Bancário aposentado, Clenio Severio Teribele, 63 anos, é natural do Rio Grande do Sul e já morou por duas vezes em Belém, totalizando 7 anos de residência. Conheceu o Círio de Nazaré em 1993, circunstancialmente, pois estava na capital paraense a trabalho justamente na semana da Festa de Nazaré.
“Desde o primeiro momento, ao acompanhar a procissão do Traslado na Praça dos Estivadores, entendi que deveria voltar e apresentar à minha família esse fenômeno que é do Círio de Nazaré que eu desconhecia até então. Sabia que, em algum momento, compreenderia o porquê estava lá, com todas as circunstâncias que me levaram. E as respostas vieram durante todos os anos que se seguiram”, resume.
Clenio será um dos 80,5 mil turistas que vão estar na capital do Pará este ano para acompanhar o 231º Círio, de acordo com cálculos do Dieese-PA. Essa estimativa representa um aumento de aproximadamente 34% em relação ao número de turistas que estiveram em Belém no Círio de 2022.
A Norte da Amazônia Airports (NOA), que administra o Aeroporto Internacional de Belém desde 4 de setembro, informou que entre os dias 29/09 a 7/10 deste ano, período de 10 dias que antecede o Círio a previsão de movimentação de passageiros previstas no terminal é de 100 mil passageiros, com estimativa de desembarque de 52 mil pessoas e 779 operações de pouso e decolagens de aeronaves. Ainda segundo a concessionária, a previsão é que 389 aeronaves pousem no aeroporto de Belém, sendo que os destinos mais comuns são os aeroportos de Confins (MG), Guarulhos (SP), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Macapá (AP) e Recife (PE). Os destinos internacionais mais comuns serão Lisboa, Fort Lauderdale (EUA), Paramaribo e Caiena.
Levantamento da Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico Ltda. (Sinart), que administra o Terminal Rodoviário de Belém, mostra a expectativa de circulação de passageiros durante o período do Círio de Nazaré será de, aproximadamente, 24.400 embarcados e 9.700 desembarcados, totalizando 34.100 passageiros circulando no terminal, o que representa um acréscimo de 50% em relação ao movimento de 2022.
Os destinos mais procurados de dentro do Estado vindos pela malha terrestre são Mosqueiro, Bragança, Marudá, Vigia e Colares. Os turistas que mais chegam de ônibus de fora do Estado vêm principalmente das cidades de São Luís (MA), Fortaleza (CE), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ).
A estimativa é de que o gasto médio desses cerca de 80 mil turistas que visitarão Belém para o Círio de 2023 seja de aproximadamente U$ 30,6 milhões de dólares (cerca de R$ 150 milhões de acordo com a cotação atual). Este montante representa um crescimento de aproximadamente 33,6% em relação ao montante deixado por turistas no Círio 2022.
Em 1994 o bancário aposentado do Banco do Brasil não conseguiu participar da festividade, mas em 1995, o que parecia improvável aconteceu: “Fui transferido para trabalhar em Belém e, já no Círio daquele ano, estávamos com toda a família na capital paraense. Desde lá, só não participamos em 2004, quando viajamos para Portugal. Já se vão para mim a participação em 28 edições do Círio de Nazaré em Belém e 27 para a minha esposa Ignês”, comenta.
Residindo hoje em Brasília, Clenio tem dois filhos e dois casais de netos. “Nossa primeira neta e seu irmão são paraenses e vivem em Belém, assim como nosso filho e nora. O outro casal de netos vive atualmente em Goiânia, com os seus pais”.
Ele lembra que nos anos em que viveu em Belém por conta do trabalho no banco, teve oportunidades únicas como as homenagens que são prestadas na sede regional do Banco, na Avenida Presidente Vargas, todos os anos. ‘Vivemos e participamos intensamente daqueles momentos de homenagens e de agradecimentos à Mãe Maria, sempre buscando fazer o melhor por Ela, pelos romeiros da Corda, pelos caminhantes, pelos voluntários e por todas as pessoas e entidades que, de uma forma ou de outra, fazem do Círio de Nazaré um momento único”
Para ele ninguém deveria morrer sem conhecer o Círio de Nazaré. “Já estivemos em muitos lugares, em muitas manifestações religiosas, mas temos certeza não há povo que manifeste mais amor por Nossa Senhora do que o povo do Pará! Nosso desejo sempre será, enquanto nossa vida nos permitir, de no segundo domingo de outubro, estarmos em Belém do Pará para o Círio de Nazaré!”.
PERFIL
De acordo com o perfil do turista que vem ao Círio de Nazaré elaborado pelo departamento, o Estado que mais manda turistas para o Pará nessa época é o Maranhão (15,6%), sendo que a maioria dos turistas chega aqui por via aérea (78,1%). Mais da metade desses turistas é do sexo masculino (50,70%), na faixa etária de 35 a 50 anos (46%), ocupados (87,4%) e com faixa salarial e 3 a 5 salários mínimos na sua maioria (32,2%). Ainda segundo o Dieese, quase a metade dos turistas que vem para o Círio se hospeda em hotéis (47,4%), ficando entre 5 e 9 dias na capital (41,4%), sendo que quase a totalidade desses turistas (97%) revelou a intenção de retornar à Belém para mais um Círio de Nazaré.
Paraenses estão ansiosos para retornar “às origens”
O programador e Dj amador Mário Sérgio Scaramuzzini Torres, 36, é natural de Belém e mora em Manaus (AM) há 12 anos. “Eu acompanho o Círio desde que nasci. Na infância, acompanhava caminhando com minha mãe. Na adolescência fui a primeira vez na corda e desde então tenho ido na Trasladação e Círio, esse ano completarei 21 anos de corda”, garante.
A razão principal dessa manifestação e fé nesses anos todos foi agradecimento, sem necessariamente uma promessa associada. “Ano passado o pedido especial foi para a minha afilhada, Cecília, de 6 anos; e esse ano será para agradecer todas as coisas boas que aconteceram, inclusive o sucesso nas três cirurgias que ela passou e pedir pelas próximas duas cirurgias que devem ocorrer em breve”, diz Mário, que é casado, mas não tem filhos.
Ele diz que a solidariedade é o aspecto que mais o comovente nas manifestações do Círio. “Essa grande festa religiosa é muito mais que suas procissões. É um momento de solidariedade, amor, empatia, união das famílias, tempo de rever os amigos”.
O programador, diz que a maior graça que recebeu da santa foi o nascimento de Cecília que, devido a doença corria risco de morrer no parto. “Hoje ela tem 6 anos e tem uma doença rara chamada de osteogênese imperfeita, que torna os ossos frágeis. Prometi que se ela nascesse bem iria na corda do Círio todos os anos até quando tivesse força física. E esse ano cumprirei mais uma vez a promessa! ”
A médica Juliana Almeida Vieira, 29, também nasceu e foi criada em Belém, mas há 5 anos mora em São Paulo. “Acompanho o Círio desde a minha infância, porém, após me mudar para São Paulo, não consegui estar presente fisicamente no período da festividade, então ir este ano será muito especial”, diz.
A médica diz que acompanhar o Círio, mesmo que de longe, renova suas energias de forma única. “Tem anos que acompanho a Transladação e outros que acompanho o Círio mesmo. Geralmente, paro em um ponto estratégico para ver a santa passar. O mais importante do Círio para mim é poder viver este momento em que Nossa Senhora se aproxima da Terra junto com a minha família e amigos queridos e sentir as bênçãos serem renovadas”.
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