Moradores de Porto Alegre têm tido dificuldade de encontrar suprimentos básicos em meio ao caos que tomou conta da cidade. A reportagem circulou nesta quarta (8) por mercados de diferentes bairros da cidade e encontrou prateleiras vazias e falta generalizada de álcool em gel e de alimentos como pão e ovo.
O maior problema, porém, é a falta de água, cada vez mais rara na cidade. Nos locais onde ainda é possível achá-la, logo se formam grandes filas.
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Na unidade do Zaffari do shopping Bourbon Ipiranga, no bairro Jardim Botânico, uma linha formada por mais de 60 carrinhos fazia a volta no corredor central. Todos a espera de sua chance de comprar um pouco de água. Devido à escassez do produto, a venda de garrafas e galões está limitada por cliente, com funcionários do local organizando a distribuição.
Apesar disso, a situação no caixa era tranquila, sem grandes aglomerações. O supermercado é um dos maiores da cidade.
Já no Gesepel, no bairro do Bonfim, até mesmo prateleiras de refrigerantes estão com espaço de sobra. Quem chega no corredor de bebidas não disfarça a frustração ao ver a falta de produtos. Há quem leve bebidas de limão por “parecer mais com água”.
Angelina dos Santos, 71, tem cinco litros de água em casa, mas temendo problemas no abastecimento, foi até o supermercado. “Não podemos sair muito, não posso cozinhar. Tenho marmitas congeladas, mas vai acabar”.
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Ela trabalha como cuidadora na casa de um idoso. O filho dele irá de Blumenau (SC) para atender a demanda do pai e de Angelina com mantimentos. O caminho é longo e deve aumentar já que apenas duas vias permitem entrada e saída da capital gaúcha, a RS-118 e a RS-090.
Ainda no bairro do Bonfim, um prédio pagou R$ 12 mil (metade adiantado) para um caminhão-pipa abastecer sua cisterna. São 18 mil litros que viajaram do litoral catarinense à capital gaúcha. A entrega levou dois dias.
Próximo dali, a loja do supermercado Zaffari do shopping Total tinha filas grandes nos caixas.
Resgate de cavalo vai exigir uso de helicóptero
O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), afirmou nesta quarta-feira (8) que a operação de resgate de um cavalo ilhado deveria exigir o uso de helicóptero.
O animal foi visto mais cedo se equilibrando no telhado de uma casa. A cena foi flagrada pelo helicóptero da TV Globo, que fazia a cobertura das enchentes na cidade, uma das mais castigadas, e viralizou nas redes sociais.
Jorge disse que prefeitura estava preparando a logística para salvar o animal. O prefeito afirmou que a operação iria exigir o uso de uma aeronave capaz de içar o cavalo, que tem peso estimado entre 500 e 600 kg. Ele, no entanto, não deu detalhes de quando e como isso aconteceria.
“Estamos fazendo uma logística para que possa ser recuperado esse animal. Nós conseguimos resgatar vários cavalos. Aí com o uso de barcos levamos até o ponto possível, para eles chegarem em território seco. Mas ali [para esse cavalo especificamente], vai se exigir o uso de um helicóptero, que tenha capacidade para erguê-lo. Geralmente um cavalo possui 500 ou 600 kg. Estamos preparando uma logística para poder salvar esse cavalo”, disse à GloboNews.
Uma chuva forte começou a cair na cidade à tarde, o que dificultou os trabalhos. Não se sabe quem seria o dono do animal ou o que aconteceu com ele.
Voluntários se reuniram para salvar uma égua. Ela ficou por quatro dias dentro d’água, mas foi finalmente retirada ontem, por meio de cordas e colada ao barco. O animal, batizado de Maria Aparecida, caminhou por aproximadamente 3 km, submersa.
“Não foi fácil. Foram algumas tentativas e falhas. Muita insegurança e medo de perder essa batalha. Mas a Maria Aparecida foi forte, resistente e muito, muito guerreira”, disse Cris Moraes, um dos voluntários.
Cerca de 100 mil casas foram destruídas ou danificadas pelas chuvas que atingem o Rio Grande do Sul. O prejuízo é de R$ 4,6 bilhões e 99,8 mil casas foram afetadas, calcula a Confederação Nacional de Municípios. Dados são parciais, já que ainda há cidades submersas pela água onde danos não foram medidos.
Ao todo, 417 dos 497 municípios gaúchos — ou seja, 83,9% deles — foram afetados pelas fortes chuvas. Veja fotos de antes e depois.
Há 100 mortes registradas pela Defesa Civil no estado. Outras quatro são investigadas como suspeitas de relação com às chuvas. O estado tem 128 pessoas desaparecidas.
DESTRUIÇÃOMais de 61 mil moradias foram danificadas
A CNM (Confederação Nacional dos Municípios) registra, até o momento, um impacto das chuvas em 61,4 mil habitações no Rio Grande do Sul, sendo 55,2 mil danificadas e 6.200 destruídas.
Atualizado nesta quarta-feira (8), o levantamento da CNM indica R$ 6,3 bilhões de prejuízos financeiros, sendo o maior montante, de R$ 3,4 bilhões, referente aos danos em habitações.
A entidade acompanha diariamente a situação e pondera que os dados são parciais, uma vez que as prefeituras ainda contabilizam os danos provocados pelos temporais e enfrentam dificuldades de inserir as informações nos sistemas que reúnem esses dados.
Desde o dia 29 abril, as tempestades quem assolam o Rio Grande do Sul afetaram, segundo a CNM, 417 municípios --336 foram reconhecidos pelos governos estadual e federal em estado de calamidade pública. O estado tem 497 municípios no total.
A entidade tem cobrado mais apoio financeiro do governo federal aos municípios atingidos. Segundo a CNM, os prejuízos gerados por ocasião das enchentes de setembro do ano passado no estado chegaram a R$ 3 bilhões, mas o governo federal repassou ao estado apenas R$ 81 milhões.
Nos últimos dias, o governo federal tem divulgado medidas de apoio. Anunciou a liberação imediata de R$ 580 milhões em emendas parlamentares individuais com aplicação direta em 448 municípios. O dinheiro deve usado pelos ministérios da Saúde, Cidades, Integração e Desenvolvimento Regional, Agricultura e Pecuária, Educação, Justiça e Segurança Pública e Esporte.
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