
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou neste domingo (21), às 10h, para os Estados Unidos, em sua primeira viagem ao país desde a imposição do tarifaço de 50% por parte do governo norte-americano. A medida, anunciada recentemente, acirrou tensões comerciais entre os dois países, especialmente no setor de aço e alumínio. Apesar disso, Lula manterá a agenda diplomática e participará da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que acontece de 22 a 24 de setembro, em Nova York.
O presidente será acompanhado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, além de outros ministros e especialistas que compõem a comitiva brasileira. Como manda a tradição desde 1955, o Brasil será o primeiro país a discursar na abertura do debate geral da ONU.
Lula fará seu pronunciamento na manhã de terça-feira (23), logo após os discursos do secretário-geral da ONU, António Guterres, e da presidente da 80ª Assembleia Geral, Annalena Baerbock. O discurso brasileiro costuma ser um dos momentos mais esperados do evento, e este ano deve abordar temas como desigualdade social, meio ambiente, economia global e multilateralismo.
Além de apresentar prioridades da política externa brasileira, o presidente deve participar de encontros que discutem desde o cenário na Palestina até a crise climática, em preparação para a 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30), que ocorre em Belém em novembro.
Conteúdos relacionados:
- Influenciador trumpista Charlie Kirk é baleado e morto em evento
- Casa Branca ameaça Brasil ao defender "liberdade de expressão"
Palestina
Durante a viagem a Nova York, Lula participa, na segunda-feira (22), da segunda sessão da Confederação Internacional de Alto Nível para Resolução Pacífica da Questão Palestina e a Implementação da Solução de Dois Estados, convocada pela França e pela Arábia Saudita.
Segundo o Itamaraty, o governo brasileiro espera que o momento sirva de oportunidade para que mais países reconheçam a Palestina como Estado – além do Brasil, outras 147 nações já reconhecem a Palestina. Países como França, Reino Unido, Canadá e Portugal manifestaram interesse em fazer o mesmo durante o encontro da ONU.
Democracia
Na quarta-feira (24), o presidente participa da segunda edição do evento Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo, acompanhado de representantes de cerca de 30 países. Além do Brasil, lideram a iniciativa os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Espanha, Pedro Sánchez.
De acordo com o Itamaraty, a iniciativa pretende avançar em uma diplomacia ativa, que promova a cooperação internacional contra a deterioração das instituições, a desinformação, o discurso de ódio e a desigualdade social. O primeiro encontro sobre democracia ocorreu no Chile, em julho, quando foi publicada uma declaração conjunta.
Quer saber mais notícias do Brasil? Acesse nosso canal no Whatsapp
Crise climática
Também no dia 24, um evento sobre crise climática – outra prioridade da agenda de Lula em Nova York – será copresidido pelo Brasil e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O encontro deve incluir a apresentação de novas contribuições nacionalmente determinadas (NDC, na sigla em inglês).
O presidente ainda participa, em Nova York, de evento organizado pelo Brasil para ampliar o apoio à construção do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, a ser lançado em Belém com o objetivo de financiar a preservação de florestas. Outra agenda é o encontro promovido pelo Centro Global de Adaptação para discutir mecanismos de adaptação à mudança climática.
A delegação brasileira também deve participar, a partir do dia 22 de setembro, da Semana do Clima de Nova York 2025. O encontro, que promove cerca de 500 eventos com lideranças de governos e da sociedade civil do planeta, ocorre desde 2009 de forma simultânea à Assembleia Geral da ONU e serve como evento preparatório à COP30.
Relembre o motivo do tarifaço imposto pelos EUA
O tarifaço de 50% sobre o aço e o alumínio brasileiros foi anunciado pelo governo dos Estados Unidos com o argumento de proteger a indústria nacional, considerada estratégica para a segurança econômica e militar do país. A medida tem origem no governo do ex-presidente Donald Trump, que adotou uma política comercial protecionista, impondo tarifas a diversos países, inclusive o Brasil, sob alegação de prática de dumping, quando produtos são exportados a preços considerados desleais, prejudicando os concorrentes locais.
A política voltou a ganhar força em 2025, mesmo sob a administração do democrata Joe Biden, gerando críticas por parte do governo brasileiro e reacendendo o debate sobre a necessidade de revisão nas regras de comércio internacional.
Além dos motivos comerciais, as taxações também foram interpretadas pelo Palácio do Planalto como uma tentativa de pressão política. Segundo interlocutores do governo, a medida teria sido uma resposta indireta à condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, sentenciado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado. A avaliação é de que o endurecimento da política comercial norte-americana com o Brasil possa ter motivações diplomáticas não declaradas.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar