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MOSSORÓ

O que se sabe sobre a fuga em prisão de segurança máxima

Fuga de dois detentos é cercada de dúvidas. Veja o que se sabe até o momento

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Imagem ilustrativa da notícia O que se sabe sobre a fuga em prisão de segurança máxima camera Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró | Divulgação

A fuga de dois detentos de uma penitenciária federal de segurança máxima em Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, ainda é cercada de dúvidas. Buscas são realizadas desde a manhã da quarta-feira (14), quando agentes constataram a ausência dos dois fugitivos.

Nesta quinta (15), o secretário nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça, André Garcia, reconheceu que, se os protocolos de segurança da penitenciária federal de Mossoró tivessem sido seguidos rigorosamente, as duas fugas inéditas no sistema não teriam acontecido. O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, diz que cerca de 300 membros de forças de segurança estão mobilizados nas buscas.

QUEM SÃO OS FORAGIDOS?

Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho.

Os dois detentos foram transferidos do Acre para o presídio em Mossoró, cidade localizada a 281 quilômetros de Natal (RN), após uma rebelião que deixou cinco pessoas mortas em julho do ano passado.

QUANDO OCORRERAM AS FUGAS?

Segundo o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, as fugas aconteceram na passagem de terça (13) para quarta-feira (14), mas os agentes da penitenciária apenas detectaram a ausência dos dois homens na manhã de quarta.

COMO ACONTECEU A FUGA?

Lewandowski diz que houve uma série de falhas e erro no projeto de construção do presídio de Mossoró, pontos que teriam facilitado as fugas. Além disso, algumas câmeras de segurança e lâmpadas não estavam funcionando.

A principal suspeita até o momento é de que os dois presos tenham usado materiais de uma obra do pátio da penitenciária como instrumentos na ação.

O ministro disse que os detentos saíram pela luminária da cela e entraram no local de manutenção do presídio, onde estão as máquinas e tubulações. De lá, conseguiram atingir o teto, que não tinha grade nem outro tipo de proteção.

Quando os criminosos ultrapassaram esse local, continuou Lewandowski, encontraram as ferramentas e se depararam com um tapume de metal, que estava protegendo a reforma. Os prisioneiros, então, fizeram uma abertura no tapume e, com alicate, cortaram a grade que o separava do mundo exterior.

HOUVE AJUDA DE AGENTES AOS DETENTOS?

Ainda não há informações se houve ajuda de agentes penitenciários, de outros funcionários ou pessoas de fora na fuga. As hipóteses estão sendo investigadas, mas já há consenso de que houve falha na inspeção.

COMO ACONTECEM AS BUSCAS?

Aeronaves, drones e equipamentos de tecnologia são utilizados. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e as polícias militares do Rio Grande do Norte e do Ceará, estado próximo a Mossoró, participam das buscas.

Segundo Ricardo Lewandowski, 300 agentes foram mobilizados para procurar os dois detentos.

Ele afirmou que também há três helicópteros atuando, além de drones envolvidos na procura dos fugitivos no perímetro de cerca de 15 km do presídio até o centro da cidade.

Agentes penitenciários montaram barreiras policiais para fiscalizar veículos que circulam na região.

COMO ESTÁ A POPULAÇÃO DA REGIÃO?

O antigo costume dos moradores de Barrinha, na zona rural de Mossoró, de se sentar nas calçadas foi abalado após a fuga do presídio. As ruas que antes eram movimentadas na comunidade de 650 famílias estavam vazias na tarde desta quinta-feira (15).

Os moradores preferiram se trancar em casa, principalmente depois dos boatos de que os criminosos teriam sido vistos no bairro, o que não foi confirmado pela polícia. Até mesmo os portões das casas, que costumavam ficar abertos pela tranquilidade da comunidade, agora estão trancados.

O comércio também está fechando mais cedo.

QUAIS MEDIDAS FORAM TOMADAS PELO GOVERNO APÓS AS FUGAS?

O ministro Lewandowsk, determinou o afastamento imediato da atual direção da penitenciária em Mossoró e escalou um interventor para comandar a gestão da unidade.

Ainda na quarta, o secretário André Garcia foi enviado a Mossoró, por determinação de Lewandowski. O Ministério da Justiça ainda anunciou que fará uma revisão dos procedimentos de segurança e de infraestrutura da penitenciária a fim de verificar a necessidade de alterações. Além disso, solicitou revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.

O ministro disse nesta quinta que trabalhará na modernização do sistema de videomonitoramento e no aperfeiçoamento do controle de acesso aos presídios federais com sistema de reconhecimento facial para presos, visitantes e administradores.

Além disso, afirmou que requisitará a nomeação de 80 policiais penais já aprovados em concurso para reforçar o sistema prisional federal e que irá construir muralhas em todos os presídios federais.

Nesta quinta (15), uma portaria do Ministério da Justiça e Segurança Pública suspendeu banhos de sol, visitas sociais e de advogados nos presídios federais. A medida vale inicialmente para os dias 15 e 16 de fevereiro.

Além disso, foram suspensas também atividades de assistência educacional, laboral e religiosa. Somente os atendimentos emergenciais de saúde seguem mantidos.

HÁ BUSCAS EM OUTROS ESTADOS?

O Ministério da Justiça ordenou a mobilização das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que congregam as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborarem com os esforços de localização e prisão dos foragidos.

HAVERÁ BUSCAS FORA DO BRASIL?

Os dois presos que fugiram da penitenciária federal de Mossoró entraram na difusão vermelha da Interpol. Inicialmente, eles haviam sido colocados na lista laranja. Os nomes também foram incluídos no sistema de proteção de fronteiras.

Dessa forma, eles passariam a ser procurados também pela comunidade policial internacional.

COMO FUNCIONA O SISTEMA DE PRESÍDIOS FEDERAIS?

O sistema penitenciário federal tem a finalidade de combater o crime organizado, isolando as lideranças criminosas e os presos de alta periculosidade. As maiores lideranças do PCC e do Comando Vermelho estão em unidades federais.

Ao todo, além de Mossoró (RN), há outros quatro presídios federais de segurança máxima, localizados em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Brasília (DF). A penitenciária que fica em Mossoró foi inaugurada em 2009 e tem capacidade para até 208 presos.

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