Cientistas da Amazônia entregam carta à presidência da COP30

Durante o Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP 30, que ocorre nesta semana em Manaus, pesquisadores protagonizaram um momento histórico para a ciência brasileira.

71 instituições da região se uniram para redigir e entregar oficialmente uma carta da comunidade científica e tecnológica da Amazônia ao presidente da COP 30, embaixador André Corrêa do Lago, nesta quarta-feira (20).

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O documento representa o trabalho colaborativo que inclui universidades, institutos de pesquisa, centros tecnológicos e movimentos sociais, que durante meses desenvolveram propostas concretas para a implementação da NDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas) Brasileira para o período 2025-2035.

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A cerimônia de entrega contou com a presença de autoridades de destaque, incluindo a primeira-dama Janja Lula da Silva, enviada especial para Mulheres da COP 30, e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos.

Carta da Amazônia: décadas de pesquisa em um documento

O reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), professor Gilmar Pereira, que integrou o grupo responsável pelas discussões, enfatizou a relevância do trabalho: "A carta é o resultado de décadas de pesquisa na região amazônica, reunindo um patrimônio de ideias valiosas, reflexões e propostas que entregamos à presidência da COP30."

O documento não representa apenas mais um texto acadêmico, mas sim centenas de pesquisadores dedicados que acreditam na ciência como alicerce fundamental para conter as mudanças climáticas globais.

Mudanças climáticas impactam comunidades vulneráveis

Durante seu discurso, a primeira-dama Janja Lula da Silva destacou a conexão entre os saberes da floresta e a ciência acadêmica, alertando para os impactos desproporcionais das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis.

"Os problemas trazidos pelas mudanças climáticas afetam diretamente as comunidades mais pobres, principalmente as mulheres", ressaltou Janja, que fez questão de ouvir populações das periferias e povos tradicionais durante sua visita a Manaus.

A reitora da UFAM, Tanara Lauschner, expressou a honra da universidade em sediar o encontro preparatório: "A UFAM nasceu no coração da Amazônia e carrega o compromisso com a ciência, a educação e o desenvolvimento regional. Este momento é único para afirmar que a Amazônia fala pela sua própria voz."

Brasil como líder mundial em soluções climáticas

O secretário executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), Olavo Noleto Alves, destacou o potencial de liderança brasileira: "É possível o Brasil liderar o mundo, construindo juntos, de maneira cooperativa, na pluralidade e para além da divergência, grandes caminhos para o tema da mudança climática."

O trabalho intensivo resultou em mais de 400 páginas de propostas e pesquisas, condensadas em dois meses de trabalho colaborativo e dois dias de seminário intensivo.

COP 30: oportunidade histórica para o Brasil

Ao receber o documento, o presidente da COP 30, André Corrêa do Lago, demonstrou entusiasmo com a contribuição científica brasileira: "O Brasil tem ciência sim! Nós temos orgulho disso pelo Brasil inteiro."

Corrêa do Lago enfatizou o impacto transformador que a realização da COP na Amazônia terá para o país: "A maioria dos brasileiros não tem noção do que se faz na Amazônia e estamos todos aprendendo. Essa região inacreditável, associada a problemas e desafios, é a região de onde vão sair algumas das maiores soluções para o mundo inteiro."

O presidente da conferência fez um chamado à participação ampla: "Venham para a COP, é essencial que vocês venham. Essa tem que ser uma COP inclusiva e nós temos que juntar o Brasil para mostrar ao mundo que estamos unidos em torno da Amazônia."

A COP 30 representa uma oportunidade única para o Brasil demonstrar seu protagonismo nas soluções climáticas globais, tendo a Amazônia como epicentro das discussões sobre o futuro do planeta.