
Num país em que a violência doméstica ainda silencia milhares de mulheres todos os anos, gestos simples podem se transformar em gritos por socorro. Foi o que aconteceu em Santa Catarina, no último sábado (4), quando uma mulher de 34 anos, vítima de cárcere privado e agressões, conseguiu chamar a atenção de um funcionário de um estabelecimento ao deixar um pedido de ajuda escrito em papel higiênico.
A mensagem improvisada continha um endereço, e foi o suficiente para mobilizar a Polícia Militar, que prontamente interveio e conseguiu resgatá-la em segurança. O caso reacende o alerta sobre o ciclo da violência, os riscos da reconciliação com agressores e a importância de canais alternativos de denúncia.
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De acordo com a PM, a vítima relatou que estava separada há seis meses do agressor — com quem já havia tido um relacionamento anterior marcado por violência. Na terça-feira (30), os dois decidiram tentar uma reaproximação. Mas o que parecia ser uma chance de recomeço rapidamente se tornou um novo ciclo de ameaças, agressões e abusos.
Logo após sua chegada à residência, o homem passou a controlar o celular da vítima. Diante da recusa dela em desbloquear o aparelho, ele a agrediu fisicamente e passou a fazer ameaças de morte.
A escalada da violência
Nos quatro dias seguintes, a mulher afirma ter sido:
- Agredida em três ocasiões distintas;
- Forçada a manter relações sexuais sob ameaça;
- Gravada em vídeo íntimo sem consentimento, com ameaças de divulgação nas redes sociais caso tentasse sair.
A situação atingiu o ápice no sábado à noite, quando, por volta das 22h, ela pediu ao agressor para ir até uma conveniência comprar cigarros. Ele a acompanhou, mas durante a visita ao local, ela aproveitou a ida ao banheiro para escrever um pedido de socorro em um pedaço de papel higiênico, que foi encontrado por um funcionário do estabelecimento.
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Resgate e prisão
Com o endereço anotado no bilhete, a Polícia Militar foi até o local informado. Lá, encontraram o homem, de 29 anos, visivelmente nervoso e recusando-se a abrir a porta. Os agentes precisaram forçar a entrada e dentro do imóvel encontraram a vítima em estado de choque, com lesões visíveis no pescoço, rosto e seios.
O agressor foi preso em flagrante e permaneceu em silêncio durante a abordagem policial. Ambos foram encaminhados à Central de Polícia para os procedimentos legais.
Histórico de violência e medida protetiva
O homem tem 44 boletins de ocorrência registrados em seu nome. A mulher, inclusive, já possuía medida protetiva vigente contra ele — o que, infelizmente, não impediu a reaproximação nem os novos episódios de violência.
A importância de romper o silêncio
O caso evidencia o quão difícil pode ser para vítimas de violência doméstica romperem com o ciclo abusivo, especialmente quando envolvem vínculos emocionais, filhos, dependência financeira ou ameaças constantes. A atitude da mulher — mesmo sob vigilância, dor e medo — mostra o quanto a coragem de pedir ajuda, mesmo da forma mais improvisada possível, pode salvar vidas.
Se você ou alguém que você conhece está passando por uma situação de violência, ligue 180 — o número da Central de Atendimento à Mulher, que funciona 24 horas, em todo o Brasil. Pedir ajuda é um direito. E pode ser o primeiro passo para recomeçar.
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