A Índia tem batido recordes de casos e mortes pelo novo coronavírus e concentra 49% dos infectados e 28% dos óbitos do mundo todo. Em plena 2ª onda, o principal conselheiro científico do governo indiano já afirma que uma 3ª onda é inevitável. Além disso, outra situação está preocupando as autoridades de Saúde do país.
Na manhã deste sábado (08), Akshay Nair, um cirurgião de olhos de Mumbai, estava esperando para operar uma jovem de 25 anos que havia se recuperado de covid-19 três semanas antes. Dentro da sala cirúrgica, a paciente, que é diabética, já estava sendo submetida a outro procedimento cirúrgico, por um otorrinolaringologista.
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Na intervenção, foi inserida uma cânula no nariz da paciente para remover tecidos infectados com mucormicose, uma infecção fúngica rara, mas perigosa. A doença afeta o nariz, os olhos e, às vezes, o cérebro.
Depois que seu colega terminasse o procedimento, Nair realizaria uma cirurgia de três horas para remover o olho do paciente. "Vou remover o olho para salvar a vida dela", explicou o médico à BBC.
O caso da paciente, infelizmente, não é isolado: os médicos agora estão relatando uma série de casos de infecção por "fungo negro" entre pacientes com covid-19 em recuperação e recuperados. Segundo o especialista, a mucormicose é uma infecção muito rara, causada pela exposição a um tipo de mofo comumente encontrado no solo, plantas, esterco e frutas e vegetais em decomposição.
A doença afeta os seios da face, o cérebro e os pulmões e pode ser fatal em diabéticos ou em indivíduos imunodeprimidos, como pacientes com câncer ou portadores do HIV/AIDS. Para o médico, mucormicose que tem uma taxa de mortalidade geral de 50%, pode ser desencadeada pelo uso de esteroides, um tratamento usado em paciente graves com covid-19.
Os esteroides reduzem a inflamação nos pulmões e ajudam a interromper alguns dos danos que podem ocorrer quando o sistema imunológico entra em atividade para combater o vírus. Por reduzir a imunidade, ele aumentam os níveis de açúcar no sangue em pacientes diabéticos e não diabéticos. Acredita-se que essa queda na imunidade possa estar desencadeando os casos de mucormicose.
"O diabetes diminui as defesas imunológicas do corpo, o coronavírus o agrava e, em seguida, os esteroides que ajudam a combater a covid-19 agem como se estivéssemos jogando gasolina no fogo", explica Nair.
O cirurgião ocular, que trabalha em três hospitais em Mumbai diz que já atendeu cerca de 40 pacientes com infecção fúngica em abril. Muitos deles eram diabéticos que se recuperaram da covid-19 em casa. Onze deles tiveram um olho removido cirurgicamente.
O movimentado Hospital Sion de Mumbai já registrou 24 casos dessa infecção fúngica nos últimos dois meses de pacientes jovens, ante da pandemia eram registrados seis casos da doença por ano.
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