Quem olha os brinquedos de Miriti a venda em feiras de artesanato no Pará e em outros locais do Brasil, não imagina o esforço necessário para criar e expor ao consumidor uma peça tão bonita e complexa. Muitas vezes esse trabalho só ganha destaque durante as festividades do Círio. 

Para se fortalecer e melhorar sua produtividade e possibilidade de vendas, os artesãos se organizaram em associações. Em Abaetetuba, elas são duas. A Associação dos Artesãos de Brinquedos e Artesanatos de Miriti de Abaetetuba (Asamab), fundada em 2003, com o apoio do Sebrae e com o objetivo de organizar o grupo; e a Associação Arte Miriti de Abaetetuba (Miritong), fundada em 2005 como organização não-governamental (Ong), e buscando realizar trabalhos comunitários com o miriti voltados para os jovens de Abaetetuba.

Produção aumenta durante o Círio de Nazaré e o Miriti Fest 

De acordo com as associações pesquisadas, cerca de 80 famílias de Abaetetuba estão envolvidas na produção de brinquedos de miriti. Elas dividem etapas da produção de maneira que algumas atuam no extrativismo do buriti/miriti e outras na preparação final de cada peça.

De acordo com o pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), Amarildo Ferreira, o processo criativo dos artesãos perpassa pelo uso de técnicas e elementos simbólicos para produzir brinquedos atrativos e com maior chance de serem vendidos. A produção tende a aumentar em dois momentos do ano. No primeiro semestre pela realização do Miriti Fest, em Abaetetuba; e no segundo semestre com a Feira de Miriti que tradicionalmente acontece uma semana antes da quadra nazarena, na Praça Dom Pedro II, em Belém. 

Acoplados ao Círio, os brinquedos de miriti são amparados por leis nas três esferas:  municipal, estadual e federal, como patrimônio da humanidade. Porém esse reconhecimento geralmente acontece apenas de forma simbólica. Financeiramente há pouca ajuda.

Para a realização da Feira de Miriti, em Belém, os artesãos precisam viajar para a capital do estado e recebem apoio financeiro para sua estadia. “Como o apoio financeiro é pequeno, quem não tem parentes na cidade ou não consegue dinheiro suficiente para hospedagem, acaba dormindo na própria praça por não ter onde dormir”, denuncia o pesquisador do Naea.

Durante o Círio, venda de brinquedos pode chegar a R$ 4 milhões 

Apesar dos problemas, vir a Belém representa vantagens aos artesãos. Além de ajudar a reforçar o brinquedo de miriti como símbolo do Círio de Nazaré, durante a Feira, a venda dos brinquedos arrecada de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões de reais. Esse cálculo é feito com base no número de artesãos presentes ao evento, número de peças à venda e o valor de cada uma.

Já o Miriti Fest, que ocorre na própria cidade de Abaetetuba, tem um resultado estimado em R$ 180 mil reais com as peças que são vendidas. “É notável que o brinquedo de miriti é uma economia pujante, apesar de um cenário de políticas públicas enfraquecidas para essa área”, acredita Amarildo Ferreira.

(DOL com informações da UFPA)

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