A variante que era conhecida como indiana, e agora é denominada como variante delta da Sars-CoV-2, consegue escapar da ação de anticorpos que o organismo produz após infecção ou após a aplicação de vacinas contra a Covid-19 . O vírus também é capaz de driblar alguns anticorpos monoclonais, proteínas feitas em laboratório para combater o invasor.
O estudo, publicado nesta quinta-feira (8) na revista científica Nature, mostra que uma maior vigilância é necessária para conter a mutação, recentemente detectada na cidade de São Paulo.
A delta foi registrada pela primeira vez na Índia e é apontada como a principal responsável pelo surto de Covid-19 que abalou o país asiático no início deste ano, com recordes de casos e mortes. Dados do Reino Unido e dos Estados Unidos mostram que ela já é a principal fonte de novas infecções nos países.
Os cientistas isolaram o vírus a partir de uma amostra de secreção nasal de um paciente infectado pela delta e o replicaram em laboratório. Depois, passaram a fazer tentativas de neutralizar esse vírus usando os anticorpos monoclonais ou o soro de 103 pessoas que tiveram a doença. Os pesquisadores também testaram o soro de 59 pessoas que receberam as vacinas da Pfizer/BioNTech ou da AstraZeneca/Oxford.
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No experimento, o soro convalescente (dos curados) foi cerca de quatro vezes menos potente contra a variante delta do que contra a alfa (primeiramente registrada no Reino Unido). "A variante delta demonstrou uma resistência maior à neutralização dos anticorpos de pessoas que tiveram a doença e não se vacinaram, especialmente após um ano da infecção", escrevem os autores.
Já, os anticorpos de pessoas vacinadas com apenas uma dose das vacinas da Pfizer/BioNTech ou da AstraZeneca/Oxford também foram pouco eficientes contra a variante indiana. Após a segunda dose, a resposta imunológica se fortaleceu, mas a mutação se mostrou mais resistente a essa reação do que outras variantes, como a alfa e a beta (registrada pela primeira vez na África do Sul).
Ambas as vacinas demonstraram taxas de eficácia estimadas maiores do que 60% contra a variante após a vacinação completa, mostrando que os imunizantes ainda são a melhor forma de prevenção e combate à pandemia.
Um estudo divulgado pela Janssen, cuja vacina contra Covid é aplicada em apenas uma dose, mostrou que o imunizante mantém a eficácia contra a delta. Os dados estão disponíveis no formato pré-print (ainda sem revisão por outros cientistas).
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