Ouça a conversa entre Sérgio Machado e Romero Jucá

A Folha divulgou na tarde desta segunda-feira (23) os áudios do diálogo entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

De acordo com os áudios, Machado cita que as delações devem se tornar mais frequentes após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou prisões em segunda instância.

Além disso, o ex-presidente da Transpetro pede uma "estrutura" para impedir que o seu caso seja enviado para a Lava Jato, contexto em que Jucá sugere "estancar a sangria".

Inicialmente, o ministro Jucá se referia por "estancar sangria" a economia do país, e que estava tranquilo em relação à conversa com o ex-presidente da Transpetro.

Entretanto, diante da repercussão após o vazamento dos áudios, o ministro Jucá anunciou que deve pedir licença do cargo.

Ouça os dois áudios e veja alguns trechos:

ÁUDIO 1

SÉRGIO MACHADO: Acontece o seguinte, objetivamente falando: com o negócio que o Supremo fez (autorização para prender logo após decisão de segunda instância), vai todo mundo delatar.

ROMERO JUCÁ: Exatamente. E vai sobrar muito. O Marcelo e a Odebrecht vão fazer.

[...]

MACHADO: Se não tem conexão, aí joga pro Moro. Aí f***. Aí f*** pra todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu "desça"? Se eu descer...

[...]

JUCÁ: Você tem que ver com o seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que resolver essa p***. Tem que mudar o governo para poder estancar essa sangria.

[...]

ÁUDIO 2

[...]

MACHADO: O Marcelo, o dono do Brasil, está preso há um ano. Sacanagem com o Marcelo, rapaz, nunca vi coisa igual. Sacanagem com aquele André Esteves, nunca vi coisa igual. [...] Outra coisa: a frouxidão de vocês em prender o Delcídio foi um negócio inacreditável.

JUCÁ: Sim, p***! Não adianta soltar o Delcídio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado. Como é que você segura um p*** dentro do plenário?

MACHADO: Foi uma cagada geral. Foi uma cagada geral o Supremo fazer o que fez com esse negócio de prender em segunda instância, isso é absurdo total [...] e ninguém fez nada.

[...]

MACHADO: Eu estou preocupado porque estou vendo que esse negócio da filha do Eduardo, da mulher, foi um advertência para mim. E das histórias que estou sabendo, o interesse é pegar vocês. Nós. E o Renan, sobretudo.

JUCÁ: Não. O alvo na fila é o Renan, despois do Eduardo Cunha. É o Eduardo Cunha, a Dilma, depois é o Renan.

[...]

MACHADO: [...] Você viu a pesquisa de ontem que deu Moro com 18% para a Presidência da República?

JUCÁ: Não vi, não. O Moro?

MACHADO: É aquilo que você diz, o Aécio não ganha p*** nenhuma.

JUCÁ: Não, esquece. Nenhum político desse tradicional não ganha eleição, não.

MACHADO: O Aécio, rapaz. O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, p***. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB.

JUCÁ: É. A gente viveu tudo.

(Com informações da Folha)