Interbancário) de um ano, descontada a inflação de 4,07% projetada para os 12 meses à frente coletada na pesquisa Focus do BC, com cerca de 100 economistas.
O Copom anunciou nesta quarta o primeiro corte de juros no governo Lula, com a redução da taxa básica (Selic) em 0,5 ponto percentual de 13,75% para 13,25% ao ano.
Em termos nominais, as maiores taxas ao ano coletadas pelo portal são as da Argentina (97%), Turquia (17,5%), Hungria (15%), Brasil e Colômbia (ambos com 13,25%), México (11,25%) e Chile (10,25%).
Entre as grandes economias, os EUA estão com juro real de 1,82% ao ano, a China com 1,67%, e o Reino Unido com 2,36%. Nos países da Zona do Euro, a taxa real está próxima de 1,5% ao ano.
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Apenas cinco países do levantamento ainda possuem juro real negativo: Suécia (-0,03%), República Tcheca (-1,86%), Hungria (-1,89%), Polônia (-6,05%) e Argentina (-28,53%).
No ranking com 40 países, 40% mantiveram a taxa básica em sua última reunião de política monetária, enquanto 52,5% elevaram as taxas, e 7,5% cortaram.
"O movimento global de políticas de aperto monetário continuou a ganhar força, com o aumento expressivo no número de BCs sinalizando preocupação com a inflação, mesmo com a queda do preço de commodities", diz o levantamento do Portal MoneYou.
Brasil lidera ranking de juros real
Em % ao ano
Colocação - País - Taxa real
1º - Brasil - 6,68
2º - México - 6,64
3º - Colômbia - 6,15
4º - Chile - 4,60
5º - África do Sul - 3,82
6º - Filipinas - 3,80
7º - Indonésia - 3,63
8º - Hong Kong - 2,83
9º - Reino Unido - 2,36
10º - Israel - 2,23
11º - Nova Zelândia - 1,96
12º - Estados Unidos - 1,82
13º - China - 1,67
14º - Malásia - 1,64
15º - Bélgica - 1,57
16º - Coreia do Sul - 1,57
17º - Espanha - 1,48
18º - Índia - 1,48
19º - Grécia - 1,47
20º - Rússia - 1,46
21º - Tailândia - 1,42
22º - Suíça - 1,3
23º - Dinamarca - 1,27
24º - Canadá - 1,27
25º - Taiwan - 1,26
26º - Holanda - 1,08
27º - Cingapura - 1,06
28º - Austrália - 0,97
29º - Turquia - 0,88
30º - França - 0,55
31º - Portugal - 0,47
32º - Alemanha - 0,30
33º - Japão - 0,24
34º - Itália - 0,02
35º - Áustria - 0,01
36º - Suécia - (-0,03)
37º - República Tcheca - (-1,86)
38º - Hungria - (-1,89)
39º - Polônia - (-6,05)
40º - Argentina - (-28,53)
Fonte: Portal MoneYou
GLOSSÁRIO
Taxa básica de juros
A taxa Selic é a referência para os demais juros da economia. Trata-se da taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia)
Taxa real de juros
Considera uma taxa nominal, a Selic, por exemplo, descontada a inflação
Taxa real ex-ante
Calculada olhando para a frente (taxa esperada), com base nas projeções para juros e inflação. É a mais relevante para a política monetária, pois influencia decisões futuras de investimento e consumo
Taxa real ex-post
Calculada olhando para trás (taxa verificada), com base nos juros e inflação nos últimos 12 meses, por exemplo. Serve para avaliar um investimento já realizado
Copom (Comitê de Política Monetária)
Órgão do Banco Central, formado pelo seu presidente e diretores, que define, a cada 45 dias, a taxa básica de juros da economia, a Selic
IPCA
Indicador medido pelo IBGE que serve como meta de inflação. A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional, órgão que tem a participação do BC, do ministro da Fazenda ou Economia e de outros membros da equipe econômica.
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