Depois de o Twitter classificar como falsas duas publicações do presidente americano, Donald Trump, o republicano lançou na quarta (27) uma campanha de intimidação contra um funcionário da empresa.
Conforme o site The Verge, os ataques começaram com uma conselheira de Trump, Kellyanne Conway, chamando o chefe de integridade do Twitter, Yoel Roth, de "horrível" em uma entrevista para a Fox News, e pedindo que os telespectadores fossem atrás dele. Ela havia encontrado alguns tuítes passados do funcionário nos quais ele criticava Trump e ela.
"Alguém em São Francisco vá acordá-lo e diga que ele está prestes a ganhar muito mais seguidores", disse ela no ar.
Logo em seguida, apoiadores de Trump começaram a compartilhar capturas de tela dos posts do funcionário. Roth passou então a receber ameaças de morte e a sofrer assédio e abuso, de acordo com o site Protocol (noticioso fundado pelo mesmo publisher do site Politico).
Na terça (26), a rede social havia adicionado um alerta junto a mensagens falsas nas quais Trump afirma que votações por correio comprometem a validade de uma eleição. A notificação –um ponto de exclamação azul– orienta usuários do microblog a "obterem informações sobre as cédulas por correio" e os direciona a uma página com notícias e artigos de checagem de fatos que desmentem as alegações de Trump.
Trump tem atacado estados que querem expandir a votação por correio como forma de possibilitar que mais eleitores votem e também de garantir mais segurança em meio à pandemia de coronavírus. O Comitê Nacional Republicano processou o estado da Califórnia no fim de semana devido a um plano de expansão da votação por correio apresentadopelo governador democrata Gavin Newsom.
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Em resposta à intimidação lançada pela Casa Brnca, o Twitter afirmou que não tomará qualquer medida contra seu empregado e que a sinalização dos tuítes do presidente não havia sido feita por Roth.
"Ninguém no Twitter é responsável por nossas políticas ou ações de reforço, e é lamentável ver funcionários individuais serem alvo de decisões tomadas pela empresa", disse um porta-voz do Twitter ao The Verge.
A empresa confirmou que essa foi a primeira vez que aplicou uma etiqueta de verificação de fatos a tuítes do presidente sob sua nova política, introduzida neste mês, para combater desinformação sobre a Covid-19. O Twitter disse ainda que estenderia as regras adotadas a tuítes com informações controversas ou enganosas sobre o coronavírus a outros tópicos.
Yoel Roth é o chefe da integridade do Twitter, membro de uma equipe cujo trabalho é fazer valer as regras do microblog. Roth se dedica a "identificar e investigar suspeitas de manipulação de plataforma", como diz em seu blog na página da empresa, removendo contas falsas ligadas a causas ou movimentos.
Por exemplo, em 2018 ele ajudou no esforço que resultou na suspensão de 130 contas falsas da Espanha diretamente associadas ao movimento de independência da Catalunha, que divulgavam conteúdo sobre o referendo (ilegal) sobre a separação da região espanhola do restante do país. "Abrir contas falsas é uma violação das regras do Twitter, ponto", explicou.
Trump pode tomar ainda outra ação que afetará diretamente o Twitter. Ele ameaçou assinar nesta quinta (28) a revisão da Seção 230, lei que protege as empresas de internet da responsabilidade pelo conteúdo postado por seus usuários. Também ordenaria uma revisão do que chamou de "práticas desleais ou enganosas" do Facebook e do Twitter.
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