A Oxitocina é liberada no momento que estamos amando. Este hormônio faz parte do grupo de “neurotransmissores da felicidade”, e é capaz de aumentar as sensações de bem-estar e diminuir o stress. Ou seja, logo percebemos o quanto faz bem amar.
“Os benefícios de estar em uma relação saudável e recíproca são muitos: apoio emocional, sensação de bem-estar, elevação da autoestima, maior senso de propósito, etc. Um vínculo saudável faz com que os níveis de cortisol - o hormônio do estresse - diminua consideravelmente. Também vale lembrar que o próprio casamento é um dos fatores protetivos para o suicídio. Compartilhar a vida com alguém pode gerar, basicamente, uma vida mais feliz no geral”, contou a psicóloga Priscila Sanches, especialista em Logoterapia, pós-graduanda em Psicoterapia Online e com formação em Saúde Mental, Gênero e Sexualidade.
Para comemorar o Dia dos Namorados, longe do consumismo, que tal exaltar o amor e conhecer um pouco de história de mulheres que vivem uma relação cheia de companheirismo e cumplicidade.
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Mesmo diante de um cenário ainda lesbifobico que a sociedade vive, nada mais justo nessa data que celebrar o amor entre as mulheres.
“Mulheres lésbicas e bissexuais sofrem bastante com o preconceito. Amar outra mulher pode significar a exclusão dos amigos, a rejeição da família, a insegurança de andar na rua, o medo de ser julgada, etc. A baixa autoestima é comum, pois sua orientação sexual é vista como um "defeito", "erro", "fase" ou "pecado". É uma forma cruel de se sentir invalidada durante toda uma vida. Podem passar por uma fase de negação, buscando se adequar à heterossexualidade que a sociedade lhe impõe. Isso também gera sofrimento, pois sentem que estão se enganando, se privando de viver sua sexualidade plenamente. Muitas vezes, podem demorar bastante tempo até assumirem sua orientação sexual sem culpa. Caso não haja o apoio da família, o quadro pode ser ainda pior. Depressão e suicídio podem ser consequências desastrosas de uma vida se sentindo inadequada”, explicou Priscila Sanches.
Desse modo é muito importante se manter longe de preconceito e perto de pessoas que apoiam e respeitam.
“Se a família, os amigos e os colegas de estudo/trabalho tratam o tema com naturalidade e reforçam o amor que sentem por essas mulheres, um peso imenso deixa de existir para elas. A partir disso, não precisam mais se esconder, podem vivenciar um relacionamento em sua plenitude, se sentem amadas e queridas. Em casos nos quais apenas um dos pais aceita e respeita a orientação sexual da filha, o resultado já é positivo. Ter um familiar para apoiar e uma rede de amigos sem preconceitos faz toda a diferença”, disse a psicóloga.
Vale lembrar ainda, que a exclusão de pessoas que só resolveram se amar pode gerar uma série de gatilhos causados por uma sociedade preconceituosa. Para nós, só temos o direito de apreciar esse amor.
“É importante entender que o preconceito está presente na vida de pessoas homo/bissexuais desde muito cedo. Apelidos pejorativos na infância e episódios de ridicularização na escola costumam ser comuns. A família também pode participar desse trauma quando busca adequar meninos que são vistos como afeminados e meninas que são vistas como masculinizadas. Quando crescem, essas crianças viram adultos inseguros, com um senso baixíssimo de autovalor e uma dificuldade de viver plenamente suas vidas. Também podem apresentar dificuldades de impor limites, um desejo permanente de agradar todos ao seu redor em busca de se sentirem amados e aceitos. Como não se sentem seguros em nenhum lugar, é possível desenvolver algum transtorno de ansiedade. Uma sensação constante de precisarem estar em alerta. A depressão também aparece como possibilidade por se sentirem excluídos, diferentes, incompreendidos. Vale ressaltar que essas pessoas não sofrem por sua orientação sexual em si, mas por como a sociedade julga essa sexualidade”, finalizou a Priscila Sanches.
Então chegou a hora de suspirar com história de mulheres fortes e cumplicidade.
ANNE OLIVEIRA E LARISSA PACHECO
“Namoro com a Larissa há um ano, e conheço ela há um ano e uns dias. Nos conhecemos pelo Instagram, ela me ofereceu uma ajuda e eu aceitei. Depois desse dia não desgrudamos mais.
Uns dias depois no dia do meu aniversário começamos a ficar e daí nunca mais nos separamos.
Começamos a namorar e agora esse mês vamos nos casar.
É engraçado porque eu nunca namorei uma mulher e nunca pensei que iria namorar, falava isso pra ela. A Larissa cuidava e me tratava tão bem que me apaixonei tão rápido. Agora estou aqui apaixonada por essa mulher e contando os dias pro nosso casamento.
Infelizmente não vamos passar o dia dos namorados juntos, porque ela tá pros Estados Unidos lutando, mas logo logo estaremos juntas e vamos comemorar tudo junto, casamento, dia dos namorados. Está é nossa primeira data longe”, contou Anne, 26 anos, dançarina e namorada da lutadora Larissa Pacheco.
