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Crescem casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos

Data foi criada para lembrar a importância da prevenção contra a doença, que tem aumento em pessoas mais jovens. Medidas do dia a dia ajudam a evitar novas ocorrências. Saiba mais

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Imagem ilustrativa da notícia Crescem casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos camera Sintomas l Paula destaca que, muitas vezes, o câncer em seu estágio inicial não apresenta sinais. A especialista ressalta que a doença é um conjunto de enfermidades e quando os sintomas aparecem, variam de acordo com o local em que a doença se instala. “Adotar medidas de prevenção é o melhor caminho para evitar o câncer”, finaliza. | (Foto: Divulgação )

Este domingo, 4 de fevereiro, é lembrando como o Dia Mundial do Câncer, data dedicada para divulgar informações sobre prevenção, luta e importância do diagnóstico precoce da doença. A campanha deste ano alerta para os crescentes casos entre pessoas com menos de 50 anos, representando um aumento de 79% nas últimas três décadas, segundo a revista científica “BMJ Oncology”.

Para compreender melhor, os pesquisadores analisaram dados de 29 tipos de tumores em 204 países e regiões, incluindo o Brasil. Embora o estudo tenha sido divulgado recentemente, os resultados revelam que, em 2019, foram registrados um total de 3,26 milhões de novos diagnósticos abaixo dessa faixa etária. Já em 1990, essa proporção era de 1,8 milhão de casos.

A revista científica concluiu ainda que as mortes também aumentaram: mais de 1 milhão de óbitos em 2019, um crescimento de quase 28% em relação a 1990. “O mundo mudou, o estilo de vida das pessoas mudou. Infelizmente, no que se refere à saúde, muitas mudanças foram para pior e nós sabemos que isso é fator determinante para o aumento de casos de câncer entre pessoas mais jovens”, afirma a médica oncologista clínica Paula Sampaio.

“Vimos o avanço tecnológico, o que permite diagnóstico e tratamento mais preciso da doença. Por outro lado, percebemos também um aumento no uso de substâncias de toda natureza, como conservantes e fertilizantes. Fora as mudanças de hábitos alimentares, com o alto consumo de alimentos industrializados, além dos conhecidos fast-foods, condições altamente danosas à saúde”, acrescenta Paula.

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De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência. O mesmo estudo, mas dessa vez direcionado ao Pará, aponta que, no mesmo intervalo, a previsão é de mais de 34 mil novos casos da doença no Estado.

Segundo a médica, os tumores mais incidentes no território paraense são os de mama, próstata, cólon e reto, traqueia, brônquio e pulmão, além de estômago. “Os dois primeiros são os mais comuns no Pará. Contudo, uma das maiores dificuldades para o tratamento está, acima de tudo, na demora na hora de procurar a ajuda de um especialista e no diagnóstico”, ressalta.

Conforme explica Paula, há diversos fatores que contribuem para a incidência do câncer de mama e o de próstata. “O que deve gerar maior atenção é o estilo de vida, pois está fartamente comprovado que hábitos saudáveis são capazes de diminuir as chances de alguém ter câncer em pelo menos 30%”, frisa a médica.

Por fim, o Inca produziu uma lista com os tumores malignos mais recorrentes no Brasil. O de pele não melanoma lidera o número de casos, responsável por 31,3% do total. Em seguida, aparece o de mama feminino e o de proóstata, 10,5% e 10,2% dos casos, respectivamente. O ranking continua com o câncer de cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

FATORES DE RISCO

A médica oncologista esclarece que o câncer de modo geral não tem uma causa única. “Há diversos fatores, como por exemplo, os externos, que nesse caso estão relacionados ao ambiente. E depois podemos citar as causas internas, que nesse caso envolve questões hormonais, condições imunológicas e mutações genéticas. Os fatores podem interagir de diversas formas, dando início a enfermidade”.

Os dados do Inca ajudam a compreender esse cenário, uma vez que entre 80% a 90% dos casos estão vinculados a fatores externos. Um exemplo disso é o hábito alimentar, já que uma alimentação inadequada é responsável por aproximadamente 20% dos casos no país. Em outras palavras, com uma dieta saudável, controle de peso e a prática de atividade física, seria possível prevenir um em cada três casos.

“Existem dois tipos de prevenção. O primeiro, que chamamos de prevenção primária, é ter um estilo de vida saudável. Se alimentar bem, praticar exercícios físicos regularmente, não fumar, controlar o peso corporal e o consumo de bebida alcoólica, dormir bem e se proteger do sol”.

