
Às vezes, a rotina da vida pública parece distante da violência que explode nas ruas, até que um caso se torna impossível de ignorar. No coração de São Paulo, a história de um lutador morto em uma noite de balada trouxe à tona a atuação de um oficial que não correspondeu aos padrões esperados de sua função.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) oficializou a exoneração do tenente Henrique Otávio Oliveira Velozo, acusado de matar o lutador de jiu-jítsu Leandro Lo, em 2022, com um tiro na cabeça durante uma discussão em uma balada na zona sul da cidade. A decisão foi publicada no Diário Oficial em 19 de setembro, seguindo determinação do Tribunal de Justiça Militar (TJM-SP) tomada em junho deste ano.
CONTEÚDO RELACIONADO
- Ex-delegado assassinado estava na mira de facção criminosa, aponta documento
- Quadrilha usava disfarces para desviar benefícios sociais
- Brasil vai às ruas contra PEC da Blindagem e PL da Anistia; confira
O TJM qualificou as ações do policial como "desonrosas" e "incompatíveis" com o cargo, com todos os sete desembargadores votando pela perda da patente e do posto de Velozo. O lutador tinha 33 anos quando foi assassinado na madrugada de 7 de agosto de 2022, após um show do grupo de pagode Pixote no Esporte Clube Sírio, bairro Planalto Paulista.
Quer mais notícias nacionais? Acesse o canal do DOL no WhatsApp.
Segundo a investigação, após o crime, o tenente deixou o local, dirigiu-se a um prostíbulo e depois foi para um motel na marginal Pinheiros, antes de se entregar à Corregedoria da Polícia Militar naquela mesma noite. O policial permanece preso preventivamente no Presídio Militar Romão Gomes, destinado a membros da corporação.
Em entrevistas anteriores, o advogado Claudio Dalledone, que representa Velozo, afirmou que seu cliente agiu em legítima defesa.
QUEM ERA LEANDRO LO
Leandro Pereira do Nascimento Lo, conhecido mundialmente como Leandro Lo, iniciou sua jornada no jiu-jítsu aos 14 anos através do projeto social Lutando Pelo Bem, coordenado pelo professor Cícero Costha. O atleta conquistou a faixa preta em 2010, abrindo caminho para uma carreira repleta de vitórias.
Ao longo de sua trajetória, Lo se destacou por sua técnica refinada e versatilidade, tornando-se um dos maiores nomes do jiu-jítsu mundial. Ele conquistou oito títulos mundiais da IBJJF em cinco categorias de peso diferentes: leve, médio, meio-pesado, pesado e absoluto. Além disso, acumulou títulos no Pan-Americano e no Campeonato Brasileiro, consolidando-se como referência no esporte.
Em 2015, Leandro Lo fundou a equipe NS Brotherhood, que rapidamente se tornou um dos principais centros de treinamento de jiu-jitsu do mundo. A iniciativa reuniu atletas de alto nível e contribuiu significativamente para a popularização e desenvolvimento da modalidade.
MORTE TRÁGICA
A carreira de Lo foi interrompida tragicamente em 7 de agosto de 2022, quando foi assassinado durante um show do grupo Pixote no Clube Sírio, na zona sul de São Paulo. O autor do crime foi o tenente da Polícia Militar Henrique Otávio Oliveira Velozo, que estava de folga e sem uniforme. Após uma discussão, Lo imobilizou o policial, mas o liberou em seguida. Velozo, então, sacou uma arma e disparou contra o atleta, atingindo-o na cabeça. Leandro Lo foi socorrido, mas veio a falecer em decorrência dos ferimentos.
A morte do atleta gerou comoção nacional e internacional, sendo lembrado não apenas por suas conquistas, mas também por sua postura ética e dedicação ao jiu-jítsu. Em 2023, a IBJJF o incluiu postumamente no Hall da Fama da entidade, reconhecendo seu legado e a influência duradoura que deixou no esporte.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar