O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) emitiu uma nota de alerta à população sobre o uso de deepfakes na venda de medicamentos oftalmológicos sem prescrição. A prática, impulsionada pelo avanço da inteligência artificial, manipula vídeos de celebridades para promover produtos sem eficácia comprovada, que podem causar danos à visão e colocar a saúde ocular em risco.
O caso mais recente envolve a empresa Cury Vision, que divulgou vídeos manipulados nas redes sociais com personalidades de grande destaque, como Ana Maria Braga, Fábio Júnior, Fátima Bernardes e Cid Moreira. Nas publicações, ferramentas de inteligência artificial foram utilizadas para replicar a imagem e a voz dos famosos. O deepfake é uma técnica que emprega algoritmos avançados para alterar ou substituir rostos e vozes em gravações, criando uma ilusão de que são reais.
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“A venda de medicamentos sem prescrição médica sempre foi uma preocupação do CBO. Com o rápido avanço da inteligência artificial, essa vigilância se torna ainda mais importante. A manipulação de imagens é cada vez mais convincente e todos estamos vulneráveis a ser enganados. Por isso, é fundamental recorrer sempre às recomendações médicas e verificar o registro do produto na Anvisa antes de qualquer compra”, alerta Wilma Lelis Barboza, presidente do CBO.
Em novembro do ano passado, também circulou na internet um vídeo falso que simulava uma reportagem, atribuindo a pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) a testagem e recomendação de um produto chamado Lustramin. Criado com o uso de inteligência artificial, o vídeo manipulou as vozes dos especialistas para promover um medicamento sem eficácia científica.
Nos dois casos, o Departamento Jurídico do CBO ingressou com ação judicial contra as empresas envolvidas e acionou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Essas e outras ações monitorados pelo CBO frequentemente envolvem imagens manipuladas de personalidades da mídia ou de reportagens jornalísticas, com o intuito de criar uma falsa credibilidade para produtos que não trazem benefícios efetivos.
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“Além de prejudicar financeiramente as pessoas, a compra de colírios e outros medicamentos sem prescrição médica pode colocar a visão em risco. Apenas um médico oftalmologista é capacitado para avaliar e tratar a saúde dos olhos. Qualquer tratamento independente pode fazer com que os pacientes retardem diagnósticos e não percebam o avanço de doenças oculares”, explica Wilma Lelis.
Em nota, o CBO recomenda verificar o registro desses produtos, desconfiar de promessas de "curas milagrosas" e sempre consultar um oftalmologista antes de usar qualquer medicamento. Informações médicas na internet podem ser manipuladas, por isso, é importante buscar orientação profissional. Confira a nota na íntegra:
NOTA DE ALERTA À POPULAÇÃO
Oftalmologistas reforçam alerta contra deepfakes e destacam a importância da prescrição médica para o uso de medicamentos
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) alerta sobre a crescente circulação de vídeos manipulados por Inteligência Artificial (IA), que estão sendo utilizados para promover produtos oftalmológicos não certificados. Esses vídeos, produzidos por meio da técnica de deepfake, têm enganado consumidores ao criar uma falsa impressão de veracidade, levando-os a adquirir medicamentos ineficazes e potencialmente prejudiciais à saúde ocular.
Com o objetivo de proteger a população e garantir o uso de produtos seguros, o CBO orienta os consumidores e profissionais da saúde sobre como se prevenir contra esses riscos.
- 1 - Verifique o registro na ANVISA: Antes de adquirir qualquer colírio ou outro produto para os olhos, certifique-se de que o produto está devidamente certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para isso, basta acessar o site oficial www.gov.br/anvisa e verificar o número de registro do produto.
- 2 - Desconfie de produtos "milagrosos": Produtos que se apresentam como soluções inovadoras e inéditas, frequentemente não possuem número de registro ou utilizam números falsificados. Estes produtos não passam pela análise criteriosa e não têm sua composição ou métodos de fabricação certificados como seguros e eficazes.
- 3 - Riscos à saúde ocular: Produtos sem o devido registro podem conter substâncias tóxicas, alergênicas ou irritantes, o que pode levar a complicações como infecções, inflamações, alergias e até lesões oculares graves.
- 4 - Falta de comprovação científica: Não há estudos clínicos que comprovem a eficácia desses produtos, o que coloca a saúde dos pacientes em risco. Desconfie de mensagens que prometem cura ou resultados imediatos.
- 5 - Evite abandonar tratamentos médicos: O uso de produtos não regulamentados pode induzir ao erro, fazendo com que o paciente abandone um tratamento médico adequado e utilize substâncias que podem postergar a cura ou causar sérios problemas de saúde.
- 6 - Consulte sempre um oftalmologista: Para qualquer problema ocular, a orientação de um médico oftalmologista é fundamental. Somente ele pode avaliar corretamente a saúde dos seus olhos e recomendar os tratamentos mais seguros.
- 7 - Cuidado com informações na internet: Informações sobre produtos médicos divulgadas em redes sociais ou sites podem ser manipuladas ou mal interpretadas, prejudicando a saúde. Sempre busque fontes confiáveis e consulte um profissional.
O CBO reforça seu compromisso em promover a educação e a segurança ocular da população. A entidade segue adotando esforços jurídicos, como ações legais contra a disseminação de fake news, para proteger os pacientes e garantir que a prática oftalmológica no Brasil se mantenha dentro dos parâmetros éticos e científicos.
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