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Doula: a profissão do amor

No país onde mais se faz cesária no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde, nunca se falou tanto em parto humanizado. Leia-se: o direito da mulher escolher como quer trazer seu filho ao mundo, seja em casa, no hospital, na água, etc. O que vale é s

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No país onde mais se faz cesária no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde, nunca se falou tanto em parto humanizado. Leia-se: o direito da mulher escolher como quer trazer seu filho ao mundo, seja em casa, no hospital, na água, etc. O que vale é ser natural, e deixar os pequeninos virem no dia e hora que desejarem. E se você pensa que parto natural é sinônimo de atraso, de falta de acesso às vantagens da medicina, engana-se: enquanto no Brasil 52% dos partos são cesarianos, a média em países mais desenvolvidos é de apenas 15%.

Neste cenário, talvez você nunca tenha ouvido falar de um elemento imporante: a doula, uma profissão que já entrou na Classificação Brasileira de Ocupações, do Ministério do Trabalho, desde 2013. O papel dela é ser uma acompanhante de parto treinada, que presta suporte emocional e físico a gestante, não só no nascimento, mas durante toda a gestação, trazendo informações à nova mãe.

“A doula e a gestante desenvolvem, além de um vínculo de confiança, uma forma individualizada de preparação para o parto e pós-parto, através de conversas, pesquisas, livros, filmes e eventos. O objetivo é que a mulher chegue ao parto mais segura e consciente de suas escolhas e possa desfrutar deste momento com plenitude e prazer”, explica Mariana de Mesquita, que vem a Belém pela primeira vez para ministrar um curso de formação de doulas do Grupo de Apoio a Maternidade Ativa (GAMA), de São Paulo, que será realizado por aqui esta semana.

Mariana se tornou doula desde que participou de um grupo de apoio a gestantes em Ribeirão Preto, a convite de uma amiga. Até então era bailarina e atriz. “Me apaixonei completamente. Daquele momento em diante só mergulhei mais e mais na beleza da fisiologia do parto, e no processo de construção da maternidade percorrido por cada mulher durante a gestação e o momento do nascimento do bebê. Virei doula quando algumas mulheres me trouxeram suas experiências de parto após uma gestação inteira de preparação comigo. Foi catastrófico: 100% de cesárias no primeiro curso que havíamos oferecido. Aí demos um basta! Isso faz 12 anos. Procurei no Google ‘acompanhante de parto’ e apareceu: curso de formação de doulas. Não fazia ideia do que se tratava, mas achei que era o que estava procurando. Fiz com duas amigas e, desde então, esta é a minha vida, minha profissão”, explica Mariana, que atualmente estuda Obstetrícia na USP, em São Paulo, para se tornar ‘parteira urbana’.

Segundo ela, quem procura a doula está em busca basicamente de apoio e, às vezes, está cheia de dúvidas em relação ao parto. “Esta mãe quer uma mulher que olhe nos olhos e tenha fé no seu processo e na sua capacidade de parir, dure o tempo que durar, seja intenso o quanto for. Quer alguém que a ajude a passar pelas contrações e momentos de dor, mas também alguém que festeje com ela e testemunhe a descoberta de todo esse poder. A maioria das mulheres que acompanho não faz uso de analgesia e vive todas as sensações do trabalho de parto, não por que querem ser fortes ou provar algo. Elas querem viver tudo, sentir o momento, curtir toda a experiência transcendente, no sentido psico-corporal”, descreve.

Durante seu trabalho como doula, Mariana já vivenciou várias histórias emocionantes, como a de um pai que assistia ao parto do filho e, extasiado, pulou na banheira junto para abraçar o bebê. “Houve uma vez em que a gestante, na hora de fazer força, ficou com muito medo e, em um dado momento, começou a cantar. Assim a neném nasceu, com a sua mãe cantando a plenos pulmões, sem gritos ou medo. Tive a oportunidade de acompanhar o nascimento do meu último sobrinho também, e não esqueço seu olhar fixo no fundo dos meus olhos logo na primeira hora de vida. Sempre me emociono nos partos”, destaca Mariana.

A doula auxilia com técnicas de massagens específicas para cada fase do trabalho de parto, mas não está apta a fazer qualquer outro procedimento. São usadas também compressas, movimentações, vocalizações, além do apoio informativo, esclarecendo para a mulher em que fase ela está, os prós e contras de cada procedimento, etc.

Em Belém, existem atualmente cinco doulas, mas o curso que será ministrado por Mariana promete aumentar este número e divulgar a profissão. A primeira doula de Belém foi Thayssa Rocha, que é também coordenadora local do evento. “Fiz o curso em São Paulo em 2007 e atuo como doula em Belém desde 2008. É importante frisar que não existe escolaridade específica ou outra exigência para se formar como doula, além da afinidade com este mundo do parto natural, porque é desgastante: você precisa ficar a disposição da gestantes, acompanhá-las, passar leituras, informações, etc. Tem que amar o que faz. Vivemos no país da cesária, mas a doula vem desconstruindo isso. A maioria das mulheres que assisti queria parto normal, mas tinha um medinho lá no fundo. Durante a gestação, ajudamos elas a entenderem o desconhecido e a se sentirem seguras”, explica. “A mulher deve ter liberdade de escolha. Nosso papel é dar todo o suporte que ela precisa para isso”, frisa.

SAIBA MAIS

O curso de doulas acontece de 26 a 29 deste mês, na Cia Athlética. As vagas são limitadas. Inscrições no site www.maternidadeativa.com.br/doulasbp.html

(Revista D'Semana/Diário do Pará)

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