
Eles prometiam ganhos rápidos, vidas luxuosas e resultados fáceis. Mas, por trás das promessas que viralizaram nas redes sociais, a Polícia Civil do Rio de Janeiro afirma ter descoberto um esquema de apostas ilegais que movimentou bilhões. A Operação Desfortuna, deflagrada nesta quinta-feira (7), tem como alvos influenciadores digitais conhecidos e empresas que estariam envolvidas na promoção irregular de jogos de azar on-line.
Entre os nomes investigados estão Bia Miranda, Gato Preto, Jenny Miranda, que é mãe de Bia Miranda, e os influenciadores Maurício Miranda Júnior, conhecido como Maumau, Lorrany, Luiza, Micaell Santos, Nayala Duarte, Paola, Paulina Attaide, Rafael Buarque, Tailane Garcia, Tailon e Vanessa. De acordo com a Polícia Civil, todos são suspeitos de fazer parte de um esquema estruturado para promover jogos como o popular “Jogo do Tigrinho” - também conhecido pelo nome original, Fortune Tiger.
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AÇÕES EM TRÊS ESTADOS
A operação foi realizada de forma simultânea nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Policiais da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) cumpriram 31 mandados de busca e apreensão contra 15 investigados, a maioria influenciadores que, somados, possuem cerca de 20 milhões de seguidores no Instagram.
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Durante uma das diligências, na casa de Maumau em São Paulo, os agentes encontraram uma arma de fogo. Ele foi conduzido até a delegacia para prestar esclarecimentos. Também foram autorizadas pela Justiça a quebra de sigilo fiscal de fintechs ligadas ao caso.
PROMESSA DE LUCROS FÁCEIS
Segundo as investigações, os influenciadores usavam suas plataformas para prometer lucros fáceis aos seguidores, atraindo-os para sites de apostas não regulamentados. "No decorrer das investigações, foram identificados sinais claros de enriquecimento incompatível com a renda declarada pelos influenciadores, que ostentavam nas redes sociais estilos de vida luxuosos, com viagens internacionais, veículos de alto padrão e imóveis de alto valor", afirmou a Polícia Civil em nota.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontam que, entre 2022 e 2024, os investigados movimentaram aproximadamente R$ 40 milhões em contas pessoais. O volume total de recursos que teria passado pelo esquema, de acordo com estimativas da polícia, pode chegar a R$ 4,5 bilhões.
GANHANDO COM AS PERDAS DOS USUÁRIOS
Outro ponto investigado é se os influenciadores recebiam comissões baseadas nas perdas dos usuários que acessavam os jogos por meio de seus links de divulgação. Em alguns casos, os investigados teriam sido contratados para fazer a publicidade e, simultaneamente, movimentavam grandes valores em nome próprio.
Além da DCOC-LD, participam da operação o Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA) e o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro (Lab-LD), que atuam no rastreamento financeiro do caso.
"JOGO DO TIGRINHO" NO CENTRO DA INVESTIGAÇÃO
O foco principal da operação é o “Jogo do Tigrinho”, um jogo de azar on-line em que o jogador tenta alinhar três figuras idênticas nas fileiras do cassino virtual. Apesar de prometer retornos atrativos, o game é ilegal no Brasil por depender exclusivamente da sorte, o que o caracteriza como jogo de azar segundo a Lei de Contravenções Penais.
O Fortune Tiger viralizou com a ajuda de uma intensa campanha digital, promovida por influenciadores e apostadores que alegavam ter descoberto "táticas" para vencer. A prática difere das apostas esportivas regulamentadas no Brasil, conhecidas como bets, onde o resultado é vinculado a eventos reais e públicos, como partidas de futebol.
OUTRAS PLATAFORMAS ILEGAIS
Além do "Jogo do Tigrinho", outros games similares também têm gerado prejuízos a usuários, como o Spaceman, Aviator, JetX e Mines, que prometem ganhos multiplicados, mas podem provocar perdas totais com um único clique errado.
A reportagem entrou em contato com os influenciadores mencionados, mas ainda não obteve resposta. Enquanto isso, a Polícia Civil segue aprofundando as investigações, com expectativa de novas revelações nas próximas fases da operação.
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