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NEGLIGÊNCIA

Menino sente gosto ruim na boca e morre “comido” por bactéria

Miguel Fernandes Brandão, de 13 anos, morreu em um hospital de Brasília; Médicos apontaram que mãe do menino estava "ansiosa" no prontuário médico

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Imagem ilustrativa da notícia Menino sente gosto ruim na boca e morre “comido” por bactéria camera Menino morreu após quase um mês internado. | Reprodução

Muitas vezes crianças e adolescentes expressam dores ou sintomas de doenças de diversas formas, algumas até mesmo incomuns, mas que devem ser levadas a sério para o êxito de tratamentos médicos.

No entanto, a queixa de Miguel Fernandes Brandão, de 13 anos, não teria sido ouvida por médicos do Hospital Brasília, no Distrito Federal, e o jovem faleceu em novembro de 2024, vítima de complicações causadas por uma infecção bacteriana. A mãe, Genilva Fernandes, e o pai, Fábio Luiz Brandão, acusam o Hospital e os médicos que atenderam o menino de negligência.

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Sintomas semelhantes à Covid

De acordo com Genilva, Miguel deu entrada no Hospital de Brasília no dia 14 de outubro de 2024, com sintomas que mãe associou a uma gripe ou Covid, como: gosto ruim na boca, febre e espirros. Na unidade de atendimento, uma médica disse que o gosto ruim era da secreção do nariz, mas os pais duvidaram e disseram que o filho reclamava da garganta, sem conseguir engolir saliva, sempre cuspindo.

"O nariz dele estava bem inchado, como nunca ficou antes em nenhum caso de alergia que ele já teve", conta a mãe.

Miguel tomou remédio contra febre e foi liberado, mas na mesma noite a febre voltou e os remédios já não funcionavam mais. Quando acordou, o menino estava com sintomas mais intensos: vômito, diarreia e fraqueza nas pernas. Precisou sentar numa cadeira para tomar banho. "Ele não conseguia andar do banheiro para a cama”, disse Genilva.

Os pais voltaram com o menino ao hospital e uma médica demonstrou preocupação ao atendê-lo e, após realizar um exame de sangue, disse aos pais que dependendo do resultado ele poderia ser levado à Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Mas, na troca de plantão, uma nova médica assumiu o caso.

Segundo Genilva, os exames de Miguel deram uma pequena alteração, e o corpo do menino empolou com diversos carocinhos espalhados, além dos linfonodos do pescoço inchados. O teste de covid deu resultado negativo, então a médica sugeriu fazer o painel viral, em que um único exame avalia a presença de diferentes vírus. Mas a coleta demorou. "Quando dei por mim, já tinha trocado o plantão, e a médica saiu sem pedir o mapa viral, não falou qual horário ia sair e nem quem ia ficar com o caso do meu filho."

Pelo estado de Miguel, ela ficou na expectativa de ele ir para a UTI, mas foi encaminhado para internação em quarto de adulto porque, segundo a equipe, não tinha vaga na pediatria.

“Ansiedade materna”

No dia seguinte, outro médico avaliou Miguel e também sugeriu um quadro viral. incluindo gastroenterite, uma infecção intestinal. O tratamento seria "hidratação e medidas de suporte". No prontuário enviado por Genilva para o UOL, a médica descreve que avaliou o paciente "devido ansiedade materna" e que "explicou várias vezes o quadro".

Um novo exame foi realizado em Miguel após insistência da mãe, mas o resultado demoraria sete dias para ficar pronto. Segundo Genilva, o menino continuava com febre alta e outros sintomas, que não foram investigados pela equipe médica.

Piora repentina

Três dias após a internação do filho, Genilva começou a sentir sintomas semelhantes com febre e tosse incessante, mas seguiu acompanhando Miguel. O menino estava com a barriga inchada, que segundo um médico era por estar deitado há muito tempo. "Pedi um raio-X, mas o médico falou 'para quê expor à radiação à toa?', e não pediu mais exame, sempre afirmando quadro viral, mas o resultado nem tinha saído ainda”, conta a mãe.

Miguel começou a passar muito mal e a equipe de UTI foi acionada. Eles chegaram com equipamento de oxigênio para levá-lo, com o corpo roxo e a barriga mais inchada. Miguel foi intubado, colocado em sondas, e novos exames foram feitos.

Para Genilva, a piora de Miguel foi brusca. Antes da intubação, ela conversou com o filho. "A mamãe vai ter de sair, o médico vai fazer um procedimento para você ficar melhor. Pensa em uma viagem que a gente fez que você gostou, fecha o olhinho. Mamãe e papai te amam, você é nossa vida", disse ao menino. "Ele olhou pra gente e não falou nada”.

Na UTI, Miguel teve três paradas cardíacas, a primeira de 24 minutos e outras de oito e cinco minutos. Medicado com antibióticos "para atingir o maior número de bactérias", ele só foi diagnosticado com Streptococcus pyogenes no dia 20 de outubro, pela manhã.

Genilva, que estava com sintomas semelhantes, também chegou a ser internada, mas como tomou antibióticos não teve piora no quadro. Ela foi diagnosticada com a mesma infecção bacteriana do filho.

Falecimento

Os rins, o pulmão, o fígado e o cérebro de Miguel foram comprometidos. A pele necrosou e foi preciso raspá-la. Costas, nádegas e saco escrotal ficaram em carne viva, e ele teve hemorragia. Genilva conta que ele teve a bexiga perfurada durante a troca da sonda, causando mais perda de sangue e outro choque séptico.

O menino não resistiu e faleceu no sábado, 9 de novembro, e foi enterrado no dia seguinte. A mãe tem muitas perguntas sem respostas. "Quando ele foi infectado pela bactéria? Por que a demora para fazer exames? Por que não me ouvir? Isso é muito revoltante”, afirmou a mãe.

Hospital se pronuncia

O Hospital Brasília, em comunicado ao UOL, afirmou que “Lamentam profundamente o óbito do adolescente Miguel Fernandes. Apesar dos esforços de nosso corpo clínico, infelizmente não foi possível reverter o quadro infeccioso que o acometeu”. Eles também afirmam que realizarão uma "rigorosa análise do atendimento realizado" está em andamento, durante o qual os profissionais envolvidos no caso ficarão afastados. Sobre o termo "ansiosa" no prontuário médico, o hospital pede desculpas pelas "anotações inadequadas" acerca das preocupações da mãe.

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