“No caso da prevenção secundária, são medidas que devem ser tomadas para assegurar o diagnóstico precoce. Exemplo: todas as mulheres, a partir dos 40 anos, devem ter anualmente uma consulta com um especialista e fazer o exame de mamografia com o objetivo de detectar precocemente o câncer de mama. Quando o câncer é descoberto no início, as chances de cura são superiores a 90%”, pontua.

Além disso, o ato de fumar, por exemplo, está diretamente relacionado a 90% dos casos de câncer de pulmão, além de ser uma das causas para o aparecimento de outros tipos de câncer, como cavidade oral, laringe, faringe e esôfago. Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e cancerígenas que são inaladas.

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Outro ponto relevante é que meninas e meninos entre 9 a 14 anos devem se vacinar contra o HPV, principal causa do câncer de colo de útero. A vacinação protege contra o vírus, antes que tenham contato com o HPV. Para mulheres que já iniciaram a vida sexual, é recomendado o exame preventivo anualmente, para identificar lesões precursoras ou diagnosticar precocemente o câncer do colo do útero.

TRATAMENTO

Paula Sampaio destaca que o diagnóstico do câncer requer a remoção de um fragmento da lesão para a realização da biópsia, visando à análise ao microscópio, procedimento conhecido como exame anatomopatológico. Mas a médica lembra que os procedimentos recomendados para registrar a presença de um tumor variam de acordo com o tipo de câncer e sua localização anatômica.

“Aliado à biópsia, pode ser necessário exames complementares, tais como análises de sangue, urina e medula óssea, radiografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, endoscopia, cintilografia, tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET-TC) e outros. O resultado final é fornecido pelo patologista”, detalha a especialista.

Caso os procedimentos anteriores não identifiquem o órgão de origem das células malignas, é possível que o paciente se submeta ao exame imuno-histoquímico. “São testes moleculares para identificar o tecido ao qual pertence essa célula. A realização desse teste é de extrema importância, pois esclarece o tratamento ideal para cada paciente”, confirma a oncologista.

A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer estabelece o cuidado integral e gratuito ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), de maneira regionalizada e descentralizada. O tratamento do câncer pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou transplante de medula óssea, frequentemente combinando mais de uma modalidade, conforme necessário.

Em Belém, as unidades de referência para tratamento incluem o Hospital Ophir Loyola (HOL) e o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (HOIOL), localizados respectivamente na avenida Governador Magalhães Barata e na travessa Quatorze de Abril, ambos no bairro de São Brás. Além disso, o Hospital Universitário João de Barros Barreto, situado na rua dos Mundurucus, no bairro do Guamá, também desempenha um papel significativo nesse contexto.

algumas medidas para evitar o câncer:

Não fumar

l O cigarro está diretamente associado a 90% dos casos de câncer de pulmão, além de ser fator de risco para cânceres de boca, laringe, esôfago, estômago, pâncreas, rim e bexiga.

Não beber

l Consumir bebidas alcoólicas aumenta o risco de desenvolver diferentes tipos de câncer como boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado, intestino (cólon e reto) e mama. Para a prevenção de câncer, não há níveis seguros de ingestão de álcool.

Manter o controle de peso

l O sobrepeso e o excesso de gordura corporal estão associados a 13 tipos de câncer: colorretal, endométrio, esôfago, estômago, fígado, mama, mieloma múltiplo, meningioma, ovário, pâncreas, rins, tireoide e vesícula biliar.

Adotar uma alimentação saudável

l O caminho da prevenção do câncer está na adoção de uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras, legumes e cereais integrais, além de evitar alimentos como as carnes processadas, como salsichas e bacon, além de defumados; alimentos ricos em gorduras saturadas; ricos em açúcar refinado.

Praticar atividades físicas regularmente

l A atividade física promove o equilíbrio dos níveis de hormônios, reduz o tempo de trânsito gastrointestinal, fortalece as defesas do corpo e ajuda a manter o peso corporal adequado. Com isso, contribui para prevenir vários tipos de câncer, como o de intestino (cólon), endométrio (corpo do útero) e mama. O recomendado é praticar 150 minutos por semana.

Evitar a exposição ao sol sem proteção

l O recomendado é evitar a exposição solar entre 10h e 15h e usar protetor solar, roupas e acessórios como chapéus e óculos escuros.

Sintomas

l Paula destaca que, muitas vezes, o câncer em seu estágio inicial não apresenta sinais. A especialista ressalta que a doença é um conjunto de enfermidades e quando os sintomas aparecem, variam de acordo com o local em que a doença se instala. “Adotar medidas de prevenção é o melhor caminho para evitar o câncer”, finaliza.

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