Especialistas dão dicas de como fazer o café perfeito em casa

O café faz parte da rotina de milhões de brasileiros. Seja para despertar pela manhã, acompanhar o almoço ou marcar momentos de pausa, a bebida atravessa gerações e representa muito mais que um simples hábito: trata-se de um ritual de afeto e acolhimento.

Entretanto, nem todo café entrega a mesma experiência. A diferença entre uma xícara memorável e uma bebida sem graça está nos detalhes. Por isso, especialistas na área reuniram dicas essenciais para preparar o café perfeito em casa.

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Antes de mais nada, é preciso entender o que diferencia um bom café de um produto inferior. Segundo o barista Cristiano Moreira, do Restaurante Meritíssimo, a qualidade começa no campo.

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"Um bom café recebe cuidado em todas as etapas de produção, desde a colheita seletiva até o processo de pós-colheita", explica.

Além disso, a diferença aparece no sabor. Enquanto cafés ruins apresentam bebida adstringente e amarga, os de qualidade superior entregam doçura e acidez equilibradas.

Portanto, vale a pena investir em produtos que valorizem cada etapa da cadeia produtiva.

Por que evitar os cafés extra-fortes?

Muitos consumidores acreditam que café extra-forte representa o melhor do mercado. Contudo, a realidade é exatamente o oposto. Conforme explica a produtora Anne Faleiro, do Vô Viriato Cafés, esse tipo passa por torra mais intensa justamente para mascarar impurezas e defeitos dos grãos.

Consequentemente, cafés extra-fortes costumam conter grãos de baixa qualidade, mal selecionados ou fermentados. O resultado final é uma bebida amarga, sem as nuances de sabor que caracterizam um produto especial.

Dessa forma, a escolha consciente começa pela compreensão desse conceito equivocado.

A questão do açúcar no café

Primeiramente, a decisão de adoçar ou não depende do paladar individual. Porém, muitas pessoas adicionam açúcar porque consomem cafés mais fortes e, portanto, mais amargos.

Nesse sentido, vale conhecer as espécies de café produzidas no Brasil. O arábica, que representa cerca de 70% da produção nacional, possui sabor naturalmente doce e suave. Assim sendo, ao escolher um café de boa qualidade dessa variedade, não há necessidade de adicionar açúcar ou adoçante para torná-lo agradável.

Grão inteiro ou moído: qual escolher?

Embora os supermercados ofereçam principalmente café moído, a escolha ideal recai sobre os grãos inteiros. De acordo com Cristiano Moreira, a explicação está no processo de oxidação.

"O café em grão possui menos área exposta ao ar, o que faz com que oxide mais lentamente e preserve melhor seus aromas e sabores", detalha o barista. Em contrapartida, o café moído apresenta mais partículas expostas ao oxigênio, o que acelera a oxidação e, consequentemente, compromete o frescor e a qualidade da bebida.

Como identificar um café especial?

A qualidade de um café está diretamente relacionada à origem, altitude e tipo de grão. Segundo Anne Faleiro, alguns indicadores facilitam a escolha na hora da compra.

Primeiramente, observe a pontuação: os melhores cafés costumam estar acima de 80 pontos. Além disso, verifique se o produto é 100% arábica e se recebe classificação como café especial. Nesse caso, a colheita acontece de forma artesanal, com seleção cuidadosa dos grãos.

Outro aspecto importante é a embalagem. Muitos cafés especiais vêm com válvula que permite a saída do gás carbônico e impede a entrada de oxigênio. Esse recurso preserva o sabor por muito mais tempo.

O passo a passo do café perfeito

Agora vem a parte prática. Para preparar um café coado excepcional, alguns detalhes fazem toda a diferença.

• Água filtrada e temperatura correta: Primeiramente, utilize sempre água filtrada. A temperatura ideal deve ficar entre 90°C e 100°C para extrair o melhor dos grãos;
• Escolha do filtro: Prefira o filtro de papel ao coador de pano. Isso porque o pano pode reter impurezas e alterar o aroma da bebida. Ademais, escalde o filtro antes do uso para evitar que ele transfira gosto indesejado ao café;
• Moagem na hora: Conforme ressalta Cristiano Moreira, mesmo um barista profissional não consegue salvar um café ruim. Portanto, escolha matéria-prima de qualidade e moa os grãos na hora do preparo. Essa simples atitude transforma completamente a experiência;
• Proporções equilibradas: Mantenha a proporção adequada entre café e água. Geralmente, 10 gramas de café para cada 100 ml de água é um bom ponto de partida, mas você pode ajustar conforme sua preferência.

O diferencial do café mineiro

Minas Gerais responde por 47% da produção nacional de café, com 26 milhões de sacas colhidas recentemente. Entretanto, o destaque vai além dos números. Segundo Cristiano Moreira, o café mineiro possui a maior complexidade sensorial do mundo.

"Dentro das regiões produtoras de Minas, é possível encontrar cafés com notas achocolatadas e caramelizadas, em outras, cafés frutados e muito ácidos, e, em mais algumas, bebidas com notas florais e herbáceas", explica.

Portanto, ao escolher cafés mineiros, você tem acesso a uma diversidade sensorial impressionante, concentrada em uma área geográfica relativamente pequena.

Em síntese, preparar um café excepcional depende de escolhas conscientes em cada etapa. Desde a seleção de grãos de qualidade até os cuidados no preparo, todos os detalhes contribuem para a xícara final.

Consequentemente, evite os cafés extra-fortes, prefira grãos inteiros, escolha produtos acima de 80 pontos e invista em moagem na hora. Além disso, atente-se à temperatura da água e à qualidade do filtro.

Por fim, lembre-se: mais que uma bebida, o café representa afeto, acolhimento e tradição. Com as dicas certas, cada xícara pode se transformar em uma experiência memorável.