O Exército de Israel anunciou no domingo (24) que intensificou as operações contra a facção terrorista Hamas no sul da Faixa de Gaza, apesar de apelos do governo dos Estados Unidos para que o país proteja os civis palestinos.
Depois da Cidade de Gaza, no norte do território, "estamos virando para o sul e concentrando nossas principais operações em Khan Yunis, outro reduto do Hamas", afirmou Jonathan Conricus, porta-voz do Exército, ao canal americano Fox News.
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Israel ainda bombardeou áreas de Jabalia, no norte de Gaza, onde combates ocorreram durante toda a manhã deste domingo, segundo moradores e a imprensa palestina.
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Um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que 166 palestinos foram mortos nas últimas 24 horas, aumentando o total para 20.424 desde o começo da guerra. Mais de 54 mil ficaram feridos. Quase todos os 2,3 milhões de habitantes da faixa foram deslocados.
Já o Exército israelense disse que oito soldados foram mortos, aumentando para 154 suas perdas em combates desde o início de sua incursão terrestre em resposta ao ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro, no qual militantes mataram 1.200 pessoas e fizeram 240 reféns.
Centenas de milhares de deslocados do norte do território se refugiaram em Khan Yunis, onde nasceu Yahya Sinwar, o líder do Hamas em Gaza. O governo de Israel considera Sinwar o principal responsável pelo ataque de outubro, e o Exército tem dito que a guerra contra o Hamas vai durar até a captura -ou morte- do extremista.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva terrestre e aérea no território palestino, governado pelo grupo islamista desde 2007. As ofensivas diárias e as mortes de civis, contudo, motivam críticas. Durante uma ligação telefônica, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um apelo ao primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, para "proteger a população".
A Casa Branca disse que os dois líderes discutiram a "importância de garantir a libertação de todos os reféns restantes". Netanyahu, falando em reunião semanal do gabinete neste domingo, rejeitou relatos de que os EUA haviam convencido Israel a não expandir sua campanha militar.
Washington mantém o apoio enfático ao aliado histórico, mas insiste cada vez mais para que o país reduza a intensidade da ofensiva e faça operações mais focadas nos líderes do Hamas. Autoridades dos EUA disseram esperar que Israel mudasse em breve para uma fase de menor intensidade no conflito.
"A guerra está cobrando um preço muito alto... mas não temos escolha senão continuar lutando", afirmou Netanyahu no início de uma reunião de gabinete, depois de prestar homenagem aos soldados mortos e alertar que o conflito será "longo".
"Nós vamos continuar com força total até o fim, até a vitória, até alcançarmos todos os nossos objetivos: a destruição do Hamas, o retorno dos nossos reféns e garantir que Gaza nunca mais constituirá uma ameaça ao Estado de Israel", completou Netanyahu.
O Exército de Israel disse no sábado (23) ter matado "mais de 200 terroristas" na última semana e "mais d e 700" desde o início do conflito.
QUASE 80% DOS MORADORES DE GAZA DESLOCADOS
Israel nega atacar diretamente os civis e afirma que a guerra contra o Hamas é crucial para que um massacre como o de 7 de outubro nunca mais aconteça.
Os bombardeios foram interrompidos apenas por uma semana desde então, quando as duas partes aceitaram um cessar-fogo no fim de novembro, período em que 105 reféns mantidos em Gaza foram trocados por 240 prisioneiros palestinos.
A situação no território, completamente cercado por Israel desde 9 de outubro, é catastrófica. A maioria dos hospitais não está funcionando e a população enfrenta elevados níveis de insegurança alimentar, segundo a ONU.
Quase 80% dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza foram deslocados pelos combates, segundo a ONU.
'QUEREMOS UM CESSAR-FOGO'
Netanyahu, o primeiro-ministro israelense que permaneceu mais tempo no cargo, teve relações complicadas com vários presidentes americanos.
Mas as divergências sobre a condução da guerra em Gaza, quando terminará e o que acontecerá no dia seguinte, aumentaram a tensão na relação.
Washington permitiu a aprovação, na sexta-feira (22), de uma resolução no Conselho de Segurança da ONU que pede a Israel para autorizar o envio "imediato, seguro e sem obstáculos" de ajuda vital a Gaza "em larga escala".
As potências mundiais discutiram durante vários dias as palavras que seriam utilizadas no texto e, diante da insistência de Washington, optaram por não incluir o termo "cessar-fogo". A resolução defende a criação das "condições para um cessar duradouro das hostilidades".
Moradores de Gaza entrevistados pela agência de notícias AFP criticaram a comunidade internacional. "Em vez de [...] aumentar as entregas de ajuda humanitária, parem de apoiar Israel e de fornecer armas [...] interrompam a guerra e nos deem a paz", disse Rami al Jalut, que precisou fugir do norte de Gaza para Rafah, no sul.
A resolução "reforça a decisão de Israel de matar mais civis e prolonga a guerra contra este povo, em troca de um pouco de comida", criticou.
Mahmud al Shaer, outro morador de Gaza, resumiu: "Não queremos comida, queremos um cessar-fogo".
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