Você sabia que o glaucoma e a catarata são as principais causas de cegueira em todo o mundo? De acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG), a doença afeta 2 milhões de pessoas com mais de 40 anos no país.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram diagnosticados aproximadamente 76 milhões de casos de glaucoma em 2020. A projeção para 2040 é de 111,8 milhões de diagnósticos. Esse aumento está diretamente ligado ao envelhecimento populacional global.
Um dos principais fatores de risco para desenvolver o glaucoma, bem como a catarata, é a idade. Portanto, essas duas condições oculares se tornaram uma questão de saúde pública, com a necessidade urgente de medidas preventivas e educacionais da população.
Glaucoma pode ser irreversível
A oftalmologista Dra. Maria Beatriz Guerios, especialista em glaucoma, explica que o glaucoma é de maior gravidade, pois a perda da visão é irreversível, diferentemente da catarata que pode ser curada por meio de uma cirurgia.
O glaucoma é o nome dado a um grupo de neuropatias óticas degenerativas e progressivas. Trata-se de uma doença ocular causada por danos no nervo óptico.
“A doença é caracterizada pela degeneração das células ganglionares e das camadas de fibras nervosas da retina. O resultado desses danos é a perda irreversível da visão”, reforça Dra. Maria Beatriz.
A principal maneira de prevenir o glaucoma é medir a pressão intraocular (PIO), principalmente após os 40 anos. Isso porque é o aumento da PIO pode dar início ao processo de degeneração do nervo óptico.
“Entretanto, hoje há evidências de que o glaucoma se desenvolve a partir de fatores vasculares, genéticos, anatômicos e imunológicos. Há muitas evidências científicas sobre o risco aumentado na população afrodescendente, por exemplo”, explica Dra. Maria Beatriz.
Os estudos na área apontam que há diferenças na expressão do gene que controla a PIO, bem como diferenças ambientais que podem explicar a razão do glaucoma ser mais prevalente em certas populações.
Fatores de Risco
- Pressão intraocular elevada (PIO)
- Idade avançada
- Alta miopia
- Histórico familiar da doença
- Trauma Ocular
- Fator racial
- Diabetes
- Pressão alta
Classificação
Há vários tipos de glaucoma. Podemos dividir em glaucomas primários: o de ângulo aberto (GPAA) e o de ângulo fechado (GPAF). E em secundários, cujo uma doença ocular associada, leva ao descontrole da PIO.
“A incidência de cegueira a curto prazo é maior no glaucoma de ângulo fechado, apesar de ser menos comum do que o glaucoma de ângulo aberto”, cita a médica.
Impedir a progressão
Em relação ao tratamento, o principal objetivo é evitar a progressão da doença, ou seja, evitar que a pessoa perca a visão de maneira irreversível.
“Entretanto, o acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento do glaucoma no Brasil, como em vários países em desenvolvimento, é um entrave para prevenir a cegueira causada pela doença”, conta Dra. Maria Beatriz.
Outro obstáculo é a adesão ao tratamento com colírios. Um estudo feito no Brasil apontou que apenas 54% dos pacientes diagnosticados com glaucoma seguem o tratamento. O motivo mais comum para a não adesão é o esquecimento.
Prejuízos do glaucoma
O glaucoma é uma doença silenciosa. Os sintomas podem aparecer quando já existe alguma perda da visão. Atividades que exigem a visão central e de perto, por exemplo, ficam comprometidas.
Dirigir ou reconhecer um rosto pode ser muito difícil para quem já perdeu parte da capacidade visual. Além disso, o glaucoma é um preditor significativo de depressão. A perda da visão causa sérios prejuízos, levando à incapacidade permanente para o trabalho, por exemplo.
“Outro ponto é que as consequências da perda da visão se estendem à família, pois há perda da autonomia, da renda e necessidade constante de auxílio, bem como do custeio dos medicamentos e demais tratamentos”, ressalta Dra. Maria Beatriz.
Prevenção
A chave para reduzir os casos de glaucoma, principalmente aqueles que evoluem para a perda da visão, é a consulta oftalmológica de rotina.
“Após os 40 anos, recomenda-se medir a pressão intraocular todos os anos. Caso haja fatores de risco associados, como alta miopia, casos na família, entre outros, o ideal é acompanhar desde cedo”.
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