
Enquanto o mundo prepara os olhos (e a consciência) para Belém, que em novembro deste ano será palco da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), iniciativas promissoras começam a ganhar destaque e mostrar que a salvação do planeta pode estar onde menos se espera, até mesmo no que antes era descartado no campo.
Um exemplo é a palha de milho, tradicionalmente considerada um resíduo agrícola sem grande valor comercial. Hoje, ela é o centro de estudos inovadores no Brasil, nos Estados Unidos e na China, que buscam transformá-la em um material cimentício suplementar (SCM). A proposta não só visa reduzir o impacto ambiental da produção de cimento, responsável por até 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, como também melhorar a resistência e o desempenho térmico do concreto.
Em artigo publicado pelo Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), o pesquisador Décio Luiz Gazzoni, da Embrapa, reforça que iniciativas como essa respondem diretamente aos compromissos ambientais que o Brasil quer destacar durante a COP30. “A palha do milho, após tratamento, pode se tornar um substituto eficaz em blocos de concreto, com menos impacto climático e desempenho técnico superior”, explica.
Tecnologia que vem do campo
Pesquisas da Universidade do Colorado mostraram que, ao processar corretamente a biomassa do milho, é possível produzir blocos com maior durabilidade, isolamento térmico e resistência mecânica. Ou seja, menos cimento convencional, menos emissões de carbono e mais sustentabilidade nas construções.
Quer ler mais notícias de Sustentabilidade? Acesse o nosso canal no WhatsApp!
Cuidados com o solo e caminhos para viabilidade
No entanto, o uso dessa biomassa exige cuidado. Retirar toda a palha do solo pode comprometer sistemas de plantio direto, fundamentais para a saúde do solo e a segurança alimentar. Por isso, Gazzoni defende que novos estudos se ampliem para outras culturas agrícolas, buscando um equilíbrio entre produção e conservação ambiental.

Belém como vitrine global
A discussão sobre uso inteligente dos resíduos ganha ainda mais relevância diante da COP30, quando o mundo estará atento às soluções surgidas da Amazônia e de outros biomas brasileiros. A transformação da palha de milho em cimento sustentável é exemplo concreto (literalmente) de como ciência, agricultura e indústria podem andar juntas em direção a um futuro mais verde.

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar