Morre Marcelo VIP's, o 'maior golpista do Brasil', aos 49 anos

A morte de um dos personagens mais controversos do Brasil voltou a movimentar as redes sociais e reacender memórias de casos que marcaram o noticiário policial das últimas décadas.

Marcelo Nascimento da Rocha, o famoso Marcelo VIPs, faleceu na última terça-feira (9), aos 49 anos, em Curitiba, vítima de complicações decorrentes de cirrose. Natural de Maringá, no norte do Paraná, ele se tornou uma figura conhecida nacionalmente pela impressionante capacidade de assumir identidades falsas — habilidade que o projetou para além dos tribunais e chegou até o cinema.

A informação da morte foi confirmada por pessoas próximas ao golpista. O advogado e amigo Ribeiro fez uma homenagem nas redes sociais. “Um cliente que se tornou um grande amigo. Hoje nos despedimos do incrível Marcelo VIPs", escreveu ele.

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Da vida dupla aos holofotes nacionais

A trajetória de Marcelo VIPs começou cedo nas páginas policiais do Paraná, onde acumulou diversas passagens pela Polícia Civil. Mas foi em 2001 que seu nome estourou no país inteiro. Durante o Carnaval no Recife, ele se passou pelo empresário Henrique Constantino, um dos fundadores da companhia aérea Gol. Com desenvoltura, circulou entre celebridades, concedeu entrevistas e quase se tornou uma figura pública temporária — até ser desmascarado pela Polícia Federal.

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Dois anos depois, já preso no Rio de Janeiro, ele voltou ao noticiário em um episódio ainda mais ousado: durante uma rebelião no presídio de Bangu, apresentou-se como líder do PCC e do Comando Vermelho, confundindo autoridades e jornalistas. A lista de identidades falsas assumidas ao longo da vida inclui empresários, músicos e até figuras inexistentes, o que consolidou sua reputação como um dos maiores golpistas da história recente do país.

Veja a icônica entrevista para o apresentador Amaury Jr.:

Do crime para o cinema

A fama de Marcelo ultrapassou as fronteiras policiais e inspirou o filme “VIPs” (2011), dirigido por Toniko Melo e estrelado por Wagner Moura. O longa chamou atenção pelo retrato dramático e psicológico da vida do golpista, ainda que o próprio Marcelo tenha afirmado, à época, que a obra “inventou” parte de sua história.

“Meu pai nunca foi piloto, minha mãe nunca foi cabeleireira. O filme foi um sucesso… Sobre a execução é inquestionável, meu problema é sobre o conteúdo”, criticou em entrevistas.

Além da ficção, sua trajetória foi documentada de forma mais literal em “Vips – Histórias Reais de um Mentiroso”, produção que integra o catálogo da Netflix e aprofunda os bastidores de sua vida criminosa.

Com a morte de Marcelo VIPs, chega ao fim a história de uma figura que transitou entre o crime, a cultura pop e a imaginação do público — sempre cercado pela aura de alguém capaz de viver muitas vidas dentro de uma só.