Todo mês de dezembro repete um ritual muito brasileiro: enquanto as ruas se enchem de luzes e vitrines chamativas, muitos trabalhadores revisitam mentalmente suas contas ao descobrir que a segunda parcela do 13º salário chega menor que o esperado. É nesse cenário de expectativas altas - alimentadas pelo pagamento "cheio" da primeira parcela - que vêm as dúvidas, frustrações e a sensação de que algo está errado no cálculo do benefício.
Segundo os advogados tributaristas Bruno Medeiros Durão e Adriano de Almeida, do escritório Durão & Almeida, Pontes Advogados Associados, essa percepção se torna recorrente justamente porque dezembro concentra as maiores queixas. "O trabalhador recebe a primeira parcela sem nenhum desconto e cria uma expectativa equivocada. É na segunda metade que vem o impacto do INSS e, dependendo da faixa salarial, também do imposto de renda", explica Durão.
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Adriano de Almeida reforça que a falta de informação ainda alimenta confusões. “A segunda parcela sempre chega menor porque é nela que o empregador desconta todos os tributos. Não é erro: é a regra. E isso ainda pega muita gente de surpresa”, afirma.
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Para ajudar o trabalhador a entender melhor o processo e evitar dores de cabeça financeiras, os especialistas reuniram cinco pontos essenciais:
- 1. INSS: o primeiro corte no valor final
- O INSS é descontado sobre o valor integral do 13º e segue a tabela progressiva. Quanto maior o salário, maior a alíquota - e maior o impacto no bolso.
- 2. Imposto de renda: só para quem ultrapassa a faixa de isenção
- Embora não atinja todos, o IR pode reduzir significativamente o valor líquido para quem está acima da faixa de isenção. “O 13º entra na base do imposto. Isso causa surpresa quando o valor cai bem menor”, explica Almeida.
- 3. O perigo do adiantamento “cheio”
- A primeira parcela, paga em novembro, é isenta de descontos. Toda a tributação recai sobre a segunda, o que leva muitos a acreditarem que receberão novamente o mesmo valor — e acabam se desorganizando financeiramente.
- 4. Reservar parte do benefício evita dores de cabeça em janeiro
- Usar o dinheiro para quitar dívidas, renegociar contas atrasadas e eliminar juros elevados pode ser mais vantajoso do que gastar em compras de fim de ano.
- 5. Planejamento agora pode reduzir o imposto de 2026
- Organizar recibos, antecipar gastos dedutíveis e manter atenção às despesas com saúde, educação e previdência podem diminuir o imposto a pagar no próximo ano.
Em meio ao brilho das festas e às tentações do consumo, entender os cálculos da segunda parcela do 13º salário pode ser a melhor estratégia para manter o orçamento equilibrado, e começar o próximo ano no azul.
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