JESSICA MACKHNO E ADRIANA ABREU
Se conheceram ainda na escola, chegaram a namorar por um período. Após uma década começaram a viver esse amor mais maduro e cumplice.
LARA E CAMILA
“A nossa história começou com as super estimadas voltas do mundo, nos conhecemos num fim de carnaval e num fim de noite, mal sabíamos que tantos fins nos levariam a um começo.. Estamos juntas há 6 anos, ficamos pouco tempo, logo começamos a namorar, no mesmo ano noivamos, porém só casamos 3 anos depois.
Em 2018, no mês de junho, juntamos nossa família e amigos de todos os lugares (a metade amigos de infância de Belém)e num fim de tarde na praia da Tabuba, no Ceará, celebramos nosso amor. No ano em que noivamos, nos inspiramos em duas amigas que casaram, então a importância da celebração foi muito além do social, foi com a intenção de influenciar casais que tivessem a mesma vontade de validar o amor diante dos que amam.
O apoio das pessoas que nos amam foi muito importante, porém foi um caminho conquistado aos poucos, afinal o mundo ainda não lida bem com diferenças, então conquistar espaço, respeito exige paciência, afinal lidamos com muitas gerações que não foram conscientizadas sobre a liberdade de amar e correm o risco de cometer muitas gafes”, contou Lara, 33 anos, estudante de Psicologia, casada com Camilla, 37 anos, administradora.
PETRA MARRON E LÓREN GAYOSO
Elas se conheceram na faculdade, uma recém formada e outra iniciando a sua vida acadêmica. Depois disso veio um reencontro na passeata “Ele Não” e as duas deram seguimento aos seus sentimentos.
O namoro só veio depois de três meses.
VICTORIA SALZER E GILIANA ÁVILA
Nossa história começou antes mesmo de a gente se cruzar nessa vida. Eu, vinda de relações heteroafetivas que, desde jovem, sempre me supriram emocional e fisicamente. Ela, também, mas os ‘finalmentes’ eram sempre um problema. Entre relacionamentos e aprendizados, tínhamos tudo para não nos encontrarmos. Ela, de Castanhal, eu, de Belém. Histórias, lugares, famílias e passados bem diferentes.
Eu fui criada em uma família tradicional com (pré)conceitos bem definidos, apesar de toda a leveza para se tratar do assunto. “Com os filhos dos outros é mais fácil.”. Nunca senti na pele, pois não estava inserida em uma minoria. Classe média, média-alta, até, estudante, hétero, estava tudo bem. Até minha primeira experiência homoafetiva e os desafios que estariam por vir. Nunca passei pela negação. Mergulhei, vivi e até hoje vivo.
Ela, desde muito jovem, sempre sentindo que algo estaria faltando. Idealizou casamento, família tradicional, um futuro cercado pelos princípios que aprendeu durante toda uma vida. Até que começou a se questionar, questionar a vida, questionar o motivo para se estar vivo. Tentou. Não conseguiu. Medo da crueldade da sociedade, medo da punição daquele que ela acredita com todas as forças que a ama incondicionalmente (mas seria um carrasco), ao viver o que seu coração e seu corpo pediam para que ela vivesse.
Pulando de uma cidade a outra nessa fuga, chegou a Belém, onde eu estava. Era dezembro de 2018 quando nos esbarramos. Eu no palco de um show que fazia toda terça naquele lugar de Belém, ela, como uma espectadora, sentada, convidada de um aniversário que até uma hora atrás quase desistira de ir. Mas ela precisava ir. Nos vimos. Sua maneira de me olhar me chamou atenção, e minha maneira de cantar chamou a sua também. Em menos de 24 horas trocamos telefone em uma rede social (onde ela me encontrou) e uma semana depois já estávamos nos encontrando de fato. Desse dia em diante, somos o que somos hoje, todos os dias.
Começamos a namorar no dia 05/01/2019. Uma barra enfrentada com a família. Para todos, era algo finito. Uma experiência, mais uma história que iríamos viver e esquecer. Mas não. Conquistamos nosso espaço com as pessoas que nos amam. Não apenas espaço, mas respeito. E NÃO FOI FÁCIL. Lágrimas, mágoas, medo, mas uma vontade enorme de viver esse amor. E vivemos.
Em setembro do mesmo ano, fui pedida em casamento em um teatro lotado. Ali nossa chave virou. Dois meses depois, ela saiu do apartamento onde morava em Belém e eu saí da casa da minha mãe. Uma vida nova. Nosso primeiro apartamento, alugado. Pandemia. Mudamos de volta para a cidade dela, e há um ano moramos com a minha sogra (mãe dela) em uma relação harmoniosa e feliz. Só gratidão!
Hoje, acabamos de nos mudar para a nossa casa, que estava sendo construída desde outubro. Nosso sonho materializado. Mais do que nunca, apaixonadas, confiantes, leais, gratas e JUNTAS. Vale a pena cada lágrima. Vale a pena cada questionamento. Se fosse para passarmos pela mesma tribulação para estarmos aqui hoje, passaríamos. Estamos hoje com 2 anos e 5 meses juntas. Nos amamos e respeitamos ainda mais a cada dia, se é que é possível! Sempre é”, contou Victória Salzer, noiva de Giliana Ávila.
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