
A Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) afirmou que adulterar cerveja com metanol não oferece vantagem comercial a falsificadores.
A avaliação da entidade ocorre em meio à crise de intoxicações causadas pelo consumo de bebidas alcoólicas contaminadas. Segundo as investigações, os produtos falsificados são destilados, como vodca, gim e uísque.
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A entidade destacou nesta sexta-feira (3) que qualquer tentativa de adicionar metanol à cerveja seria facilmente identificada e não traria benefício econômico para quem adultera a bebida.
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Ministro recomenda evitar destilados
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, orientou a população a evitar o consumo de bebidas alcoólicas destiladas nesta semana. Segundo ele, adulterar cervejas é mais complicado devido à menor margem de lucro dessas bebidas.
Apesar disso, especialistas ressaltam que é tecnicamente possível falsificar bebidas fermentadas com a substância tóxica. O país já contabiliza mais de 100 casos notificados de intoxicação por metanol, que estão sob investigação, e 11 mortes confirmadas.
Características dificultam adulteração em cervejas
A química Glauce Guimarães Pereira, que integra a comissão técnica do Conselho Regional de Química de São Paulo, detalha que o metanol se mistura com mais facilidade em bebidas destiladas.
"O metanol puro tem gosto levemente alcoólico, parecido com o etanol, e não tem odor forte característico. Em destilados com 30% ou 40% de teor alcoólico, não é perceptível no sabor", explica.
Segundo a especialista, a cerveja possui características que dificultam a adulteração sem que seja percebida.
"Na cerveja, a história é outra: o teor alcoólico é baixo (4%, 6%) e com maior complexidade aromática. Isso significa que qualquer desvio químico é mais fácil de notar."
Ela complementa que adulterar cerveja sem que o consumidor perceba só permitiria adicionar uma quantidade muito pequena da substância.
Produção segue padrões rigorosos
A Abracerva informou que monitora as investigações e orienta o setor sobre medidas de segurança.
A associação ressalta que a produção de cervejas, tanto artesanais quanto industriais, obedece às mesmas legislações rigorosas, que definem padrões de qualidade e segurança para garantir a confiabilidade do produto.
A entidade também esclarece que o processo de fermentação da cerveja gera níveis insignificantes de metanol, dentro de limites amplamente seguros segundo parâmetros internacionais.
Setor adota cuidados desde 2020
A Associação dos Cervejeiros Artesanais Paulistas (Acerva Paulista) relembra que o setor intensificou os cuidados após o caso de contaminação da Cervejaria Backer, em 2020, em Minas Gerais.
"Nós reforçamos esses cuidados entre nossos associados para garantir a segurança e a qualidade da produção", afirma o presidente da entidade, Carlos Santana.
Santana avalia que a pandemia pode ter contribuído para a crise atual.
"Na busca por redução de custos por parte dos proprietários e administradores, muitas vezes trocam de fornecedores por diferenças mínimas no preço por litro", observa.
Ele destaca a importância de trabalhar com parceiros e fornecedores estabelecidos no mercado, que ofereçam produtos certificados e de qualidade comprovada.
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