As transações financeiras no cenário atual envolvem cada vez menos o dinheiro físico. Com as opções de transações digitais como aplicativos de transferência bancária e mesmo o Pix, essa é uma realidade que passa a fazer parte não apenas da vida dos adultos, mas também das crianças, que precisam ser orientadas a como desenvolver uma relação saudável com o dinheiro.
O professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Coordenador do Grupo de Educação Financeira da Amazônia (GEFAM), Alexandre Damasceno, destaca que é sempre importante entender que, quanto mais cedo se iniciar uma prática de educação financeira com as crianças, melhor porque o processo de aprendizado leva tempo e, ao mesmo tempo, a educação financeira é algo que está constantemente presente, na prática.
“A introdução sobre os ensinamentos de educação financeira tem que se dar essencialmente pela prática. Inicialmente, o aprendizado das crianças é muito por observação e imitação, então, à medida que a pessoa for trabalhando a prática de uma boa conduta em relação às suas finanças, em relação ao seu comportamento financeiro, a criança vai observando e vai começando a entender que ela também tem que fazer aquilo”, considera. “Então, é fundamental que a criança tenha esse olhar prático e que, aos poucos, os pais também vão introduzindo algumas histórias sobre educação financeira. Geralmente, as escolas hoje estão com um olhar bastante voltado para esse sentido”.
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CONTAS DIGITAIS
Entre as estratégias que podem ser utilizadas para trabalhar a educação financeira com as crianças, estão as contas digitais ou contas correntes. Hoje, alguns bancos já oferecem contas online voltadas para crianças, onde os pais podem fazer depósitos aos filhos para que eles possam usar com pix ou cartão, como uma mesada virtual.
“As contas digitais e as contas correntes, as contas poupança, as contas vinculadas a instituições financeiras em geral são fundamentais também para esse ensino. Isso se faz necessário porque a própria sociedade está evoluindo com a questão da informática, com a questão do próprio banco digital, então, cada vez mais essa nova geração está vindo com esse conhecimento sobre informática, aplicativos, sobre inteligência artificial. Isso já está no cotidiano dela, então, é fundamental que ela também comece a entender como é a dinâmica de um banco, por exemplo”, considera o professor. “Mas é fundamental ter o cuidado de não colocar um cartão de crédito na mão de uma criança sem ao menos orientá-la”.
Outra vantagem proporcionada por esse tipo de estratégia é que os responsáveis pela criança ou adolescente conseguem estabelecer um limite de uso, logo, será necessário que a criança entenda que, nessa organização, há um limite que não poderá ser ultrapassado. “Nunca se deve abrir uma poupança ou dar dinheiro para uma criança sem gerar um objetivo. Faça com que ela tenha um objetivo para aquele recurso financeiro. Explique, por exemplo, que essa é a mesada dele, que é para o mês todo, ou que aquela quantia é para o lanche dele, que a quantia é para o ônibus ou para um passeio”, exemplifica o professor. “Todo o valor que for dado à criança tem que ter um destino, para ela não acabar entendendo que o dinheiro só cai e ela pode gastar ao bel-prazer. Isso é um ensinamento fundamental em relação às contas digitais”.
Independente disso, o professor lembra que o controle dos gastos não só tem relação com uma conta digital, já que ele também pode ser feito no caso das transações em dinheiro vivo. “É preciso mostrar sempre para que serve o dinheiro, para onde vai o dinheiro, que o dinheiro tem um processo de acabar naquele momento, mas que ele também tem um processo de renovação”, aponta Alexandre Damasceno. “Então, a gente sempre aconselha que antes de abrir qualquer conta se tenham essa conversa com a criança e também essa responsabilidade de mostrar que o pai ou a mãe não vão ter dinheiro constantemente para só ir depositando na conta, que vai ter o tempo certo desse dinheiro cair, que é justamente se o pai e a mãe ganham mensalmente, eles poderão depositar mensalmente. Se eles ganham semanalmente ou quinzenalmente, a mesma coisa”.
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Outra ferramenta muito inserida nas transações financeiras atuais, o pix, também pode e deve ser trabalhado e explicado para as crianças, até porque desde muito cedo elas já começam a ter contato com essa forma de pagamento mesmo que indiretamente, através dos pais. “O Pix é algo que já ficou dentro da cultura e das relações de transações individuais e coletivas do Sistema Nacional de Bancos, então, desde cedo a criança tendo esse olhar sobre essa perspectiva eletrônica do dinheiro, isso ele vai ajudar muito para a criança entender que o dinheiro digital também tem que ter controle”, avalia o professor.
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