
Com o objetivo de acolher mulheres vítimas de violência e promover a espiritualidade feminina, o bruxo Wilian Brito, mais conhecido como Malagueta, fundou a "Igreja da Pombagira" em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Inaugurado em janeiro de 2023, o local se dedica à figura da pombagira, uma entidade espiritual associada à força e à ancestralidade feminina. A igreja, de matriz quimbanda, tem como missão também combater o preconceito e oferecer proteção às mulheres, especialmente as que sofrem abusos de diferentes naturezas.
Em uma tentativa de desmistificar a associação negativa de religiões de matriz africanas com práticas malignas, Malagueta explica que o uso do termo "igreja" é para evidenciar que o local não cultua o diabo nem questões malignas. "As pessoas chamam de 'centro de macumba', mas a verdade é que não estamos aqui para adorar o mal", afirmou. Segundo ele, a Igreja da Pombagira tem como objetivo ser um espaço de acolhimento, onde os fiéis possam praticar a fé de forma segura e respeitosa.
O espaço religioso conta com uma estátua de pombagira de nove metros de altura e foi idealizado como um refúgio para mulheres em situações de abuso, principalmente psicológico, algo que, de acordo com Malagueta, "ainda é muito subestimado na sociedade". A igreja segue os princípios da quimbanda, uma religião afro-brasileira, e visa reforçar a importância de um espaço sagrado para mulheres que buscam por força, proteção e espiritualidade.
Conteúdos relacionados:
- VÍDEO: Homem despenca em buraco de escada rolante ao tentar capturar cobra
- Érika Hilton processa Fontenelle após ofensas racistas
- Cliente encontra cobra dentro de saco de alface que levou para casa
Preconceito religioso
Embora a igreja tenha conquistado alguns fiéis, ela também enfrenta resistência e críticas, especialmente de outros grupos religiosos. Malagueta relatou para um portal de notícias já ter sido abordado pessoalmente por um pastor, que tentou "expulsar o espírito da pombagira" do corpo dele, episódio que gerou grande repercussão nas redes sociais. O vídeo chegou a atingir quase cinco milhões de visualizações, mas foi removido por suposta intolerância religiosa após denúncias de internautas.
"Estamos sendo constantemente atacados, principalmente nas redes sociais. Nossa conta foi banida em diversas plataformas", lamenta o bruxo, que disse que sente o preconceito religioso contra a crença seguida por ele. "É uma intolerância que acontece não só online, mas também na vida real, e isso dificulta muito o nosso trabalho", completou.
Desafios na prática
Apesar de o projeto ter sido planejado como um espaço de acolhimento para mulheres em situação de violência, Malagueta revelou que a procura tem sido muito abaixo do esperado. "A princípio, imaginávamos que muitas mulheres viriam até nós em busca de ajuda, mas até agora a demanda tem sido muito pequena, e a maior parte do apoio chega de forma virtual", disse.
De acordo com ele o preconceito ainda é um dos principais fatores que impedem que o público se aproxime fisicamente da igreja, embora o atendimento à distância tenha sido oferecido para mulheres de outros estados.
"É frustrante, pois contávamos com um maior número de pessoas buscando ajuda. Contudo, temos certeza de que, com o tempo, as pessoas começarão a entender a proposta da nossa casa", afirmou. A igreja também oferece atendimento psicológico e jurídico para as mulheres, com apoio de uma equipe composta por profissionais das áreas de saúde e direito.
Quer mais notícias direto no celular? Acesse nosso canal no WhatsApp!
Planos de expansão da Igreja da Pombagira
Com um investimento superior a R$ 500 mil, Malagueta revelou que a igreja continua com planos de expansão. Além da "Igreja da Pombagira" em Porto Alegre, a Casa da Pombagira, em Canoas, também está sendo reformada após ser destruída pelas enchentes de 2024. Malagueta também projeta expandir o modelo para outros estados, com a intenção de fortalecer a compreensão sobre a espiritualidade de matriz africana e promover a valorização da mulher.
A obra segue em desenvolvimento e a igreja promete ainda mais investimentos para melhorar a infraestrutura, como a construção de cabanas e o fechamento do terreno, que deve custar cerca de R$ 120 mil.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar