
No cruzamento entre moda, periferia e controvérsia, uma imagem pode ser suficiente para incendiar debates nas redes sociais. A relação entre artistas de origem periférica e marcas consagradas tem provocado reações acaloradas, especialmente quando figuras públicas carregam em sua trajetória histórias complexas - ou conexões familiares polêmicas. Foi nesse cenário que a marca Osklen viu seu nome envolvido em um debate acirrado nesta semana.
Na última terça-feira (3), a grife brasileira decidiu apagar uma publicação feita no Instagram após receber uma onda de críticas. O post polêmico mostrava o rapper Oruam vestindo uma peça de seda da marca, em um ensaio recente realizado para a revista britânica Dazed. As imagens, assinadas pelo fotógrafo Pedro Napolinário, rapidamente viralizaram e geraram intensas reações, sobretudo no X (antigo Twitter), onde muitos acusaram a marca de "apoiar a bandidagem" e o tráfico de drogas.
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A principal controvérsia girou em torno da biografia de Oruam. Apesar de ser um dos principais nomes do rap nacional atualmente, com mais de 11 milhões de ouvintes mensais em plataformas de streaming, o artista também é filho de Marcinho VP, traficante preso há quase três décadas e apontado como um dos líderes da facção Comando Vermelho.
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"LEITURAS DIVERGENTES"
Diante da repercussão negativa, a Osklen se pronunciou. “A publicação no Instagram não teve como objetivo manifestar qualquer posicionamento em relação ao personagem, mas divulgar a presença da marca nessa publicação internacional”, informou a marca em comunicado oficial. A empresa completou: "Retiramos o post do ar pois entendemos que a publicação trouxe leituras divergentes em relação ao nosso objetivo."
Oruam, por sua vez, tem se mantido em evidência, especialmente após sair em defesa de MC Poze do Rodo - que foi preso por apologia ao crime, mas foi libertado na mesma terça-feira. A relação entre os dois e o envolvimento de ambos em narrativas que exploram o cotidiano das favelas brasileiras têm despertado debates sobre a fronteira entre arte, denúncia social e suposta apologia ao crime.

PROPOSTA ESTÉTICA
No editorial da Dazed, a proposta estética foi justamente retratar a periferia brasileira a partir do olhar de quem vive essa realidade. Oruam compartilhou suas visões sobre moda, cultura e resistência, além de comentar sobre o chamado “Projeto de Lei Anti-Oruam”, uma alusão ao nome de uma de suas faixas mais ouvidas e que carrega forte tom de crítica social.
A reação do público, no entanto, mostra que a presença de artistas periféricos em espaços consagrados da moda ainda suscita resistências - principalmente quando o debate extrapola a arte e alcança o campo político e moral.

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