
Falar em sustentabilidade é, antes de tudo, falar sobre equilíbrio, mas também sobre permanência. É importante destacar que, quando tratamos de modelos sustentáveis de produção, o lucro é essencial. Sem ele, não há continuidade, escala nem inclusão. A sustentabilidade verdadeira inclui a preservação do meio ambiente, o respeito às pessoas e a viabilidade econômica. E isso precisa ser dito com clareza: lucro é parte fundamental da sustentabilidade.
Sustentabilidade sistêmica: a virada do século no agro brasileiro
Nas últimas décadas, o Brasil foi protagonista de uma das maiores transformações agrícolas da história. O que antes era visto como barreiras, solos ácidos, clima desafiador e terras pouco exploradas, tornou-se um diferencial competitivo por meio da ciência, inovação e preservação de recursos naturais.
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Desde os anos 1970, com a criação da Embrapa e o trabalho de líderes como Alysson Paolinelli, o país trilhou um caminho que o posicionou entre os maiores produtores mundiais de alimentos, fibras e bioenergia.
Se o século XX foi marcado pela busca por produtividade, o século XXI impõe novos desafios: produzir mais, com menos impacto. Isso exige um novo olhar, onde a gestão de riscos, a rastreabilidade, o uso de tecnologia, a adaptação climática e os princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) se tornam centrais.
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A pergunta que se impõe é: a potência agrícola do Brasil está pronta para ser também uma potência verde?
Sustentabilidade como estratégia de longo prazo
Desde a criação do Código Florestal de 1934, atualizado pela Lei nº 12.651/2012, o Brasil tem um marco legal sólido para a proteção ambiental. Mas é com iniciativas práticas, como o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), que o país avança em direção a uma produção agrícola regenerativa e de baixo impacto.

Essas políticas permitiram o surgimento da chamada Agricultura 3.0, que alia tecnologia, responsabilidade ambiental e adaptação à realidade brasileira.
ESG: entre os avanços e os desafios
A partir de 2019, o ESG passou a influenciar diretamente o acesso ao crédito, exportações e parcerias. Grandes produtores e cooperativas já avançam nesse campo com estrutura e capital, mas milhares de pequenos e médios produtores ainda estão à margem, pela falta de acesso a crédito, tecnologia, formação técnica e assistência especializada.
Essa exclusão histórica compromete a equidade da cadeia produtiva e o cumprimento das metas climáticas do país. Incluir e capacitar esses produtores é urgente e estratégico.
ESG sério exige técnica
Ao mesmo tempo, cresce o número de consultorias despreparadas, com propostas genéricas, modelos importados e metas irreais. Sem conhecimento técnico do campo brasileiro, transformam o ESG em pacote de boas intenções sem impacto real. Isso compromete a credibilidade do setor e afasta investidores.
O ESG precisa ser tratado como o que é: um sistema técnico, mensurável e contextualizado, que exige capacitação, governança de dados, indicadores de impacto e construção conjunta com o produtor rural.
Economia Verde Positiva: regenerar, incluir e prosperar
A Economia Verde Positiva vai além da simples mitigação de impactos. Ela propõe uma transformação sistêmica que regenera o capital natural, valoriza o capital social e promove prosperidade compartilhada.

No agronegócio, ela representa a aliança entre produtividade e recuperação ambiental, inclusão social e novos mercados, como o de créditos de carbono e bioeconomia.
Uma cadeia produtiva baseada nesse modelo exige conexão, rastreabilidade, consumo consciente e colaboração entre todos os elos: do produtor ao mercado financeiro.
As engrenagens de uma economia verde positiva
- Produtor rural: protagonista da mudança. Cuida do solo, da água, da biodiversidade e das pessoas. Práticas regenerativas, bem-estar social e agricultura de baixo carbono tornam-se ativos valorizados.
- Indústria e beneficiamento: investem em rastreabilidade, energia limpa, economia circular e inovação. Sustentabilidade vira valor agregado.
- Logística e transporte: biocombustíveis, gestão de frotas e cadeias curtas reduzem impactos e custos.
- Varejo e distribuição: conecta o agro ao consumidor com produtos rastreáveis, saudáveis e com impacto positivo.
- Mercado financeiro: promove crédito verde, fomenta inclusão e impulsiona boas práticas com financiamento inteligente.
- Governança e políticas públicas: criam o ambiente necessário para a transformação sistêmica. Fortalecer o Plano ABC+, rastreabilidade e capacitação são cruciais.
Conclusão: um novo ciclo para o agro brasileiro
O Brasil tem tudo para liderar a nova era do agronegócio mundial, não apenas em volume, mas em valor regenerativo, ético e inclusivo.
A Economia Verde Positiva não é uma utopia, mas uma estratégia real, possível e necessária para enfrentar os desafios climáticos, sociais e econômicos do nosso tempo.

O futuro sustentável do agro depende da ação conjunta: do produtor ao consumidor, da fazenda ao investidor, das políticas públicas às tecnologias tropicais. Com visão, inclusão e responsabilidade, o Brasil pode - e deve - ser uma potência verde global.

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