A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que o Pará registrou 160 casos de diagnóstico de HIV em pessoas com 60 anos ou mais em 2023 e 106 casos em 2024 até o mês de outubro.
Dados compilados e divulgados no final do mês passado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), a partir do Boletim Epidemiológico sobre HIV/AIDS do Ministério da Saúde, mostram que entre 2011 e 2021 houve 12.686 diagnósticos positivos para o HIV na faixa etária de pessoas a partir dos 60 anos no Brasil. Com relação à AIDS, foram notificados 24.809 casos e 14.773 mortes em decorrência da doença.
O Boletim destaca ainda que esta faixa etária é a única na qual ocorreu um aumento percentual de falecimentos por conta do HIV ao longo da década analisada (2011-2021). Para o médico geriatra e presidente da SBGG, Marco Túlio Cintra, os dados reforçam a importância da orientação das medidas preventivas, de garantir o diagnóstico precoce e o acesso aos tratamentos contínuos e especializados para a população 60+, o que inclui reforçar a adesão à terapia antirretroviral (TARV) e o tratamento de infecções oportunistas, além do acompanhamento regular com profissionais de saúde capacitados.
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“Não podemos nos esquecer da questão da saúde mental e emocional dessas pessoas, uma vez que o estigma social relacionado ao HIV e à AIDS pode afetar a autoestima e o bem-estar psicológico do idoso. Assim, esse suporte deve fazer parte do tratamento”, ressalta o presidente da SBGG. O fato merece atenção porque entre 2011 e 2021, o número de idosos que testaram positivo para o HIV quadruplicou e, de acordo com o médico geriatra, esse aumento dos casos de HIV não tem uma causa apenas.
PREVENÇÃO
Segundo o especialista, o primeiro fator está relacionado ao baixo uso de preservativos, já que não existe mais a preocupação com uma possível gravidez. “É preciso ficar claro para essa faixa etária que o preservativo não é apenas um método contraceptivo, mas também uma alternativa bastante eficaz para evitar muitas infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV”, reforça o médico ao comentar que o segundo fator é a popularização dos medicamentos contra a disfunção erétil, que prolongaram a vida sexual de muitos homens.
O geriatra Marco Túlio Cintra explica também que muitos idosos são divorciados ou viúvos, o que faz com que se sintam mais livres para outras relações e acabam se descuidando. Além disso, os aplicativos de relacionamento também auxiliam nesta jornada, facilitando os encontros. “Infelizmente, mesmo quando o idoso já apresenta sintomas, como emagrecimento acentuado, os médicos sempre suspeitarão de câncer ou outra doença, mas nunca do vírus HIV. Esse ainda é um tabu dentro dos consultórios. É mito acreditar que idosos não tenham mais libido e vida sexual ativa, e isso prejudica a prevenção da doença e o diagnóstico precoce”.
Para o médico geriatra, é preciso que as campanhas, como o Dezembro Vermelho, atinjam também os idosos, uma vez que o foco maior está nos mais jovens, o que faz com que a população idosa não seja alcançada. “Felizmente, hoje existem tratamentos eficazes com as chamadas terapias antirretrovirais, que permitem controlar a carga viral. No entanto, o uso desses medicamentos tem algumas particularidades nesta faixa etária, sendo comum que a pessoa tenha comorbidades e doenças crônicas”, afirma Marcus Túlio Cintra, ao revelar que a saída é o médico adaptar o tratamento e escolher fármacos que não prejudiquem o funcionamento dos rins, do coração ou dos ossos, por exemplo.
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Em determinados casos, por causa da interação medicamentosa, é necessário ajustar as dosagens ou os princípios ativos para controlar enfermidades como diabetes, dislipidemia e hipertensão. “O principal objetivo é não afetar a efetividade da terapia antirretroviral”.
Ação promoveu conscientização e serviços contra a doença
No Dia Mundial de Luta contra a AIDS, 1º de dezembro, houve em Belém uma importante ação de conscientização e cuidado na Praça da República. Promovido pelo Governo do Estado, o evento reuniu ONGs e movimentos sociais em uma mobilização que reforçou o compromisso com a saúde e os direitos das pessoas com HIV/AIDS.
Entre os destaques, o grupo Paravidda marcou presença levando seu projeto Caravana da Prevenção apoiado pela GSK, que ofereceu uma ampla gama de serviços à população. No evento também foram ofertados, testagens rápidas para HIV, sífilis e hepatites B e C, junto a atendimentos de autocuidado, como limpeza de pele, corte de cabelo e design de sobrancelhas.
A ação promoveu também diálogos educativos sobre prevenção e combate ao preconceito. O evento contou com a participação de representantes do Governo do Estado do Pará, além de diversos movimentos sociais que desempenharam um papel essencial no engajamento da população.
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