A amamentação reduz em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos e, também, diminui a chance da criança ter alergias, infecções, diarreia, doenças respiratórias, otites, obesidade e diabetes tipo 2. Além de todos esses benefícios para as crianças, amamentar oferece uma série de vantagens para as mulheres, como a redução no risco de câncer de mama.
Nos últimos dias de mais um Outubro Rosa, mês histórico de prevenção quanto à doença, especialistas da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Estado do Pará (FSCMP) reforçam que o processo fisiológico da amamentação, além de inigualável para a saúde do bebê, ajuda a prevenir câncer de mama para a mãe.
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De acordo com a mastologista Cynthia Lins, médica do Ambulatório da Mulher da Santa Casa e presidente da Seção Pará da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o benefício já começa na própria gravidez: “Na gestação, há o completo desenvolvimento do parênquima, conjunto específico de células de uma glândula ou de um órgão mamário, preparando esse tecido para a amamentação, com renovação das células mamárias”.
Ela também destaca a exposição hormonal: “No período de amamentação, as mulheres ficam menos expostas aos hormônios femininos relacionados ao risco de câncer de mama”, completa. Outro mecanismo ocorre quando o leite é ejetado pelos ductos mamários: essa ação pode eliminar células mamárias que teriam sofrido alguma alteração na estrutura, fenômeno que poderia levar ao aparecimento futuro do câncer de mama.
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“Existe, então, um processo natural de substituição das células mamárias na amamentação, podendo eliminar células modificadas ou com mutação de risco para o câncer de mama”, explica a mastologista Cynthia Lins. E, desmistificando, ela afirma que mesmo quem já passou por uma primeira experiência de câncer de mama pode amamentar: “Nos casos de mastectomia, que consiste na retirada da mama, a amamentação pode ser realizada pela mama que não foi operada; no caso de retirada parcial, quadrantectomia, desde que não tenha ocorrido retirada dos ductos mamários, a amamentação pode ser feita inclusive pela mama que já teve câncer”, explica a médica do Ambulatório da Mulher da Santa Casa e presidente da Seção Pará da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Segundo estudos universais, a amamentação está relacionada, ainda, à prevenção de outros cânceres na mulher que amamenta: “Como essa mulher passa por um período mais prolongado de anovulação [cessação da ovulação], existe mais proteção quanto a câncer de ovário, além de diminuição de ação de estrogênio no endométrio, levando a uma redução no risco de câncer endometrial”, enumera Cynthia Lins, embasando, com ternura: “A amamentação é sobretudo um ato de amor”, conclui.
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Santa Casa
Com um quadro de mastologistas, o Ambulatório da Mulher acompanha patologias e realiza biópsias. Por mês, são cerca de 70 consultas de mastologia e um número de diagnósticos de câncer de mama que anualmente sempre se aproxima de 20, mesmo em um cenário de pandemia.
O Hospital encaminha essas pacientes para tratamento em centros de referência, via sistema de regulação da Secretaria de Saúde Pública (Sespa).
A dona-de-casa Oneide do Socorro Rodrigues, 54, de Abaetetuba, no nordeste do Pará, por exemplo, foi salva por tal dinâmica: encaminhada com um histórico de múltiplos cistos nas duas mamas e resultados negativos para exames, ela só descobriu câncer no seio direito depois de uma cirurgia na Santa Casa, em fevereiro deste ano.
"Foi um alívio e ao mesmo tempo um susto, porque eu sabia que havia alguma coisa errada. O bico do meu seio estava deformando, saía uma secreção; tudo o que os profissionais repassam como sinal de alerta, o que a gente lê nos cartazes do consultório, aquilo acontecia", relembra.
A paciente hoje está terminando tratamento de quimioterapia e radioterapia no Hospital Ophir Loyola (HOL), com excelente prognóstico.
Enfermeira do Ambulatório, Nazaré Falcão aponta que o Outubro Rosa é um movimento para sensibilizar a população: “Quanto mais precocemente a gente diagnosticar, mais nós temos condições ou de cura ou uma sobrevida melhor para cada mulher. É isto o que a gente busca: o diagnóstico precoce”, enfatiza.
Exemplo
Com um pré-natal na Santa Casa para acompanhar picos hipertensivos, a enfermeira obstetra Tassyane Silva, 28, do município de Vigia de Nazaré, na Região do Salgado, e uma cesariana tranquila no último 30 de setembro, tem amamentado sem dificuldades o filho Heitor.
“Ser da área é um portal de conhecimento”, sorri. “Eu já sabia que este alimento era do coração: faz bem pro meu filho e pra mim”, diz.
Marido de Tassyane e pai de Heitor, Marlisson Pareira, microempreendedor, 26, encoraja: “A família tem que estar perto pra que seja seguro e confortável pra mãe e pro bebê. É lindo, é uma conexão. Eu fico emocionado”, conta.
Evento
Em Belém, para encerrar um mês inteiro de campanha de conscientização sobre o câncer de mama, a Santa Casa, em parceria com o Shopping Grão-Pará, promoverá um evento especial neste sábado (23), das 10h às 18h, com acesso livre. Será no 1º Piso do Shopping em frente à Praça da Alimentação. O endereço é Av. Centenário, nº 1052, bairro Mangueirão.
A partir do tema “Câncer de mama: Vamos Vencer essa Luta”, haverá estandes com programação educativa e lúdica, na abordagem de temas de nutrição, medicina, psicologia, enfermagem, entre outros.
Serviço: “Câncer de Mama: Vamos Vencer essa Luta?” - 1° Piso do Shopping Grão-Pará
Acesso Livre e Gratuito
Avenida Centenário, nº 1052, Bairro: Mangueirão.
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