O Brasil está vivenciando um surto de febre oropouche, com mais de 7,5 mil casos confirmados este ano, com as três primeiras mortes registradas no mundo, de acordo com o Ministério da Saúde. A maioria dos casos foram registrados na região norte, porém, já foi identificada em outras regiões do país. No estado do Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) reportou que até 31 de julho foram contabilizados 74 casos da doença.
De acordo com a Coordenadora Estadual de Arboviroses, Aline Carneiro, a doença está relacionada à sazonalidade de períodos de chuva (típicos da região Norte), onde o maruim, o inseto transmissor da doença, consegue se reproduzir em maior escala. Aline Carneiro destaca ainda que, historicamente, os vírus apresentam maior circulação nessa área, uma vez que as condições do meio ambiente favorecem seu desenvolvimento e disseminação.
A febre do oropouche é uma doença causada pelo vírus Oropouche (OROV), pertencente ao gênero Orthobunyavirus e transmitida principalmente pelo mosquito maruim (Culicoides paraensis). “De acordo com o Ministério da Saúde, o vírus foi identificado pela primeira vez no Brasil em 1960, principalmente nos estados da região norte do país. As larvas do mosquito se desenvolvem especialmente em florestas tropicais, onde as condições do meio ambiente favorecem o desenvolvimento e a proliferação”, explica.
“Aqui no Estado do Pará a gente está tendo mais casos no oeste do Pará, região próxima a Santarém, mas também já tivemos casos na região metropolitana. Não há registros de óbitos causados pela doença no estado até agora. Em outros estados, já têm óbito confirmado pela doença. Ainda é tudo muito novo, apesar de ser uma doença antiga, a gente ainda está investigando como está o comportamento dela. ”, acrescenta.
Carneiro pontua que a oropouche faz parte de um rol de doenças classificadas como arboviroses, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Até por isso, os sintomas da oropouche se confundem com o dessas outras enfermidades: febre repentina, dor de cabeça intensa, dor muscular, dor articular, tontura, dor retro-ocular, náusea, diarreia, entre outros. “Uma característica importante da febre oropouche, são as recidivas, ou seja, o retorno dos sintomas da doença de uma a duas semanas após o início da manifestação da febre”, alerta a médica.
Segundo ela, apesar do quadro clínico dos pacientes acometidos pela febre de oropouche ser semelhante ao de outras arboviroses, é importante estar atento às complicações que podem surgir. “Os quadros neurológicos como meningite ou encefalite são algumas complicações possíveis, principalmente em pacientes imunossuprimidos. Também podem ocorrer complicações hemorrágicas, caracterizadas por sangramento gengival, sangramento no nariz ou presença de manchas avermelhadas na pele”, detalha.
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COMPLICAÇÕES
A especialista ainda ressalta que o crescimento no registro de casos tem gerado preocupação, principalmente devido às complicações que a doença pode provocar. A transmissão vertical, que ocorre quando o vírus é transmitido da mãe para o filho durante a gestação, é uma das principais preocupações das autoridades de saúde atualmente. “A gente teve também um alerta para possíveis sinais de natimorto ou microcefalia para a relação. Que aconteceu em Pernambuco, e acendeu o alerta para o país todo, para todo mundo ficar em observação”, esclarece.
De acordo com ela, as confirmações acenderam um alerta de que é preciso redobrar a atenção aos cuidados com o vírus e a prevenção contra os mosquitos. “Os Estados já estão estruturando suas medidas de vigilância. O nosso montou oficialmente em janeiro deste ano. Foi a primeira do Brasil, porque a gente já vinha acompanhando que tinha uma outra doença circulando. Nesse caso, foi mais fácil para a gente montar e a gente começou a fazer as notificações e as confirmações”, diz.
Aline também indica que, ao sentir os sintomas, é necessário que o paciente procure uma unidade médica, principalmente quando há sinais de alerta. “Não existe vacina e nem tratamento específico para a doença. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico”, conclui.
PREVENÇÃO
DOENÇA
As medidas de prevenção para evitar a febre de oropouche incluem a manutenção do ambiente e a adoção de proteção individual, semelhante às utilizadas no combate à dengue. Para prevenir a doença, a população pode adotar algumas medidas, como podar árvores e arbustos para permitir uma melhor incidência de luz solar no solo e remover o acúmulo de matéria orgânica, como folhas e frutos.
É importante que terrenos abandonados sejam mantidos sem matos, conforme necessário, e o cultivo de grama pode ser eficaz para controlar a população de maruins. Também é fundamental garantir que os abrigos de animais, como cachorros, gatos, aves, suínos e bovinos, entre outros, estejam sempre limpos. Com relação às medidas de proteção individual, o uso de repelentes e roupas compridas pode ajudar a diminuir as picadas.
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