
Momentos antes do crime brutal que abalaria Fortaleza, no Ceará, no último dia 9 de julho, a enfermeira neonatal Clarissa Costa Gomes, de 31 anos, enviou um “SOS” para uma amiga durante uma reunião virtual, já sob forte tensão dentro da própria casa, no bairro Jardim Cearense. Minutos depois, ela foi cruelmente assassinada com 34 facadas.
A denúncia apresentada nesta quinta-feira (18) pelo Ministério Público do Ceará (MP-CE) atribui o crime ao namorado da vítima, Matheus Anthony Queiroz, de 26 anos. A promotora Márcia Lopes Pereira, responsável pelo caso, sustenta que o relacionamento, que durava cerca de dois anos, era marcado por ciúmes, controle e sinais evidentes de abuso emocional. Amigas próximas relataram que Clarissa já demonstrava a intenção de romper o namoro e vinha se tornando mais fechada e introvertida.
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“Algumas pessoas próximas à vítima já haviam reconhecido sinais de que se tratava de um relacionamento abusivo e possessivo”, relata a denúncia.
Últimos sinais: pedido silencioso de ajuda
No dia do crime, Clarissa chegou em casa com Matheus por volta das 13h30. Às 14h, ela participou de uma reunião virtual de trabalho, mantendo câmera e microfone desligados. Interagiu apenas pelo chat de mensagens.
Foi nesse ambiente que, por volta das 15h, ela digitou a palavra “SOS” a uma das colegas presentes na reunião. Segundo a denúncia, a mensagem foi inicialmente interpretada como uma referência ao conteúdo da reunião, o que impediu uma reação imediata.
Logo depois, às 15h20, vizinhos ouviram Clarissa chorando e gritando por socorro: “Me solta, vai me matar!”.
Execução e fuga
Segundo o MP-CE, Matheus reagiu ao fim do relacionamento com extrema violência. Ele teria se apossado de uma faca guardada na geladeira da casa da mãe da vítima e desferido dezenas de golpes. O laudo confirmou 34 perfurações por faca, além de evidências de espancamento anterior à morte.
Mesmo diante da brutalidade do ato, o réu demonstrou frieza: tomou banho, trancou a casa, fugiu levando a faca e uma toalha de uso pessoal.
“A motivação do crime é torpe, baseada na insatisfação do réu com o fim do relacionamento, demonstrando desprezo pela autonomia e pela vida da vítima”, afirma o MP.
A promotoria também requereu indenização mínima de R$ 40,5 mil por danos materiais, além de compensação por danos morais à família.
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Repercussão e dor
A tragédia causou comoção em Fortaleza. Clarissa atuava em dois hospitais públicos — o Hospital Geral de Fortaleza e o Hospital César Cals — e era muito querida entre colegas e pacientes. A cantora Juliette Freire, campeã do BBB 21, que tem ligação com uma das amigas de Clarissa, gravou um vídeo emocionado lamentando o feminicídio.
“A gente nunca soube de absolutamente nada, se era um relacionamento tóxico. Nunca teve um sinal. E agora a gente acorda com essa notícia, se perguntando: será que não percebemos? Será que não houve um pedido de socorro?”, disse Juliette.
Processo segue acelerado
O caso integra o programa Tempo de Justiça, uma força-tarefa entre MP-CE, Tribunal de Justiça do Ceará, Defensoria Pública e Governo do Estado para dar celeridade a processos de crimes dolosos contra a vida.
Matheus continua preso preventivamente. Até o momento, não há advogado constituído nos autos, o que impede o contraditório formal.
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