Os custos do Círio 2022 devem causar um impacto no orçamento superior em relação ao ano passado. É o que diz o balanço do Departamento de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA), que associa a alta dos preços ao aumento generalizado na maioria dos produtos, bens e serviços. A pesquisa ainda aponta que a alimentação será uma das mais afetadas, seguida por transporte e hospedagem.
Os preços dos principais ingredientes do tradicional almoço do Círio, sobretudo pato, frango, maniva e tucupi, tiveram reajustes que superam a inflação. Os patos vivos que pesam entre 2,5 e 3,5 kg variam de R$ 80 a R$ 130, nas principais feiras livres de Belém, uma alta em torno de 10% em relação a 2021. Já os patos congelados, vendidos principalmente nos supermercados, custam entre R$ 27,80 e R$ 32,75 o quilo. Um dos principais motivos é o baixo número de produção local, o que faz com que o animal tenha de ser trazido de outras localidades do interior e de fora do estado.
Segundo o vendedor de aves, Edivaldo Moreira, a procura pelo pato deve melhorar a partir de amanhã, mas os preços ainda são os mesmos da semana passada. “Estamos levando devagar. Entre pato e frango, sai mais o pato que está escasso. Essa semana ainda estou esperando virem 50 de Bragança e ainda vem do Marajó. A venda ainda está meio fraca, a venda melhor começa de quinta em diante. O pato continua o mesmo preço, R$ 50 a fêmea e R$ 100 o macho, por causa do tamanho. Estou vendendo esse preço, mas eles não são muito grandes. Se chegarem uns mais graúdos, o preço vai ter de aumentar para R$ 120 a R$ 130”, avisa.
Para compor um dos principais pratos do almoço do Círio, o tucupi também acompanha o aumento dos preços, com alta que pode chegar a 30%. Uma garrafa de dois litros pode ser encontrada a R$ 8,30, em média, nas feiras. Já nos supermercados, o preço varia entre R$ 10,90 a R$ 21,70.
No Ver-o-Peso, por exemplo, o reajuste já é repassado aos consumidores. “No início da semana passada estava R$ 8. Até amanhã eu quero estar pelo menos com 30 garrafas de tucupi aqui, dez a mais do que eu trago normalmente. A mandioca está cara e os fornecedores vão aumentar o valor. O tucupi vai chegar a R$ 10 essa semana, inclusive hoje eu já vendi a R$ 10. Quanto mais caro a gente comprar, mais caro vai vender”, antecipa Francisca Silva,49, vendedora de tucupi.
MANIÇOBA
A maniva é o principal ingrediente do prato que marca o almoço do Círio: a maniçoba. E também desponta com um valor mais caro, juntamente com a carne de porco. A alta no preço dos ingredientes faz com que o prato seja comercializado até a R$ 16 em vários locais da Grande Belém. No setor de venda da erva moída, no Ver-o-Peso, os feirantes já aumentaram o preço em relação ao comercializado na semana passada.
“Agora só vem aumentando. Estava R$ 6, disso foi para R$ 7 e agora está R$ 8 o quilo da pré-cozida. A crua também foi para R$ 6 e estava R$ 4. Esse preço nem tem comparação ao ano passado. Antes estava a R$ 4 a pré-cozida e R$ 3 a crua. Não está dando para fazer nenhum tipo de promoção, nem para quem leva em grande quantidade, só é esse preço mesmo. Os fornecedores que mandam para nós estão cobrando um preço alto também. Mas também etá saindo muito e é arriscado aumentar mais”, conta a feirante Simone Abreu, 52.
Para driblar a alta dos preços, o vendedor Marcelo Leal, 48, tem colocado a carne de porco misturada no box no Ver-o-Peso, opção que tem aliviado o bolso da clientela. “Tem gente que quer comprar separado, mas a gente avisa para a pessoa que separado sai mais caro. Se comprar a carne misturada junta, sai R$ 35 o quilo para o freguês e ele ainda pode escolher. Porque se ele for comprar cada carne separada sai a partir de R$ 40 o quilo de cada uma. Nesse meio só não tem bucho e tripa, o resto de porco está tudo aí para maniçoba. Com R$ 35 você leva um quilo das carnes para pôr em três de maniva e já fica suficiente”, diz.
Preços altos incomodam, mas famílias não abrem mão da ceia
O preço salgado da ceia do Círio já pesa no bolso dos consumidores. A advogada Beatriz Silva, 30, levava quatro quilos da maniva pré-cozida e tinha a intenção de comprar todos os ingredientes para os demais pratos. “Lá em casa vai ter maniçoba, vatapá e pato no tucupi. Estou comprando a maniva, mas ainda não comprei nada das carnes. Mês passado eu fiz um acompanhamento dos preços, nos supermercados, e estava bem pesado, mas acho que vale a pena reunir a família para comer as nossas comidas típicas.”
Já para Dinalda Moraes, 61, a opção de comprar a mistura das carnes deve ajudar na economia para o preparo da maniçoba. “A mistura está saindo a R$ 35, está ótimo porque com esse dinheiro tu não compras nada no supermercado. Eu vou levar R$ 80 só de mistura para colocar em quatro quilos de maniçoba”, conta a doméstica.
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