Basílica de Nazaré: obras serão entregues até o Círio

A Basílica Santuário de Nazaré passa por um minucioso processo de restauração. Na manhã desta quarta-feira (26) foi realizada a primeira visita oficial à obra de restauração, que reuniu representantes e especialistas em patrimônio e membros da comunidade religiosa para acompanhar os avanços da iniciativa.

O projeto, orçado inicialmente em mais de 11 milhões de reais, foi iniciado em novembro de 2023 e já se encontra com 60% das obras concluídas, com previsão de ser entregue antes do Círio deste ano. As obras acontecem de portas abertas, permitindo que fiéis e visitantes acompanhem de perto a transformação do templo. Dos pontos já concluídos, uma das laterais da igreja já foi entregue no ano passado, onde estão as capelas loterias das Santas Mulheres, por exemplo. Neste espaço dos vitrais, ocorreram, também, a limpeza de 100 anos de sujeira.

Atualmente, os trabalhos estão concentrados no transepto, onde ficam o altar-mor e os altares laterais. O forro já foi completamente restaurado, com limpeza, reforço estrutural e recuperação pictórica. Os adornos do forro passaram por um minucioso processo de recuperação, incluindo a reposição de peças ausentes e a remoção de camadas de cobertura inadequadas, além da aplicação de douramento. Na Capela de Nossa Senhora do Brasil, a recuperação da cúpula e da cobertura está em fase avançada, com ajustes estruturais e substituição de elementos comprometidos por infiltrações.

A Cripta, que fica localizada no subsolo do Santuário Mariano, também está em estágio avançado de requalificação. No espaço, há uma exposição “Imagens do Agora”, a qual faz referência ao ambiente antes da obra e deve seguir para exibição posterior em uma escola. “A Basílica tem uma beleza, uma riqueza arquitetônica muito expressiva e não é inferior a nenhuma igreja de outros continentes, ou também, pode-se dizer, do Velho Mundo”, diz o padre Francisco Cavalcante, pároco da Basílica e coordenador geral do projeto.

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Com um cronograma minuciosamente planejado, a coordenadora do projeto, Luci Azevedo, explicou que garantir que a Basílica permanecesse aberta durante toda a execução foi uma das prioridades. “Tudo foi pensado, a logística, até mesmo a forma como se instalou os andaimes e foram desinstalados para instalar de acordo com cada etapa”, disse.

Dos trabalhadores, entre restauradores e mestre de obras, são 50 compondo a equipe; contudo, somado aos demais, entre documentaristas e outras funções, são 100 pessoas trabalhando no local. Na obra da Cripta, por sua vez, terá uma nova funcionalidade, com missas e momentos de oração para os devotos, além de contemplar atividades de pesquisa.

O projeto de restauração da Basílica e requalificação da Cripta é financiado pelo Instituto Cultural Vale. “Esse projeto vem para reafirmar esse encontro, e na verdade é muito mais do que um prédio, um restauro. É um resgate de uma cultura, de uma história. A nossa parceria com a Basílica é antiga, a gente patrocina o Círio há mais de 20 anos. Só precisávamos encontrar caminhos comuns, e conseguimos. O patrocínio é da obra completa, já são mais de 11 milhões de reais”, compartilha a analista de Cultura e Patrocínio do Instituto Cultural Vale, Nihara Pereira.

Para a superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Cristina Vasconcelos, a restauração representa mais do que uma obra física. “Fazer o restauro da Basílica Santuário é você mexer com a fé da população”, destaca, lembrando que o Círio é registrado pelo Iphan desde 2004, é um patrimônio que transcende o contexto local.