Círio Naval celebra Nossa Senhora de Nazaré; veja fotos

A 21ª edição do Círio Naval foi realizada ontem (15) pelo bairro de Val-de-Cans, em Belém. Com saída do Clube Albatroz, às 7h15, a procissão reuniu dezenas de fiéis que acompanharam a imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelas ruas dos conjuntos Providência e Promorar até o Colégio Almirante Renato Guillobel, onde foi celebrada uma missa. Ao longo do trajeto, devotos prestaram diversas homenagens para Nossa Senhora de Nazaré.

“O Círio Naval 2024 assim como os demais tem sido muito gratificante, uma bênção não só para a Marinha, mas para todas as famílias aqui de Val-de-Cans. A gente espera evangelizar a população. Quando a gente sai às ruas, estamos manifestando a fé pública e a alegria em ser cristão católico. Esperamos o ano inteiro com alegria este momento de encontro com Nossa Senhora de Nazaré”, disse o Capelão José Oliveira, responsável pela programação.

A procissão fez algumas paradas. Uma delas foi na Paróquia Santo Antônio Magela, onde a imagem saiu da berlinda e foi conduzida para dentro da igreja, momento em que ficou ainda mais perto dos romeiros. Servindo pela primeira vez no Círio Naval, Tiago Soares, de 19 anos, pôde testemunhar a fé e devoção por Nossa Senhora.

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“É uma honra participar pela primeira vez do Círio porque muitos queriam estar no meu lugar, mas eu fui selecionado para trabalhar e estou observando essa manifestação de fé. Apesar de não ser devoto, eu vejo que é um momento de muita devoção, de pagar pelas suas promessas, de pessoas que estão aqui pelo amor à santa”, observou o militar da Marinha.

Após quatro anos acompanhando o Círio Naval pela televisão, Suzy Oliveira, 38, participou pela primeira vez da procissão presencialmente. Para ela, a sensação de estar bem perto da imagem de Nossa Senhora de Nazaré é única e emocionante. Por isso, ela aproveitou a proximidade para pedir graças e agradecer por todas as conquistas deste ano.

“É muito gratificante e emocionante, é muito lindo ver Ela bem de perto. Sou devota de Nossa Senhora e sempre acompanho o Círio e posso dizer que o sentimento é o mesmo de estar naquela grande procissão, a única diferença é que a gente fica bem mais próximos dela. Hoje eu venho pedir, mas muito mais que isso, venho agradecer por tudo o que Ela faz na minha vida”, disse a enfermeira.

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Na corda da procissão, a doméstica Irondina Monteiro, 66, rezava e cantava. Devota de muitos anos de Maria, também era a primeira vez que ela participava do Círio Naval, uma experiência quase indescritível para ela. “Sou devota dela, acompanho todas as procissões, mas dessa vez eu quis conhecer essa romaria e estou achando tudo lindo. Estou bem pertinho dela e é muito emocionante. É nesse momento que eu agradeço por tudo o que Ela faz por mim, principalmente pela minha saúde”, relatou.

Preparação dos devotos para o círio Irlaine Nóbrega

Faltando menos de um mês para o Círio de Nazaré, os paraenses já se preparam para a quadra nazarena. Com a família vindo de Bragança, Rose Aranha, 58, prepara a casa inteira para receber os familiares para o Círio. A organização começa com a decoração da residência, a arrumação do manto da santa e a afixação do cartaz do Círio. Ela também faz parte das peregrinações da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, momento em que recebe a imagem da mãe para uma novena.

“Eu sou devota de Nossa Senhora de Nazaré há muitos anos. A gente se prepara porque é uma festa que mexe com a gente, faz parte de uma tradição de fé. Sempre organizo minha casa com carinho para receber Ela. Tenho irmãos que moram em Bragança e vêm para Belém para o Círio. É sempre uma festa de família, de amor e de fé. Arrumo tudo em casa, hoje já estava ajeitando o manto de Nossa Senhora. Eu ainda compro o cartaz e distribuo, sempre como forma de devoção a Nossa Senhora”, conta a advogada.

A tradição em se preparar para o Círio de Nazaré mexe com a fé de João Santana, de 70 anos. Isso porque há 16 anos ele passou por uma cirurgia de ponte de safena para melhorar um problema cardíaco. Por isso, ele se organiza com antecedência para comparecer à Basílica Santuário para agradecer por esta grande graça alcançada. Os agradecimentos também se estendem à organização da casa, que sempre é decorada com o cartaz do ano para receber a novena de Nossa Senhora de Nazaré como preparação espiritual ao Círio.

“Essa tradição faz com que a gente se mova e tenha muita fé nela. Eu sinto muita felicidade por estar vivo e ao lado da minha família. Nós sempre nos preparamos, enfeito a porta de casa com o cartaz do Círio e participo de algumas peregrinações, assim como eu também faço em casa. Eu não sou aquele devoto que caminha todo percurso ou faz promessa de joelhos, mas eu sempre tenho que agradecer quando eu peço e alcanço. Minha preparação também é uma forma de agradecer a Ela”, afirma o gráfico.

Trabalhador da zona rural de Bujaru, João de Deus Batista perdeu o movimento das mãos e das pernas devido às sequelas de uma cirurgia na cervical. Com apenas 20% de chance de voltar a andar, ele fez uma promessa a Nossa Senhora para que voltasse a se locomover normalmente e, assim, levaria mãos e pernas de cera para agradecer a graça alcançada. Após quase cinco meses do procedimento e contrariando as expectativas médicas, ele voltou a andar e foi pagar a promessa na Basílica Santuário.

Devoto de Nossa Senhora, ele também pretende acompanhar a passagem da santa na Praça da República no dia do Círio e já vem se preparando.

“Eu sempre vinha de Bujaru para Belém com toda dificuldade, mas esse ano estou morando um tempo em Benevides e venho um dia antes do Círio para casa de um irmão. Todo ano eu me preparo, encomendo a minha camisa do Círio e esse ano não é diferente, já fiz o pedido da camisa para ver a procissão. Ver a santinha depois dessa graça alcançada não tem palavras”, relatou o agricultor.

Morador de Benevides, Dhonata do Nascimento, 39 anos, também se prepara desde cedo para a quadra nazarena. É no mês de setembro que ele reforça as orações em casa, junto da família, para estreitar o laço com a “Nazinha”. Além disso, para participar do Círio, no segundo domingo de outubro, ele precisa de programar para sair cedo e vestir camisas personalizadas, uma tradição entre os familiares.

“Eu sempre venho no Círio e umas semanas antes a gente já vai conversando com a família para vir todo mundo junto e para programar as nossas camisas personalizadas. Temos que ver com antecedência como a gente vem, o horário para dar tempo da gente chegar aqui tudo certo. Então, a todo ano, nessa época, a gente já vai conversando pra deixar tudo alinhado”, finaliza o controlador de acesso.