
Alguns sonhos se transformam em batalhas silenciosas nos corredores de hospitais, entre máquinas, médicos e esperanças contadas em dias. A vida às vezes parece se equilibrar na ponta de uma agulha, e mesmo os feitos mais extraordinários da medicina podem encontrar limites que a ciência ainda não consegue vencer.
O arquiteto Luiz Perillo, de 35 anos, morreu nesta terça-feira (30), em São Paulo, uma semana depois de passar por um transplante multivisceral envolvendo cinco órgãos de um mesmo doador.
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Após o primeiro ciclo do transplante, que seria concluído em mais de uma cirurgia, Luiz apresentou um quadro de infecção. Os médicos decidiram pausar o processo para tratar a complicação, mas o paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória. Na manhã desta terça, a família comunicou pelas redes sociais o falecimento.
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Luiz começou a receber os cinco órgãos que aguardava há mais de quatro anos na fila de transplantes em 23 de setembro. O procedimento, considerado raro e de alta complexidade, tornou-se possível após a identificação de um único doador que reunia todas as condições necessárias e a incorporação, em fevereiro, do transplante multivisceral no SUS.

LONGA BATALHA CONTRA A TROMBOFILIA
O arquiteto tinha trombofilia, uma condição caracterizada pela formação excessiva de coágulos sanguíneos. Ele chegou a pesar 34 quilos depois de sofrer falência intestinal e renal e precisar retirar vários órgãos da cavidade abdominal.
Perillo morava há mais de dois anos no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, sob vigilância médica, aguardando por um transplante de fígado, pâncreas, estômago, intestino delgado e rim. Na terça-feira (23), ele passou pela primeira cirurgia, iniciando uma sequência de intervenções médicas. A incisão ficou aberta para monitoramento de possíveis complicações, e na quarta (24) ele foi reavaliado para definir o momento do transplante de rim.
Segundo familiares, compartilhado pelas redes sociais, a expectativa era de que até o último sábado (27) todas as cirurgias fossem concluídas. Tanto o procedimento quanto o acompanhamento médico eram financiados integralmente pelo Sistema Único de Saúde.
EXEMPLO DE RESISTÊNCIA
A trajetória de Luiz até o transplante começou em 2019, quando sofreu a primeira trombose, comprometendo a absorção de nutrientes e funções renais, e exigindo internações recorrentes.
O caso de Luiz Perillo já era considerado emblemático na medicina de transplantes do Brasil, destacando-se como exemplo de resistência diante de uma longa espera. O país é referência mundial em transplantes realizados pelo SUS, garantindo acesso a procedimentos complexos a pacientes que dificilmente poderiam custeá-los por meios privados.
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