Há muito o que se ver no Círio de Nazaré, que vai além do sentimento religioso que move os romeiros nas várias procissões da festa bicentenária. Uma vibração de cores e sentidos que têm servido de inspiração constante para artistas, fotógrafos, autores que entram em contato com o Círio. Não seria diferente entre os artistas gráficos, desenhistas e ilustradores, que têm na rica visualidade de Nossa Senhora de Nazaré e das tradições que envolvem sua devoção no Pará farto material para trabalhar. 

O designer e ilustrador Filipe Almeida costuma realizar muitos desenhos de Nossa Senhora, chegada a época do Círio. E todos os anos, tenta colocar suas referências para chegar a uma imagem autêntica. Um exemplo é o desenho da santa com elementos gráficos que mostram a diversidade cultural por trás da representação da fé.

“Procuro inserir elementos de cultura amazônica, da nossa ancestralidade, para mostrar Nossa Senhora como uma divindade do sagrado feminino, que é muito anterior à imagem dela como santa católica. Então, tento desenhar de uma forma que contemple não só narrativa religiosa, mas cultural”, explica.

Nessa busca por referências, Filipe busca identificar Nossa Senhora como outras divindades, uma espécie de rainha da floresta, e Ísis – a deusa mãe egípcia. De acordo com o designer, as imagens católicas têm traços de um arquétipo que já era comum na Europa, como a imagem de Ísis, e que esta foi uma referência para as representações de Maria, como o uso do manto. “Ninguém sabia como Maria era e buscaram na iconografia que já existia no continente europeu”, comenta ele, que divulgou suas criações pela internet e em 2015 desenhou, junto com o designer Rodrigo Cantalício, imagens relacionadas ao Círio para um livro de colorir lançado pelo DIÁRIO.

Leia a matéria completa na edição deste domingo (02) do DIÁRIO.

(Dominik Giusti)

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