
Moradores do condomínio Solar de Brasília, onde o ex-presidente Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde a última segunda-feira (4), têm manifestado incômodo com a movimentação de apoiadores e o aumento da presença policial na região. As queixas foram feitas em um grupo de WhatsApp chamado “Assuntos Gerais Solar BSB” e divulgadas pelo jornal O Tempo.
Residentes relatam buzinaços, gritaria, dificuldade de acesso e até medo de que novos acampamentos sejam montados na porta do condomínio, localizado no Jardim Botânico, uma das áreas mais nobres da capital federal. “Tá uma loucura aqui fora!! Quero chegar em casa. Buzinaço, polícia, corneta, um inferno”, escreveu um dos moradores. Outra pessoa respondeu: “Eu só quero chegar em casa. O trânsito não anda”.
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As preocupações se intensificaram diante da possibilidade de manifestações se tornarem permanentes. Um morador alertou que, se um acampamento for montado, “ninguém entra mais”. Em tom de desabafo, outro integrante do grupo ironizou: “Ele vai pra lá [Papuda] mesmo, não é? Ao menos dá logo sossego pra gente e pra mais 200 milhões”.
O síndico do condomínio precisou intervir nas discussões e enviou uma mensagem reforçando que o grupo é destinado a temas cotidianos, como “troca de informações sobre regularização, sobre problemas enfrentados na sua quadra com animais, enfim, para socializar e integrar nossos moradores, nossa sociedade, mantendo o respeito entre vizinhos!” e pediu o fim das discussões políticas. Em resposta, um morador ironizou: “Talvez a gente possa enquadrar essa discussão em 'problemas enfrentados na sua quadra com animais'”.
A casa onde Bolsonaro cumpre prisão domiciliar está situada a cerca de 10 km do Congresso Nacional e foi alugada com recursos do PL, partido do qual ele é presidente de honra. Apesar da proximidade com o centro político do país, o local antes tranquilo passou a ser alvo de grande atenção desde a chegada do ex-presidente.
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Prisão domiciliar e nova crise
A decisão de colocar Bolsonaro em prisão domiciliar partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob a justificativa de “reiterado descumprimento de medidas cautelares”. A gota d’água foi a participação do ex-mandatário, por telefone, em um ato realizado no domingo (3) na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, que pedia anistia para investigados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
No vídeo, divulgado e posteriormente apagado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente saúda manifestantes e afirma que o protesto é “pela nossa liberdade, pelo nosso futuro e pelo Brasil”. Apesar da exclusão da postagem, ministros do STF consideraram que a participação representou violação das restrições impostas pelo próprio tribunal.
Além da prisão domiciliar, Bolsonaro está proibido de manter contato com outros investigados no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado, bem como de utilizar redes sociais.
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