O caso da condenação do técnico de futebol Cuca por estupro de uma jovem de 13 anos, na Suíça, em 1987, movimentou os noticiários policiais e esportivos no ano de 2023. O processo, no entanto, foi anulado, recentemente. Mas a pergunta que fica é: isso quer dizer que Cuca é inocente?
A decisão do tribunal suíço não teve o mérito de concluir se o treinador é inocente ou culpado, e sim anular o processo. Para todos os efeitos, Cuca foi inocentado de qualquer acusação, mas não é correto dizer que o treinador foi inocentado, já que o processo em si foi anulado.
Como se deu a anulação?
A anulação se deu pelo fato de o brasileiro não ter tido uma representação legal durante o julgamento (à revelia, na linguagem jurídica), já que seu então advogado, Peter Stauffer, contratado pelo Grêmio na época, deixou o caso um ano antes da audiência principal. Soma-se a isso, o fato de que o ex-jogador não havia registro legal de um domicílio no Brasil, ou seja, ele não pôde ser comunicado nem do julgamento e tampouco da decisão.
Julgamento mal conduzido
Diante dos fatos acima narrados, a juíza Bettina Bochsler, do Tribunal Regional de Berna-Mittlelland, o mesmo que o ex-jogador foi condenado na época, concluiu que o julgamento foi conduzido de forma falha, mesmo que o caso tenha sido negligenciado por Cuca e os demais envolvidos.
Treinador sempre se disse inocente
Quando questionado pela imprensa, Cuca sempre negou participação no crime. Durante uma entrevista ao Jornal O Globo, em 2021, o ex-jogador não negou a presença da jovem no quarto, mas disse que lembrava vagamente da cena. No retorno de Cuca e os outros dois jogadores ao Brasil, ainda em 1987, como vítimas, ele havia dito que ficou na porta do quarto, e que pensou que a jovem tinha 18 anos.
Havia provas contra o jogador?
Sim! O advogado da moça, Willi Egloff, em entrevista ao UOL, afirmou que a vítima Sandra Pfäiffli havia reconhecido Cuca como um dos estupradores e que exames realizados pelo Instituto de Medicina Legal da Universidade de Berna detectaram sêmen do então jogador no corpo da garota.
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O caso
Cuca, Henrique Etges e Eduardo Hamester e Fernando Castoldi, todos jogadores do Grêmio na época, dividiam o mesmo quarto durante uma excursão da equipe pela Europa, em 1987. Ao saberem o hotel em que os atletas estariam hospedados na Suíça, Sandra Pfäffli e mais dois amigos bateram na porta do quarto dos pedindo por camisas. Em depoimento dos dois garotos, eles disseram que a jovem teria sido segurada por Cuca e os colegas. 30 minutos depois, ela apareceu na recepção do hotel dizendo que havia sido estuprada. Em 2023, Cuca assumiu o Corinthians, mas pediu demissão dias depois após forte pressão da mídia brasileira e patrocinadores do clube.
E a vítima, foi encontrada?
Após a reabertura do caso, no ano passado, o Tribunal Regional de Berna-Mittlelland tentou localizar Sandra Pfäiffli, mas descobriu que ela não estava mais viva. A justiça do país europeu encontrou um herdeiro, Sven Sghluep, porém, ele optou por não entrar no processo. Se fosse viva, Sandra teria 49 anos.
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