O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na manhã desta segunda-feira (24) que o setor empresarial, com o aval do Ministério Público, teria "transformado" doações de campanha em propina para "tentar culpar" os políticos de participação em esquemas de corrupção no país. Em entrevista à rádio Tiradentes, do Amazonas, o petista sugeriu, também, que o PT deve atuar de forma separada nas eleições presidenciais do próximo ano.

"A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentar culpar os políticos  - ou pelo Ministério Público. Por tudo o que leio na imprensa, os empresários sempre deram dinheiro para campanha", afirmou o ex-presidente.

Ele disse não conhecer políticos que não peçam dinheiro para empresários desde que foi proclamada a República. "A diferença é que agora transformaram as doações em propina, então ficou tudo criminoso. Se os políticos não tiverem coragem de mudar a legislação eleitoral, de criar um fundo de financiamento de campanha para que não fiquem mais dependentes de empresário, o Brasil não vai ter jeito", declarou.

Na entrevista, Lula revisou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff e assumiu que as eleições da ex-presidente, em seu segundo mandato, teriam sido diferentes das promessas feitas em campanha. Mas ele alegou que as divergências políticas entre o partido e aliados deram espaço a um "erro histórico" cometido contra Dilma, resultando desconfiança para as próximas eleições.

Foi por isso, explica, que nas eleições do próximo ano, pediu para que o PT saísse separado para "demarcar um novo discurso". "É preciso que a gente mostre diferença política nesse momento", afirmou Lula.

Sobre questões referentes à Lava Jato, o petista se irritou ao escutar que teria dado tratamento "duro" aos seus críticos e afirmou ser "um homem controlado" para comentar os processos pelos quais responde. "O dia que você for acusado de ladrão, que te acusarem de lavagem de dinheiro, o dia em que seu neto vier perguntar se é verdade o que estão falando, você vai ser muito mais duro do que eu. Vai ficar com muito mais raiva do que eu, porque eu sou um homem controlado", pontuou.

(Agência Brasil)

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