
Uma investigação da Polícia Federal revelou o uso indevido de um programa espião pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que monitorava autoridades brasileiras e do Paraguai. A descoberta partiu da análise de registros de uso do FirstMille, um software de vigilância capaz de rastrear celulares em tempo real, e deu origem ao inquérito nomeado de Abin Paralela.
As buscas feitas por agentes da Abin no programa levantaram suspeitas após a PF identificar registros ligados à espionagem contra o governo do Paraguai. Embora o FirstMille não tenha sido usado diretamente na ação que invadiu sistemas paraguaios, onde outras ferramentas como o Cobalt Strike foram empregadas, ele teria baseado outras operações anteriores que contribuíram para a ofensiva.
O levantamento dos chamados “logs”, que são os registros de buscas feitas no sistema, permitiu que a PF pudesse mapear o contexto em que cada pesquisa foi realizada, o que acabou ligando a Abin a ações clandestinas e fora das atribuições legais.
No início das investigações, em 2024, a própria Abin colaborou com informações, mas parte dos dados era insuficientes ou incompletos. Diante disso, a PF precisou seguir com as investigações por contra própria e intimou servidores responsáveis pela gestão do programa para esclarecer as circunstâncias do uso do software.
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Durante os depoimentos, agentes relataram que dados obtidos com o FirstMille, que foi desativado oficialmente em 2021, foram utilizados em operações realizadas já no governo do presidente Lula. Um documento enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) em 2023 pelo atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, confirma que as informações continuaram em uso mesmo após o fim da ferramenta.
Para a Polícia Federal, o uso do FirstMille caracteriza uma violação das atribuições da agência de inteligência. Cerca de 30 mil registros de buscas foram encontrados no sistema. No entanto, esse número não indica a quantidade de pessoas monitoradas, já que várias consultas poderiam se referir a um mesmo alvo ou ter sido repetidas em diferentes contextos operacionais.
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Entre os nomes identificados nos registros constavam pessoas com nomes idênticos ao de figuras públicas como o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, e Adélio Bispo, autor do atentado contra Jair Bolsonaro em 2018.
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