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SENTENÇA

Ex-policial que matou George Floyd é condenado

Os três outros ex-oficiais acusados de cumplicidade no homicídio de Floyd devem ser julgados em 2022.

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Imagem ilustrativa da notícia Ex-policial que matou George Floyd é condenado camera George Floyd foi morto em maio do ano passado: Black Lives Matter. | Reprodução

George Floyd, ex-segurança negro, foi morto após o então policial Derek Chauvin prensar seu pescoço com o seu joelho por mais de nove minutos, em maio do ano passado. O caso gerou revolta e protestos no mundo inteiro com a célebre frase "Vidas Negras Importam", em inglês "Black Lives Matter"

Chauvin, 45 anos, já estava detido em um centro penitenciário do estado de Minnesota, nos Estados Unidos, desde meados de abril, quando foi condenado pela morte de Floyd. Ele também foi preso no ano passado, poucos dias depois do crime, mas deixou a cadeia após pagar fiança de US$ 1 milhão.

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Nesta sexta-feira (25), ele foi condenado a 22 anos e meio de prisão. A sentença se refere às três acusações pelas quais o ex-agente foi condenado: homicídio em segundo grau, homicídio em terceiro grau e homicídio culposo em segundo grau.

"A sentença não é baseada em emoção ou na opinião pública. Mas quero destacar a dor que a família de Floyd está sentindo", declarou o juiz Peter Cahill ao proferir a sentença.

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Durante a audiência, o procurador-geral assistente de Minnesota, Matthew Frank, reforçou que Chauvin usou força desproporcional contra um homem que clamava por sua vida. Enquanto era asfixiado, Floyd repetia a frase "não posso respirar". "Floyd foi tratado com crueldade. Todos vimos", disse o procurador.

Ele acrescentou que crianças e jovens de 9 a 17 anos assistiram à violência, o que agrava o caso.

O advogado de defesa, Eric Nelson, argumentou que a condenação se deu em meio a um momento polarizado socialmente e que a Justiça não deveria ser contaminada pela opinião pública. "Minha esperança sincera é a de que, quando a poeira baixar, o impacto na comunidade traga um debate de princípios e deixe um efeito positivo em Minneapolis e nos Estados Unidos."

Familiares de Floyd também foram ouvidos. Brandon Williams disse que a morte do tio demonstrou a total falta de consideração pela vida humana. "O repentino assassinato nos traumatizou para sempre. Vocês podem nos ver chorar, mas toda a extensão da nossa dor e do nosso trauma nunca será vista a olho nu."

A mãe de Chauvin, Carolyn Pawlenty, por sua vez, em uma de suas poucas declarações públicas, afirmou que seu filho foi um policial dedicado por 19 anos. "Derek é calmo e altruísta. Sempre colocou os outros à sua frente. O público nunca saberá o homem amável que ele é, mas nossa família sabe."

Era esperado que Chauvin se negasse a falar. Ao ser chamado, o ex-policial disse apenas que gostaria de prestar seus sentimentos à família de Floyd e que esperava que eles encontrassem paz em breve.

Para casos como o do ex-agente, em que o réu não tem antecedentes criminais, a lei estadual recomenda 12 anos e meio de prisão para cada acusação de homicídio e cerca de 4 anos para a de homicídio culposo.

Os promotores estaduais haviam pedido 30 anos de detenção para Chauvin, sob o argumento de que ele "cometeu um assassinato brutal, traumatizou a família da vítima e gerou um choque na consciência da nação". Era esperado, entretanto, que o juiz Peter Cahill, do condado de Hennepin, responsável por determinar a pena, aplicasse sentença maior.

Em maio, o magistrado acatou quatro fatores agravantes apresentados pela Promotoria para justificar o aumento da sentença: 1) Chauvin abusou de uma posição de confiança e autoridade, já que era policial; 2) o ex-oficial tratou Floyd com crueldade particular; 3) crianças estavam presentes no momento da agressão; 4) o crime foi cometido em grupo, com a participação de outros três agentes.

Horas antes de a sentença ser anunciada, o juiz Cahill ainda negou uma moção da defesa para que um novo julgamento fosse marcado. O advogado Eric Nelson, conhecido em Minneapolis por representar policiais acusados de má conduta, argumentava que a Promotoria teria intimidado as testemunhas e que a ampla cobertura da mídia teria prejudicado um julgamento justo do caso de seu cliente.

O magistrado, por sua vez, respondeu que o réu não conseguiu demonstrar que o tribunal abusou ou cometeu erros de modo a privá-lo do seu direito constitucional a um julgamento justo.

A condenação de Chauvin um ano e um mês após a morte de Floyd é uma conquista da onda de protestos antirracistas que tomaram as ruas dos EUA e de outros países e também cria um precedente importante para os americanos, já que o país é conhecido pela impunidade da violência policial.

Mas a medida também é acompanhada por episódios que lembram os desafios a serem enfrentados pelos EUA no combate ao racismo estrutural. Nesta quinta, às vésperas da audiência que determinou a sentença de Chauvin, o nome de um grupo de extrema direita foi pichado em duas estátuas erguidas em homenagem a George Floyd, nos estados de Nova York e de Nova Jersey.

A morte do ex-segurança gerou uma onda de protestos que se espalhou por dezenas de cidades dos EUA e outras partes do mundo. Floyd foi lembrado em atos na África, na Ásia, na Europa e também no Brasil. O caso virou um símbolo do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam).

Os três outros ex-oficiais acusados de cumplicidade no homicídio de Floyd devem ser julgados em 2022.

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